Foram inauguradas, nessa terça-feira (6), duas novas exposições na Galeria do Instituto de Arte (GAIA), que fica no térreo do prédio da Biblioteca Central Cesar Lates. De um lado, a experiente artista, Iza Figueiredo sugere questões sobre território, relevos e limites, com Criar o inexistente. Do outro, o Coletivo Centella, composto por artistas recém-formados e em formação na Unicamp, trouxeram provocações sobre a ressignificação da memória do corpo. Entre aquarelas, fotografias e instalações, as duas gerações encontraram muito em comum nos seus caminhos, ao refletirem sobre sua arte em conversa com o público, durante a abertura da mostra.
“O artista não pode ser bobo”, afirmou Iza Figueiredo. “Tem que ser uma pessoa esperta, ligada no seu tempo, no seu mundo, na sua geografia, na sua política. Tem que ver o que os outros estão fazendo e, também, ver o que já fizeram”. Iza Figueiredo chamou atenção para importância da “família artística” de cada um, no processo de construção da obra e do artista. “O artista é o ser mais plantado que tem. Tem que estudar, tem que ler, tem que saber. É bem concreto ser atista”, ressaltou.
A concretude encontrada pelos jovens artistas para sua investigação foi o tema da memória. A partir de variados suportes e em diferentes estágios de formação, Vera Satanara, Victor Santos, Ligia Zeid, Felipe Castro e Gaby Ciurcio se conheceram em 2014 e expõe juntos desde 2017. “Cada um tem um trabalho completamente diferente, mas percebemos que o tema da memória estava presente no trabalho dos cinco artistas. Nos juntamos para pesquisar e aprofundar nesse tema”, contou Gaby Ciurcio. Para desenvolvimento de sua pesquisa, o Coletivo Centella contou com a bolsa Aluno-Artista, do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), em 2018.
No trabalho exposto na GAIA, Gaby Ciurcio convida à reflexão sobre intervenção militar. Entre reproduções de postagens de redes sociais, a artista situou sua memória pessoal. O delicado depoimento em áudio e o aconchego da manta de crochê contrastam com a violência do tema. “Nessa exposição, em especial, sinto que todos os trabalhos trazem temas fortes. Não queremos falar isso é certo e isso é errado, mas temos que deixar claro alguma coisa ali”, explicou. Dentre as outras temáticas abordadas estão a da mulher transexual, por Vera Satanara; a das memórias de família, por Victor Santos; a do corpo da mulher, por Ligia Zeid; e da intimidade do corpo, por Felipe Castro.
A exposição pode ser visitada até dia 3 de setembro, de segunda à sexta-feira, das 9 horas às 17 horas, na Galeria do Instituto de Artes, térreo do prédio da Biblioteca Central Cesar Lates. Nos horários de almoço haverá a artista Ligia Zeid estará junto a sua obra em processo. No encerramento da exposição, haverá o lançamento do catálogo do Coletivo e finalização da performance de Ligia Zeid.