Laís é uma estudante que deixa a cidade pequena para estudar em Campinas. Ela teria uma vida bem corriqueira não fosse uma ansiedade exagerada que a impede de fazer algumas coisas. A história da personagem do curta-metragem “A previsão do pôr do sol” foi longe. Chegou em Gramado (RS), na 2ª Mostra de Filmes Universitários, paralela ao Festival de Cinema, realizado em agosto. O filme foi produzido pela ex-aluna do curso de midialogia do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, Ana Amon, com apoio do projeto Aluno-Artista, do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE).
Ana conta que a indicação foi da própria faculdade e o curta foi escolhido por meio de uma curadoria realizada pelo Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual (Forcine) em parceria com o Coletivo Sigma Cinema, responsáveis pela realização da mostra. Foram selecionados 20 títulos e o curta da Unicamp foi o primeiro a ser exibido. O projeto foi um dos trabalhos finais da graduação da aluna, realizado como atividade na disciplina de Projeto de Cinema. Originalmente o filme tinha 22 minutos de duração, mas foi reduzido para “caber” em festivais por todo o país.
Para desenvolver o projeto, Ana contou com a ajuda de vários colegas e escolheu para o papel principal a estudante de psicologia Letícia Santos. A seleção do elenco também obedeceu a seguinte regra: participação de mulheres e negros em 50%. Sem intenção de abordar diretamente a questão do racismo Ana acabou contando a história de uma protagonista mulher e negra.
“Minha ideia foi escrever o roteiro de maneira neutra. A Laís poderia ter qualquer gênero, cor ou orientação sexual. Mas é curioso porque lendo o roteiro talvez a pessoa visualize a personagem como uma pessoa branca porque traz essas questões de ansiedade e de fragilidade que geralmente são afastadas da mulher negra”, disse.
A inspiração para a Laís foi a própria Ana, que também sofre com a ansiedade. “A protagonista saiu da casa dos pais para fazer faculdade e brigou com o pai, mas não consegue retomar o contato com a família. Ela não percebe que poderia resolver os problemas com pequenas ações”. Ana destaca que a ansiedade também foi abordada por ser um problema comum entre os universitários. “Minha intenção é que a pessoa que assiste o filme se sinta um pouco acolhida, abraçada, que saia mais alegre da sessão”.