Enpeg discute retirada da geografia do currículo obrigatório do ensino médio

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Evento realizado pela primeira vez na Unicamp tem mais de 700 participantes
Evento realizado pela primeira vez na Unicamp tem mais de 700 participantes

A Unicamp está sediando o 14º Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia (Enpeg), sob o tema “Políticas, linguagens e trajetórias”, de 29 de junho a 4 de julho. O evento reúne mais de 700 pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação da área de ensino de geografia no Brasil, bem como professores da educação básica que pesquisam e trabalham diretamente em temáticas relacionadas à educação em geografia – eles vêm de todos os estados do país, sem exceção. O evento, que acontece pela primeira vez na Universidade, é organizado pelo Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia (Apegeo), do Instituto de Geociências.

Rafael Straforini, docente do IG e coordenador geral do Enpeg, afirma que um encontro desta dimensão ganha especial relevância diante da retirada da disciplina de geografia como componente curricular obrigatório no chamado novo ensino médio. “Estamos muito preocupados com a política educacional do momento e o evento serve como espaço de reflexão e de posicionamento político. A geografia não ensina apenas a localização das coisas, é também uma forma de cognição: as tecnologias que temos hoje e a forma como o capital circula pelo mundo demandam um raciocínio especial, sobre a espacialidade como uma dimensão extremamente importante das relações sociais, econômicas e políticas.”

Segundo Straforini, o impacto vai para muito além da geografia, pois foi retirado um conjunto de disciplinas igualmente importantes na formação dos estudantes de ensino médio. “É um projeto macro, com experiências que já vêm acontecendo em muitos países e que não são unânimes. Hoje, na Europa, por exemplo, a perspectiva da formação por grandes áreas, como das ciências humanas, já vem sofrendo contestações por seu impacto na formação das gerações atuais. Estamos recebendo tardiamente um movimento que começou vinte anos atrás e sem trazer a crítica que está se fazendo após todos esses anos de experiência.”

A primeira mesa: “Trajetórias do ensino de geografia no Brasil”
A primeira mesa: “Trajetórias do ensino de geografia no Brasil”

Os inscritos no 14º Enpeg participaram de trabalhos de campo no sábado e de oficinas e minicursos no domingo, quando aconteceu também a solenidade de abertura do evento. Foram programadas quatro mesas-redondas, a primeira realizada na manhã desta segunda-feira, sobre “Trajetórias do ensino de geografia no Brasil”, sob a coordenação da professora Helena Copetti Callai (Unijui) e tendo como convidados Antonio Carlos Castrogiovanni (UFRGS), Antonio Carlos Pineiro (UFPB), Lana de Souza Cavalcanti (UFG) e Sonia Maria Vanzella Castellar (USP). 

“Múltiplas linguagens na produção do saber geográfico” é a mesa de terça-feira; “Políticas educacionais e curriculares e os desafios do ensino de geografia”, na quarta; e “Por uma educação geográfica porvir”, na quinta-feira. A programação traz ainda grupos de trabalho com apresentações orais de pesquisas acadêmicas e práticas educativas, fóruns livres, exposição, lançamento de livro e a exibição de 485 trabalhos aprovados após parecer de uma comissão científica.

O Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia surgiu no final da década de 1980, com a docente emérita Lívia de Oliveira, da Unesp de Rio Claro, que é a primeira pesquisadora na área de ensino de geografia no país. A cada ano o evento ocorre em uma universidade, sendo que a última edição foi na UFMG, em Belo Horizonte, em 2017.

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Rafael Straforini, docente do IG e coordenador geral do 14º Enpeg

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