A Fapesp e a Fundação Roberto Marinho/Futura produziram em parceria a série Ciência para Todos, que estreia em 19 de agosto, às 20h30, no Canal Futura. São, ao todo, 52 episódios, cada um deles com 13 minutos, mostrando os impactos sociais e econômicos de pesquisas científicas e tecnológicas financiadas pela Fapesp. Protagonizados por pesquisadores, os episódios da série também ficarão disponíveis.
O Ciência para Todos inspirou a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo a lançar, junto com a Fapesp e a Fundação Roberto Marinho/Futura, um concurso cultural para estudantes de ensino médio da rede pública estadual. O lançamento da série e do concurso ocorreu no dia 14 de agosto, na quadra de esportes do Colégio Culto à Ciência, em Campinas, lotada com mais de 500 alunos de escolas públicas, professores, diretores regionais de ensino e dirigentes das instituições parceiras no projeto.
Os cerca de 1,3 milhão de estudantes da rede pública estadual – individualmente ou em grupo de até cinco pessoas – estão, a partir de agora, desafiados a documentar, em vídeos de até 7 minutos, uma proposta de solução para um problema da sua comunidade ou região, usando métodos e processos que caracterizam a produção de conhecimento científico, com a tutoria de um professor.
As inscrições vão até o dia 20 de setembro e os vídeos, que podem ser gravados com celular, devem ser enviados até o dia 31 de outubro de 2019. O regulamento já está disponível.
Os cinco melhores vídeos serão exibidos no Canal Futura, em uma edição especial do programa Conexão, e os seus autores visitarão e apresentarão seus trabalhos a pesquisadores de centros de pesquisas indicados pela Fapesp. Os responsáveis pelo melhor vídeo receberão, cada um deles, também um tablet.
“Com essa série, pretendemos aproximá-los do conhecimento que já existe, mas, principalmente, queremos que vocês se interessem pelo desafio de produzir ciência e contribuir para o progresso do conhecimento”, disse Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, à plateia de estudantes.
“Lançar a série e o concurso nesse espaço concretiza o que queríamos”, afirmou João Alegria, gerente-geral do Canal Futura. O evento de lançamento contou com um talk show com a participação do youtuber Iberê Thenório, apresentador do canal Manual do Mundo (que conta com mais de 12 milhões de assinantes), da estudante gaúcha Juliana Stradioto, vencedora do Prêmio Jovem Cientista na categoria Ensino Médio, entre outros prêmios, e da aluna do Colégio Culto à Ciência Maria Pennachin, que criou um canudo biodegradável e comestível à base de inhame.
Aluna do curso técnico de Administração no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Osório, no Rio Grande do Sul, Stradioto desenvolveu um filme plástico biodegradável a partir da casca de maracujá. Vestindo uma camiseta com a frase “Faça pesquisa como uma garota”, contou que a ideia surgiu quando começou a imaginar um destino para o lixo orgânico gerado na produção da fruta, em trabalho com um grupo de agricultores familiares. “Descobri que a saída estava na pesquisa”, disse.
A principal motivação de Pennachin, inventora do canudo de inhame, foram as imagens dos oceanos infestados de plástico. No processo de criação do biocanudo, ela confessa ter “errado” várias vezes. “O legal é não desistir e sair em busca de respostas.”
Ambas procuram agora patentear os seus inventos. O registro de patente do plástico biodegradável à base de maracujá já está tramitando, por iniciativa do escritório de patentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia gaúcho. O do biocanudo não. “Não consegui registrar a patente por ter apenas 17 anos. Isso não tem lógica”, disse Pennachin.
As jovens também destacaram o papel fundamental dos professores e orientadores no despertar de seu interesse pela ciência e pela pesquisa. “Eles transformaram a vida da gente. Deram-nos confiança e fizeram com que acreditássemos em nosso sonho”, disse Stradioto, que, tendo ganhado o 1º lugar na categoria Ciência dos Materiais na Intel International Science and Engineering Fair (Isef), que premia pré-universitários, nos Estados Unidos, ganhou também o direito de nomear um asteroide com o seu sobrenome.
O secretário executivo da Educação, Haroldo Correa Rocha, justificou a escolha do Colégio Culto à Ciência para sediar o lançamento da série e do concurso Ciência para Todos. “Trata-se de uma das 17 escolas do programa de educação integral com currículo diferenciado, com tempo integral para alunos e professores. Não é por menos que temos uma aluna como a Maria Pennachin aqui”, disse.
Reconhecendo também a importância de aproximar os jovens do ensino médio e superior, ele adiantou que está em andamento um programa que estreitará as relações dos estudantes com o Centro Paula Souza e as universidades de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp).
Marcos Vinicius de Souza, subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento (SDE), afirmou ser “um privilégio” estar num colégio que reconhece a importância da ciência e dos cientistas. Em Israel, os cientistas são considerados heróis e, nos Estados Unidos, são pessoas bem-sucedidas do ponto de vista financeiro. “A ciência muda a vida das pessoas, tem um propósito e, adicionalmente, pode proporcionar retorno financeiro ao pesquisador."
Também participaram do lançamento da série e do concurso Ciência para Todos André von Zuben, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo, representando o prefeito de Campinas, Jonas Donizette; Cármino Antonio de Souza, secretário municipal da Saúde de Campinas e membro do Conselho Superior da Fapesp, e Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da Fapesp.