Aproximar a ciência da sociedade, mostrando os conhecimentos que a Universidade produz. Esse foi o principal objetivo do evento “Ciência na Praça”, que levou na terça, 13, alunos, docentes, funcionários e representantes de entidades sindicais da Unicamp ao Largo do Rosário em Campinas durante manifestação pela defesa da educação nacional e em prol da manutenção da autonomia das universidades públicas. Projetos já em andamento de mestrado, doutorado e de iniciação científica de várias unidades da Unicamp foram expostos e apresentados a quem passava pelo local de modo descontraído e com uma linguagem menos acadêmica.
O docente do Instituto de Geociências Jefferson Picanço e um grupo de alunos promoveram uma mostra das atividades de pesquisa e extensão desenvolvidas na Unidade. "O IG, com sua característica multidisciplinar, trouxe para a população pesquisas de geologia, geografia e de política científica e tecnológica. Vivemos um momento em que a ciência está sob ataque e sob um julgamento muito forte. Estamos aqui para mostrar o que ela é de fato. Se a ciência tem problemas, a melhor saída é a própria ciência", disse o docente.
Uma das pesquisas apresentadas pelos alunos do Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica (IMECC) no “Ciência na Praça” apresentou um experimento sobre rompimento de barragens de rejeitos com o uso de maquetes e usando cálculos matemáticos. Outro experimento mostrava propriedades de alguns minerais, como a magnetita. O experimento lúdico mostra o uso das propriedades magnéticas na separação de minerais. A participação dos alunos de graduação e pós graduação foi ativa. Talita Gantus de Oliveira, aluna de doutorado do IG, que estuda a gestão de riscos em desastres e é orientada por Picanço, considera a participação no evento primordial para a aproximação com a população não acadêmica. “Nossa presença aqui é importante no sentido da população entender a necessidade de apoiar o ensino público de qualidade. Se não mostramos o que fazemos, não vamos conseguir angariar todo o apoio que precisamos para a manutenção do ensino”, disse.
Wagner Romão, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), falou sobre o atual momento da educação superior e sobre a autonomia das universidades paulistas. "Temos vivido um regime de cortes muito contundente que tem colocado em risco a permanência dos trabalhos das universidades. O momento de restrição das estaduais paulistas tem impactado nos salários e nas aposentadorias, impossibilitando contratação para repor o quadro", disse. Segundo o docente, a autonomia das universidades paulistas que comemora 30 anos nessa quinta, 15, foi uma conquista de docentes, funcionários e alunos daquela época. "É sempre importante lembrar. Temos que nos precaver para a manutenção da autonomia universitária", concluiu.