O escritor paulistano Reinaldo Moraes participou nesta terça-feira (20) da primeira atividade como convidado do Programa “Hilda Hilst” do Artista Residente do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp. Ele proferiu a aula de abertura do curso livre “Encontros com Reinaldo Moraes: a obra e o ofício do escritor”, aberto à comunidade da Unicamp e ao público externo, no Anfiteatro do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL).
Com cerca de cem alunos inscritos, o curso vai abordar as diversas áreas de produção em que Moraes atuou em 40 anos de carreira. Além de romances de sucesso – como “Tanto Faz” (1981, Brasiliense) e “Pornopopeia” (2009, Objetiva) –, o autor escreveu contos, novelas infantis, roteiros cinematográficos, traduções literárias, crônicas, artigos e telenovelas, entre outros gêneros.
Simultaneamente ao curso livre, Moraes estará na Unicamp para ministrar oficinas voltadas aos alunos do IEL, às quartas-feiras, com foco em seu mais recente livro, “Maior que o Mundo” (2018, Alfaguara), cuja produção será detalhada. Narrando a história de um escritor que sofre um bloqueio criativo depois de um sucesso editorial, ele é o primeiro volume de uma trilogia.
A obra da Alfaguara, selo da Companhia das Letras, surgiu de uma ideia de roteiro de cinema encomendado pelo diretor Roberto Marquez. A cada semana, Moraes discutirá trechos do livro e aspectos gerais de seu estilo literário, envolvendo os alunos no processo de escrita do segundo tomo.
A abertura do curso foi feita pelo poeta e linguista Carlos Vogt, presidente do Conselho Científico e Cultural do IdEA, e pelo crítico literário Alcir Pécora, coordenador do IdEA, que apresentaram ao público as principais atividades do Instituto e o Programa “Hilda Hilst” do Artista Residente, que começou em 2018 com o cineasta Ugo Giorgetti. O diretor, roteirista e produtor paulistano estará de volta à Unicamp no próximo dia 29 para um novo ciclo de três meses em que dissecará a finalização de seu novo filme, “Dora e Gabriel”.
O escritor e a escrita
Retornando de uma viagem de dez dias a Moçambique, onde fez entrevistas para um novo projeto de audiovisual com escritores de países lusófonos, como Mia Couto e Ungulani Ba Ka Khosa, Moraes iniciou o curso mostrando como surgiu na adolescência seu envolvimento com a literatura e com a produção literária, escrevendo cartas para namoradas, primas e amigos.
Segundo ele, esse exercício epistolar foi a primeira manifestação de uma intenção explícita de agradar o leitor com seus textos. Ao proporcionar uma interlocução e práticas com docentes e alunos da Unicamp, ele se propôs a mostrar em princípio “o escritor antes da escrita” e como sua vivência resultou em uma carreira de sucesso, apesar de diversos percalços.
“Ao receber o convite, fiz algo que nunca tinha feito, uma espécie de retrospectiva da minha vida. Conversando com o professor Alcir Pécora, pensei que seria interessante abordar a escrita antes do escritor, todo o contato com essa atividade bastante antiga na humanidade, que é a escrita, e que precede o primeiro livro. Mas ele me sugeriu outra abordagem, que era a do escritor antes da escrita, quer dizer, de que maneira havia ali um escritor em formação”, afirmou Moraes, que recordou também como foi escrever sua obra de estreia, “Tanto Faz”.
Romancista, roteirista, tradutor e cronista, Moraes conquistou leitores com linguagem coloquial e humor ao criar histórias recheadas de sexo e drogas em que se distingue pelo talento narrativo. A programação de Reinaldo Moraes na Unicamp seguirá até novembro. Mais informações no site do IdEA.
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