O sociólogo Francisco de Oliveira, considerado um dos decanos da intelectualidade brasileira de esquerda, morreu nesta quarta-feira, 10, em São Paulo, aos 85 anos, de causa não divulgada. Chico de Oliveira, como ficou conhecido, foi um dos fundadores do PT e atuava na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), onde era professor desde 1988, no Departamento de Sociologia. Formado em ciências sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1956, com doutorado em sociologia pela Universidade de São Paulo, o sociólogo recebeu em 2004 o prêmio Jabuti com a obra Crítica à Razão Dualista – O Ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo.
Nascido no Recife em 7 de novembro de 1933, Chico de Oliveira trabalhou ao lado de Celso Furtado na Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) nos anos anteriores ao golpe de 1964.Preso uma primeira vez, ao ser solto, fugiu do país. Retornou em 1969 para atuar no Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) com Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni. Peça importante na oposição ao regime militar, foi novamente preso e torturado em 1974. Nos anos 80 engajou-se na luta pela redemocratização e na criação do PT. Um dos maiores críticos dos governos de FHC nos 90, rompeu também com o PT após a eleição de Lula em 2002.
O Cebrap, instituto que foi presidido por Oliveira entre 1993 e 1995, emitiu nota oficial lamentando a notícia da morte do sociólogo. “Autor de textos clássicos das ciências sociais brasileiras como Crítica à Razão Dualista, Chico de Oliveira foi o intelectual rigoroso e sofisticado que participou de pesquisas que moldaram o debate brasileiro e que formaram gerações de novos pesquisadores”, diz a nota.
Veja abaixo entrevistas concedidas por Chico de Oliveira ao Jornal da Unicamp:
Francisco de Oliveira vincula reforma a interesses do mercado (versão PDF)
Sociólogos mapeiam as utopias possíveis (versão PDF)
A liberdade de expressão está em risco?
Chico de Oliveira e o ovo do ornitorrinco