Uma pesquisa inédita sobre a formação da cartilagem (condrogenese), a partir de células-tronco extraídas de líquido amniótico humano, forneceu resultados promissores para a produção futura de um biocurativo em gel para lesões articulares. O estudo começou há seis anos e garantiu o primeiro lugar entre as pesquisas básicas apresentadas durante o Encontro de Reumatologia Avançada - ERA, ocorrido mês passado em São Paulo.
A responsável pela pesquisa é a bióloga Carolina Coli Zuliani do Laboratório de Biologia Molecular de Cartilagem da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. O estudo denominado “Comparação da eficiência da condrogênese de células-tronco do líquido amniótico humano em micromass e em cultura celular magnética em 3D” integra o doutorado da bióloga e tem a orientação do professor Ibsen Bellini Coimbra, da disciplina de reumatologia.
De acordo com a pesquisadora, o estudo tem como objetivo avaliar a formação de condrócitos em duas técnicas de cultura de tecidos: a micromass e a magnética em 3D. Os estudos comprovaram que a técnica micromass é a melhor opção para diferenciação das células-tronco do líquido amniótico em condrócitos para produção de colágeno.
A técnica de micromass vem sendo usada no laboratório desde 2010 promovendo a diferenciação de células-tronco em condrócitos por meio de um cultivo em alta densidade por sedimentação. Paralelamente à esta técnica, testou-se uma nova metodologia com partidas magnéticas formando estruturas em 3D.
21 dias depois a pesquisadora avaliou histologicamente os tecidos formados em ambas as metodologias, e a técnica de micromass revelou-se a mais eficiente com maior formação de matriz extracelular.
“Essa foi a primeira parte da minha tese de doutorado e agora pretendemos incorporar o material à um hidrogel em busca da regeneração dos tecidos com lesões de cartilagem em animais e futuramente em pacientes da ortopedia do Hospital de Clínicas da Unicamp”, explica Zuliani.
A cartilagem é um tecido constituído por células denominadas condrócitos e uma matriz extracelular, formada principalmente por colágeno e proteoglicanos produzida pelas próprias células.
No entanto, explica, a cartilagem por ser um tecido com baixo metabolismo, não possuir vasos sanguíneos ou linfáticos, nem inervação apresenta baixa capacidade de regeneração natural o que dificulta o tratamento de lesões na cartilagem decorrentes de traumas ou doenças como a osteoartrite. “Pesquisas como esta que buscam o desenvolvimento de técnicas para a regeneração da cartilagem lesionada são fundamentais”.