Correio Popular | Opinião
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é uma das joias brasileiras. Relativamente jovem para os padrões internacionais, tem pouco mais de 50 anos de história — foi fundada nos anos 60. É uma das mais notáveis e importantes instituições do País nas áreas de graduação e pós-graduação, atrai milhares de estudantes ao seu vestibular anualmente, ostenta bons índices de avaliação, variando critérios e indicadores, a depender do ranking, tem extraordinária importância social e comunitária e presta atendimento de excelência em área vital, a saúde. Coleciona ainda conquistas, descobertas e marcas alcançadas década a década, além de digna lista de parceiros públicos e privados que reforça a sua interação com a sociedade, criando sinergia importante na busca de soluções inovadoras, para aproveitamento em larga escala. É o caso, por exemplo, de convênio com a Petrobras, que tem sido valorizado ao longo das últimas gestões da universidade, parceria que visa colaborar com o aperfeiçoamento do processo de produção de petróleo. Os exemplos são vastos. Este Correio, em sua coluna Há 50 Anos, acaba de lembrar do feito do físico César Lattes e de sua equipe, com pesquisas sobre raios cósmicos nos Andes. Lattes que, depois, viria a ajudar a criar o Instituto de Física da Unicamp. No início dos anos 70, um grupo de pesquisadores da Unicamp se envolveu em projeto para desenvolver o primeiro computador brasileiro, iniciativa que rendeu até um Prêmio Esso ao Correio. A Unicamp é a representante da América Latina mais bem colocada em ranking que mede o número de patentes em universidades fundadas após a Segunda Guerra Mundial. Para ficar apenas nestas lembranças.
Essa contextualização se faz necessária em razão de uma descabida e injusta interpretação do papel de uma universidade pública, em especial a Unicamp. A ela, genericamente, é imputada a chancela esquerdista, um selo que tem dominado o debate de parte da opinião pública, em detrimento de uma visão mais ampla do conjunto de valores e virtudes da instituição. É inegável que há representantes (muitos) da comunidade interna que militam em partidos e colegiados. É igualmente evidente que há problemas de gestão acumulados ao longo de décadas, que resultaram no estrangulamento orçamentário por conta do peso desproporcional da folha de pagamentos. Essas questões, porém, não podem diminuir as suas qualidades, a sua produção científica, o seu legado de conhecimento para gerações de profissionais e seu elo inquebrantável com Campinas.
Artigo publicado no jornal Correio Popular na edição de 07/07/2019