Em encontro mantido nesta terça-feira (03) com o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Anderson Correia, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, apontou a necessidade de manutenção dos recursos destinados ao financiamento de bolsas e pediu que o órgão privilegie as universidades que têm uma agenda mais agregadora para a sociedade. Correia esteve na Unicamp como parte de uma série de visitas programadas a dez grandes universidades brasileiras.
Knobel citou, como exemplo, o fato de a Unicamp estar alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) das Organizações das Nações Unidas (ONU). “Queremos dar um passo a mais, implementando várias ações e promovendo a interdisciplinaridade e iniciativas de excelência, mas tudo isso demanda investimento” pontuou o reitor, que recebeu o presidente da Capes durante visita à Unicamp. A coordenadora geral da Unicamp, Teresa Atvars, que também participou do encontro, observou que a Unicamp já sofreu cortes no passado e ressaltou a qualidade dos cursos oferecidos pela universidade.
Durante a reunião, o presidente da Capes confirmou que o órgão deverá bloquear, a partir desta terça-feira, (4), 70% das bolsas de mestrado e doutorado dos programas de pós-graduação que obtiveram nota 3, nas duas últimas avaliações periódicas realizadas em 2013 e em 2017. A medida foi divulgada quando houve a retenção de bolsas consideradas ociosas, mas sua implementação ainda não havia sido anunciada.
Segundo a pró-reitora de Pós-Graduação, Nancy Lopes Garcia, a Capes informou que também irá recolher 70% das bolsas dos programas que caíram do conceito 4 para 3 na última avaliação e, somente nesse caso, a Unicamp tem um programa de pós-graduação. A retenção deve ocorrer à medida em que as bolsas ficarem vagas. A pró-reitora participou de uma reunião com os dirigentes da Capes antes da visita de cortesia ao Gabinete do Reitor. O presidente Anderson Correia veio acompanhado da diretora do Programas e Bolsas no País, Zena Martins, e pelo assessor especial Dárson De La Torre.
No segundo semestre, conforme informou Correia, a Capes deverá dar continuidade às medidas de contingenciamento, congelando trinta por cento das bolsas dos programas nota 4 nas duas últimas avaliações. Esta regra deverá impactar sete programas de pós-graduação da Unicamp. “Nós faremos discussões entre os programas para saber o que pode ser feito, se há alguma possibilidade de fusão”, observou a pró-reitora.
No encontro desta terça-feira (03), Correia elogiou a Unicamp. Disse que a universidade é um laboratório de inovação para os programas de pós-graduação brasileiros. “A Unicamp é um modelo em função de vários indicadores. Primeiro é a universidade com maior número de patentes no Brasil, primeira da América Latina no ranking Times Higher Education. Tem o maior número de publicações por docentes no país e a maior proporção de alunos de pós-graduação em relação à graduação para uma grande universidade”, salientou.
Correia também destacou que a maioria dos cursos da Unicamp tem as melhores notas da Capes e que a universidade cresceu de forma equilibrada, mantendo suas relações com a indústria. “Proporcionalmente, é a universidade que menos teve cortes porque apresenta todos os indicadores de qualidade e esses bloqueios que a Capes tem feito sempre miraram a baixa qualidade”, falou.
Ex-aluno da Unicamp e ex-reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Correia disse que quer manter um diálogo permanente com as universidades de excelência. “Nossa ideia é que os recursos sejam alocados prioritariamente para os programas que têm excelência, para quem tem feito a ‘lição de casa’. A Unicamp é um exemplo. Também priorizamos as regiões do país que precisam de apoio maior da Capes como, por exemplo, a região da Amazônia e alguns programas em início na região nordeste”.