Victor Menezes, mestre em História Cultural pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e doutorando em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, esteve no último dia 1º na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro para o lançamento de “Inquebrável”. Organizada pelo autor carioca Michel Uchiha e publicado pela Editora Sinna, o livro constitui uma antologia composta por 34 contos que versam sobre distintos tipos de preconceitos como LGBTfobia, machismo, racismo, xenofobia, gordofobia, entre outros.
Victor Menezes é autor do conto "Somos Muitos", que tem como personagem principal um homem gay de 72 anos que, no início da história, retorna para sua cidade natal de onde fora obrigado a se mudar, quando adolescente, devido a sua sexualidade. Ao longo do conto, é apresentada a história de vida do personagem e discutido alguns dos preconceitos que homossexuais da terceira idade sofrem em seu cotidiano.
Menezes, que atua como instrutor da oficina “Harry Potter e História” no Programa UniversIDADE – projeto de extensão da Reitoria da Unicamp que atende alunos da meia e terceira idade – transportou para o conto algumas das experiências de vida que já ouviu de seus alunos e alunas.
“Mais de uma vez, alunos do UniversIDADE comentaram comigo o quanto detestam que alguém lhes diga que fazem parte da ‘melhor idade’ ou que lhes tratem como pessoas frágeis e inocentes. Em certo momento do conto, coloco esta mesma afirmação na boca de meu protagonista”, salienta o doutorando. “O envelhecimento é um processo natural do ser humano que ainda é visto de forma muito preconceituosa por grande parte da sociedade. Como Samantha Flores, ativista transexual mexicana, comentou recentemente, muitos heterossexuais da terceira idade ainda são esquecidos ou postos de lados; mas, quando tratamos de idosos LGBTs, muitos são completamente invisíveis. É devido a essa realidade que escolhi trazer para ‘Inquebrável’ a história de um idoso LGBT”.
O que Victor Menezes e os demais autores não esperavam é que o livro, seis dias após seu lançamento, estaria ligado a polêmica que abalou o campo literário brasileiro no último final de semana: a censura, por parte da prefeitura do Rio de Janeiro, de obras com temas LGBTs que estavam sendo vendidas na Bienal. Sob a liderança de Michel Uchiha, organizador da antologia, e Marcela Passos, autora do conto sobre gordofobia, “Acima do Céu”, também publicado em “Inquebrável”, autores nacionais e visitantes da Bienal protestaram contra a censura na noite do dia 7 de setembro. Uchila liderou o coro de “não vai ter censura!” e a leitura do artigo 5º da Constituição Federal.
Com a ação do youtuber Felipe Neto, que comprou e distribuiu gratuitamente 14 mil livros com temática LGBTs que estavam à venda na Bienal, e a aparição de “Inquebrável” nas mãos de Pedro Otávio, de 8 anos, em fotografia divulgada em matéria do Portal UOL – compartilhada nas redes sociais por lideranças políticas como Manuela d'Ávila e David Miranda –, a antologia ganhou os holofotes.
No domingo à noite, último dia da feira, os exemplares impressos esgotaram. Devido a grande procura pelo livro, a Editora Sinna fará uma segunda tiragem que poderá ser adquirida nas próximas semanas por meio de seu site (https://www.editorasinna.com.br/).