A Galeria do Espaço Cultural Casa do Lago sedia a exposição “Lugar algum, lugar nenhum". São 48 pranchas pertencentes ao álbum Cartografia Anímica, conjunto realizado na década de 80 pelo artista Wesley Duke Lee (1931-2010), fazendo um diálogo com a obra/instalação Esquizofonia - Hino das Nações Desunidas (2018) de Kauê Garcia, aluno do Curso de Mestrado em Poéticas Visuais e Processos de Criação em Artes Visuais pelo Instituto de Artes (IA).
A mostra apresenta temas atuais sobre identidades nacionais, formas de colonialismo, de diáspora e questões presentes nas divisões territoriais, como disputas, conflitos e outras derivações da artificialidade do desenho das fronteiras. A experiência proposta ao observador põe em diálogo som e imagem com o objetivo de gerar reflexões.
A curadoria é de Sergio Niculitcheff, professor efetivo das disciplinas de Pintura no IA e coordenador do Gabinete de Estampas do Departamento de Desenhos e Gravuras da Unicamp, e de Érica Burini, também do Departamento de Estampas.
O Portal Unicamp conversou com o artista Kauê Garcia, autor de Esquizofonia.
Portal Unicamp - Em que momento Esquizofonia dialoga com as pranchas de Cartografia Anímica?
Kauê Garcia - As obras mantêm diálogo contínuo na exposição. Seja pelo modo como chegam ao aparato sensorial do espectador simultaneamente (por atingirem sentidos distintos) como a audição e a visão; seja por tratarem dos mesmos assuntos: as divisões territoriais do mundo, fluxos e transferências culturais, e o sentimento de nacionalidade, patriotismo, identidade nacional, que são confusos em um mundo interconectado.
PU - Qual o papel das caixas de som? O que elas representam?
Garcia - As cinco caixas de som representam os cinco continentes: África, América, Ásia, Europa e Oceania. Na exposição elas tocam continuamente todos os hinos de cada um desses continentes. Criei a obra em 2017, ocasião em que as questões de patriotismo e nacionalismo no Brasil, e questões territoriais de cidadania e nacionalidade no mundo, com refugiados, etc, começaram a se acirrar.
PU - O que se pretende com a mostra?
Garcia - A mostra tem como principais objetivos a dinamização do acervo do Gabinete de Estampas - Departamento de Gravuras e Desenhos da Unicamp, através da divulgação e reforço de um importante pilar da Universidade, que é a extensão à comunidade em geral, não apenas acadêmica; e o estabelecimento de relações deste acervo com a arte contemporânea, que está sendo produzida atualmente. A exposição visa mostrar que um mesmo assunto pode ser tratado através de trabalhos artísticos muito distintos apelando, até mesmo para sentidos humanos diferentes como a audição e a visão.
Assista aos vídeos com Sergio Niculitcheff e Érica Burini, curadores da Mostra
Ana Paula de Andrade é técnica em Museologia no Instituto de Artes (IA). Atualmente desenvolve trabalhos no Gabinete de Estampas e também no Museu de Artes Visuais (MAV). A servidora também apresentou detalhes sobre a exposição
"Lugar algum, lugar nenhum" fica disponível ao público, até 24 de setembro. Visitas podem ser feitas das 9 às 18h, na Av Érico Veríssimo 1011, no Campus da Unicamp.