As pessoas idosas formam expressiva parcela da sociedade brasileira, representando 13,5% do total da população. Os problemas enfrentados por elas, entretanto, são numerosos, passando pela invisibilização, a discriminação geracional e as dificuldades no acesso a direitos. A preocupação com qualidade de vida dos idosos ganha especial atenção em outubro, já que no primeiro dia do mês celebra-se o Dia Internacional e Nacional do Idoso. Na Unicamp, o Programa UniversIDADE desenvolverá atividades com essa temática entre 29 de setembro e 4 de outubro.
No próximo domingo (29), a programação inicia com uma caminhada às 8h30, na Praça da Paz, atividade que até o momento já possui mais de 400 inscritos. Na segunda-feira (30), acontece uma vivência no espaço Cyborg Makerspace. O objetivo é proporcionar conhecimentos em tecnologia, com demonstração de equipamentos como a impressora 3D e cortadora laser, finalizando com aula prática.
No dia 1º de outubro, durante todo o dia, ocorre o Fórum de Longevidade e Qualidade de vida, com o tema "O Idoso como agente transformador", no auditório V da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). O Fórum terá abertura do coral SAMUCA e contará com palestras do professor Leando Karnal (IFCH), do médico Diego Lima Ribeiro (HC Unicamp) e do empresário Geraldo Rufino.
No dia 2, tem início a feira de artesanato, com presença do reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, às 10h, na Praça das Bandeiras. Às 10h15, ocorre apresentação da Fanfarra Rítmica Infantil. A feira também contará com barracas com artigos produzidos pelos alunos do Programa UniversIDADE e com varal de ideias relativas ao Dia do Idoso, e segue até o dia 3, com apresentação da artista Gê Arantes, às 10h, e dos alunos-artistas do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, ao meio-dia. No dia 4 de outubro, encerrando as atividades, acontece o V Sarau UniversIDADE, no auditório do Grupo de Benefícios Sociais (GGBS), às 8h45.
O Dia Nacional do Idoso, mundialmente, é celebrado em 1º de outubro. Kátia Stancato, coordenadora executiva do UniversIDADE explica que a data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1991, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para os aspectos relacionados ao envelhecimento e para a necessidade de proteger e cuidar dos idosos. “A partir daí queremos que não sejamos esquecidos pela sociedade nem pela família, pois nessa fase de vida muitos se tornam invisíveis. Respeitar as pessoas idosas é tratar o próprio futuro com respeito. Com os idosos aprenderemos mais com a vida”, pontua.
No Brasil, a data coincide com o dia da sanção do Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741, de 2003. O Estatuto possui um conjunto 118 artigos, regulando e protegendo os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Nele contém assuntos relacionados à legislação, direitos no âmbito da saúde, do transporte e da seguridade social, além de questões como os crimes contra o idoso, as normas de proteção e o acesso ao sistema jurídico.
UniversIDADE
Atuando nos desafios que a população mais idosa enfrenta, o UniversIDADE, que existe desde 2015, busca promover melhores condições de saúde, físicas e mentais da população acima de 50 anos. Atualmente, são 1.129 alunos matriculados e 95 instrutores voluntários que ministram oficinas e atividades nos eixos de arte e cultura; esporte e lazer; saúde física e mental e sociocultural e geração de renda.
Para a coordenadora do programa, os direitos conquistados, especialmente no Estatuto do Idoso, são extremamente importantes, mas ainda é preciso avançar na sua efetivação. “O programa UniversIDADE trabalha arduamente para proporcionar conhecimento aos alunos para que eles possam avançar no cumprimento desses direitos e, assim, obter uma melhoria na sua qualidade de vida”, afirma.
Kátia também ressalta que a universidade possui um papel fundamental no avanço das políticas públicas e sociais. “A Unicamp, considerando aspectos e fatos como a discriminação, a exclusão social e inatividade da terceira idade, que são, em geral, as causas mais comuns do declínio mental, físico e emocional, traz uma discussão e uma integração desse público nas diversas áreas de conhecimento, no desenvolvimento de pesquisas, projetos de extensão e interação social”, assinala.
Idosos no Brasil
O Estatuto do Idoso é um marco no avanço dos direitos da pessoa idosa, população que vem crescendo significativamente no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017 as pessoas com 60 anos ou mais de idade ultrapassaram os 28 milhões, alcançando 13,5% do total da população brasileira. De 2012 a 2017, houve um crescimento de 18% neste segmento populacional, que deve continuar aumentando até superar, em 2031, o número de crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos, segundo projeção do IBGE.
O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial, decorrente do aumento da expectativa de vida e da diminuição da taxa de natalidade, e requer uma atenção especial para que não haja degradação na qualidade de vida. Apesar do direito à dignidade na velhice, os idosos enfrentam ainda dificuldades, como a discriminação geracional, que é o preconceito por motivos de idade. A discriminação perpassa diversas esferas, incluindo a desatenção às políticas públicas e os impactos sobre saúde. Nesse âmbito, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016 afirma que atitudes negativas em relação à pessoa idosa podem ocasionar isolamento social e a depressão.
Outro problema recorrente no Brasil é a violência contra os idosos, que inclui a violência psicológica e física, a exploração financeira e a negligência. Em 2018, segundo levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Disque 100 registrou um aumento de 18% de denúncias de violência contra idosos. Foram 37.454 registros, sendo a maior parte dos crimes cometidos pelos filhos, contra mulheres idosas e dentro da residência das vítimas.