Semana Lixo Zero amplia compromisso com a sustentabilidade na Unicamp

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O brasileiro produz, em média, um quilo de lixo todos os dias. Grande parte desse volume, entretanto, não teria como destino final os aterros sanitários se fosse manejado e coletado corretamente. Pensando nisso, o Grupo Gestor Universidade Sustentável (GGUS) da Unicamp organizou, entre os dias 16 e 23 de setembro, a segunda Semana Lixo Zero. O evento faz parte de um conjunto de iniciativas que visa impulsionar boas práticas de sustentabilidade entre a comunidade acadêmica. 

O Lixo Zero é um programa internacional realizado em cerca de 160 países. Na Unicamp, foi realizado pela primeira vez em 2018. A redução do consumo de plásticos e de papel, o incentivo à utilização de composteiras caseiras e a adoção de mudas de árvores foram algumas das ações da edição de 2019. No Restaurante Universitário e no Restaurante Administrativo, foi realizada a semana e o dia sem copo, para estimular o uso de canecas pelos usuários, reduzindo o descarte de plástico. 

No Restaurante Administrativo da Unicamp, em uma mesa grande cerca de 15 jovens almoçam. A maior parte deles está utilizando canecas. O restaurante está lotado e funcionários e usuários estão circulando em pé ao redor da mesa.
Nos Restaurantes Universitários, nas segunda e sextas-feiras o copo plástico não é oferecido, para estimular o uso de canecas e reduzir a produção de resíduos.

Conforme Maria Gineusa de Medeiros e Souza, secretária executiva da Câmara Técnica de Educação Ambiental do GGUS, órgão ligado à Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI), o objetivo do evento não é centralizar as atividades no GGUS, mas fazer com que as unidades entendam os objetivos do programa e desenvolvam ações próprias. Um total de 22 Unidades Acadêmicas e os órgãos da Unicamp aderiram à Semana, promovendo palestras, workshops e ações de sensibilização e conscientização acerca do melhor gerenciamento de resíduos. 

Maria Gineusa pontua que, para sensibilizar a comunidade acadêmica para o assunto, é fundamental a compreensão sobre o que é lixo e o que é resíduo. Quando o lixo é encaminhado ao aterro, explica, ele não tem como ser reaproveitado. Os impactos que esse material traz incluem a emissão de gases tóxicos, a contaminação de solos, os alagamentos e a disseminação de doenças. Mas, caso haja um cuidado no descarte e o material tiver um encaminhamento adequado, ele pode ser reutilizado e voltar para o ciclo de vida.  “Você entendendo o que é lixo, tendo mais consciência, na hora que olhar para a sua mão vai decidir se vai descartar aquele tipo de resíduo, se vai virar lixo ou não”, observa.

Atividades da Semana Lixo Zero

Como parte da Semana Lixo Zero, o jardineiro Sebastião Martins Vidal ministrou a oficina de composteiras caseiras, técnica que reduz o lixo orgânico nos aterros e, assim, diminui os gases que provocam o efeito estufa. A compostagem é amplamente utilizada na agricultura familiar e pode ser utilizada nos ambientes urbanos, já que necessita de pouco espaço. No processo da compostagem, é gerado o húmus, matéria orgânica rica que serve de adubo para as plantas. Cerca de 50 composteiras, feitas com os galões de suco dos restaurantes universitários, foram distribuídas após a oficina. “Com esse tipo de composteira que nós estamos fazendo aqui já vai ser umas duas toneladas de cascas que não vão para o lixo”, explicou Sebastião, que também formulou uma cartilha explicando o passo a passo da compostagem.

O jardineiro Sebastião Vidal está segurando cascas de laranja nas mãos, durante oficina ministrada por ele sobre compostagem caseira, técnica que utiliza matéria orgânica para produção de húmus. Cerca de cinco pessoas estão olhando para ele.
O jardineiro Sebastião Vidal ministra oficina de compostagem caseira, técnica que utiliza matéria orgânica para produção de húmus.

O jardineiro, conhecido no campus como o “jardineiro-poeta”, também contou que realiza ações durante todo o ano no âmbito da educação ambiental, principalmente com crianças. “Faço um trabalho consciente e lúdico com as crianças. Tiro um pouco eles da formalidade para eles irem para uma coisa mais prática, colocar a mão na massa. E gosto também de contar histórias e envolver a poesia, por isso que meu apelido envolve plantas e poesia”. Com 82 anos, Sebastião não pretende parar o seu trabalho, que une a poesia e o conhecimento ambiental para trazer impactos positivos dentro e fora da Unicamp. “A intenção é fazer uma rede”, relata. 

Outra atividade da Semana Lixo Zero foi a entrega de cerca de 50 mudas de árvores, organizada pelo Centro de Saúde da Comunidade (Cecom). Funcionários, docentes e estudantes puderam adotar amoreiras, acácias, aroeiras, uvais e ibiruçus, entre outras espécies, mediante um termo de comprometimento com o cuidado da planta. Além dessa ação, o Cecom promoveu palestras de sensibilização sobre o descarte e gerenciamento de resíduos e tem atividades que ocorrem ao longo do ano. 

Uma jovem segura muda de árvore nas mãos. Atrás dela, há um cartaz escrito "adote uma árvore", referente a ação no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) que distribuiu mudas de árvores para a comunidade acadêmica.
Ação no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) distribuiu mudas de árvores para a comunidade acadêmica.

Rôse Clélia Grion Trevisane, coordenadora adjunta do Cecom, assinala que o Centro possui o Grupo de Gestão Ambiental (GGA), formado por uma equipe multidisciplinar. “Existe um trabalho integrado, partilhado e de troca de experiências. Iniciou pela separação, com a segregação dos resíduos, e hoje se expandiu”, explica. Rôse também conta que a dedicação com a questão ambiental existe desde 1996 no Cecom, com um trabalho interdisciplinar que ela avalia como fundamental para o sucesso das ações. 

Ações disseminam-se na Unicamp

As ações de promoção da sustentabilidade não acontecem somente na Semana do Lixo Zero, mas também de forma contínua, para que a sensibilização seja permanente e gere uma mudança de atitude frente à produção de lixo. Aproximadamente 120 facilitadores atuam nas unidades da Unicamp para desenvolver uma interlocução com o GGUS. Eles também são responsáveis pela formação e difusão do conhecimento na unidade. 

Além disso, através das oito câmaras técnicas do GGUS, são efetivadas medidas em diversos eixos da sustentabilidade. Com relação aos recursos hídricos, por exemplo, houve a substituição de torneiras e de válvulas dos banheiros por modelos econômicos e planeja-se o reaproveitamento da água da chuva. Maria Gineusa também evidencia que, somente com a educação ambiental, houve uma redução de 15% no desperdício de água desde 2014, quando houve a crise hídrica no estado de São Paulo. 

No âmbito do uso de energia, há o projeto Campus Sustentável, voltado para a utilização de energia renovável. Com a instalação de placas de captação de energia solar fotovoltaica, a instituição visa tornar-se um modelo de eficiência energética. Além de ampliar a utilização de uma fonte de energia renovável e limpa, sem geração de poluentes, a Unicamp também passa a economizar com o custo da contas de eletricidade.

O GGUS também está atuando nos indicadores de sustentabilidade para que a Unicamp passe a integrar o ranking GreenMetric. “Nós queremos que ela seja referência nacional e internacional nessa questão”, assinala Maria Gineusa.  

Washington da Silva e Maria Gineusa de Medeiros e Souza, do Grupo Gestor Unicamp Sustentável, caminham lado a lado em calçada. Eles estão indo em direção ao Restaurante Administrativo. Nas mãos, levam canecas. Eles são responsáveis por ações como o Dia Sem Copo, que ocorria naquele dia no restaurante, para diminuir o uso de plásticos.
No interior do Restaurante Administrativo da Unicamp, jovens almoçam em uma grande mesa. Quase todos estão utilizando canecas para tomar o suco.
Uma funcionária da Unicamp está com uma muda de árvore nas mãos. Ela sorri olhando para a planta.
Estudante está com uma muda de árvores nas mãos. Atrás dela, um painel exibe um cartaz dizendo "adote uma árvore".
Grupo composto de sete funcionários (cinco mulheres e dois homens) posa para a foto ao lado do cartaz "adote uma árvore". Eles organizaram a ação que distribuiu 50 mudas de plantas.
O Jardineiro Sebastião Vidal organiza os baldes que foram usados na oficina de compostagem caseira. Ele está na Praça da Paz, atrás dele estão os degraus da arena.
O Jardineiro Sebastião Vidal posa para a foto segurando a cartilha que ensina o passo a passo da compostagem caseira. Ele está no Teatro Arena da Praça da Paz, atrás estão os degraus.
O Jardineiro Sebastião Vidal  está ministrando a oficina de compostagem caseira. No fundo, cerca de 40 pessoas assistem à oficina, sentadas nos degraus do Teatro de Arena da Praça da Paz.
Talita Mendes, coordenadora do Grupo Gestor Universidade Sustentável está entregando cartilhas sobre a compostagem caseira. Os participantes da oficina de compostagem estão sentados e muitos estão lendo o material.
Participantes da oficina de compostagem caseira estão pegando o material para as composteiras. Diversos baldes estão dispostos para que elas possam pegá-los. Ao fundo, os degraus do Teatro de Arena da Praça da Paz da Unicamp.
Imagem de capa
Na Praça da Paz da Unicamp, o jardineiro Sebastião Vidal entrega partes das peças da composteira caseira a um dos participantes da oficina de ministra oficina de compostagem caseira. Ao fundo, mais participantes da oficina pegam os baldes e materiais para produção da composteira.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004