Ex-reitores e professores eméritos apoiam Unicamp na resistência a ataques

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Ex-reitores e professores eméritos da Unicamp foram convidados pelo reitor Marcelo Knobel para uma reunião de aconselhamento sobre a situação das universidades públicas paulistas, que vêm sendo alvo de pesados ataques e de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) que colocam em risco a sua autonomia, fundamental para a manutenção das atividades de ensino, pesquisa e extensão de qualidade nestas instituições. Eles aderiram ao movimento de resistência, adotando como principal estratégia conquistar o apoio da população, por meio da mídia e de setores formadores de opinião, veiculando artigos e transmitindo informações que mostrem a real dimensão e importância de USP, Unicamp e Unesp para o desenvolvimento social, econômico e o futuro do país.

Uma das decisões é a de fazer circular nas esferas de governo e da sociedade um manifesto conjunto, que deve contar com o endosso de outros membros ilustres da Unicamp, além dos participantes da reunião da tarde de quarta-feira: os ex-reitores José Martins Filho, Hermano de Medeiros Ferreira Tavares, Carlos Henrique de Brito Cruz, José Tadeu Jorge e Fernando Ferreira Costa; e os professores eméritos Anibal Eusébio Faúndes Latham, Delia Rodriguez Amaya, Valdemiro Sgarbieri, Yaro Burian Junior, Rodolfo Ilari e Roy Edward Bruns.

Marcelo Knobel, que conduziu o encontro juntamente com o chefe de Gabinete José Antonio Rocha Gontijo, colocou os convidados a par do contexto extremamente delicado que envolve as três instituições paulistas: a inquisição pela CPI, a limitação dos salários ao teto do governador, os cortes em nível federal que podem resultar na suspensão de 2.500 bolsas do CNPq e de igual número da Capes, além da ameaça embutida na iminente reforma tributária, na qual se preconiza o fim do ICMS, fonte orçamentária das universidades paulistas. “Estamos tentando várias formas de mudar essa situação dramática e quisemos ouvir também os ex-reitores e professores eméritos, que talvez possam escrever artigos em prol da Universidade.”

O professor José Martins Filho, reitor no período 1994-1998, disse que vem produzindo uma série de vídeos sobre ciência e que em um deles, sobre autonomia universitária, o retorno do público foi muito negativo, demonstrando que a sociedade não tem ideia do que a Unicamp significa em termos de avanço e contribuição social. “Cada instituto e faculdade tem realizações importantes a serem divulgadas e várias ações nacionais como de luta contra o câncer de cólon e de mama e de aleitamento materno. E enviar o material também para a mídia, mostrando o nosso trabalho, independente de política, administração e recursos.”

Reitor de 2002 a 2005, Carlos Henrique de Brito Cruz vê uma situação que considera paradoxal, havendo de um lado o ataque às universidades públicas do país e, de outro, muitas reportagens a favor da ciência e da pesquisa nas últimas semanas, principalmente na Rede Globo, que tem sede no Rio de Janeiro. “É um descompasso, que inclui o fato de que, aparentemente, a comunidade científica do Rio está conseguindo mobilizar melhor a mídia do que a comunidade de São Paulo. Tenho visto pouca ação da Unicamp, não das lideranças, mas dos pesquisadores jovens, que têm habilidade em dialogar nesse campo. Como interessar jovens professores em defender a Universidade?”.

José Tadeu Jorge soma duas gestões (2005-2009 e 2013-2017) e também foi convocado a depor na CPI da Alesp, quando teve a impressão de que os nove deputados da comissão desconhecem o que seja uma universidade e nem têm claro o que pretendem com a investigação. “Não vejo outra saída a não ser a articulação política [junto aos demais deputados]”, opinou. É a mesma opinião de Fernando Ferreira Costa (2009-2013), para quem os deputados mostram-se muito confusos sobre o papel das universidades públicas: “É preciso ser pragmático, explicar aos deputados, convidando-os a vir aqui ou indo à Assembleia”.

Já Hermano Tavares, reitor de 1998 a 2002, considera que o fundamental é não sofrer uma derrota na Alesp (o relatório da CPI vai a votação em novembro) e, também, que as universidades públicas paulistas devem se preocupar divulgar o que produz à população: “Já vi propagandas muito bonitas das ‘filhas da Unicamp’ [empresas criadas por ex-alunos e professores] e li sobre um remédio desenvolvido na USP que está rendendo milhões. Precisamos mostrar que o futuro está sendo construído hoje.”

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O Reitor Marcelo Knobel, ex-reitores e professores eméritos da Unicamp em reunião de aconselhamento sobre a situação das universidades públicas paulistas.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004