“Há uma preocupação muito autêntica com as universidades brasileiras, tanto as federais como as estaduais, por sua autonomia, por seu financiamento, por seu papel no desenvolvimento nacional e regional”, afirmou o secretário executivo da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), Álvaro Maglia, que se encontra na Unicamp para a reunião de delegados assessores da AUGM. Maglia também lamentou que uma universidade brasileira já tenha deixado a associação neste ano por conta de bloqueios orçamentários, que inviabilizaram a manutenção das bolsas de mobilidade acadêmica.
O secretário lembrou que a AUGM, fundada em 1991, possui uma história de defesa da educação pública. Na época, destaca, havia um ataque de organismos multilaterais ao projeto de ensino público, através de tentativa de implantação de uma política neoliberal. “A tendência era terminar com a educação pública e, sobretudo, a pública, gratuita e geradora de pensamento crítico”, explica. Dessa forma, pontua, oito reitores criaram a AUGM, tanto para resistir aos ataques como para desenvolver o papel estratégico das universidades públicas no desenvolvimento da região.
Reunião avança em plano estratégico da AUGM
Durante a reunião dos delegados assessores, que ocorre até a tarde de hoje na Unicamp, representantes de universidades públicas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai discutem as ações desenvolvidas pela associação. Um dos principais objetivos, nestes dois dias, é avançar na elaboração de um plano estratégico para a AUGM. Constituída atualmente por 38 universidades do Cone Sul da América Latina, a AUGM promove cooperação e integração entre as instituições de ensino dos seis países envolvidos na rede. A Unicamp integra a AUGM desde 1999 e já sediou eventos relevantes para a associação, como a IV Jornada Científica sobre Meio Ambiente, em 2001, e o II Congresso de Extensão Universitária, em 2015.
Conforme Elena Brugioni, assessora delegada da AUGM e da Diretoria Executiva de Relações Internacionais (DERI) da Unicamp, além da discussão do plano estratégico, também estão sendo pensadas questões como o reconhecimento de diplomas e a facilitação da circulação de pesquisadores entre os países das universidades-membro, a fim de fortalecer a cooperação regional. Para Brugioni, integrar a associação e receber seus representantes tem grande relevância para a Unicamp. “Dentro da cooperação latino-americana é realmente uma das redes mais importantes que participamos”, pontua.
O diretor executivo de Relações Internacionais da Unicamp, Mariano Laplane, na abertura da reunião, disse que a Universidade vem buscando aproveitar ao máximo as oportunidades de mobilidade acadêmica oportunizadas pela AUGM, e ressaltou que neste ano todas as vagas disponibilizadas através do Programa ESCALA de intercâmbios foram aproveitadas. A fim de potencializar a divulgação dos programas de intercâmbio, a DERI promove, na quarta-feira (2), a primeira Feira Latino-Americana de Universidades (FLAU).
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, também esteve na abertura para saudar os participantes. Ele apontou dados sobre a Universidade, convidando os delegados a conhecerem os estudos, pesquisas e projetos desenvolvidos no campus. “É uma universidade muito forte em investigação, são mil teses de doutorado por ano e 1.400 de mestrado, para que tenham ideia. Temos neste campus cinco hospitais de alta complexidade que atendem uma população de seis milhões de habitantes do entorno de Campinas e também toda parte de inovação”. Knobel também apresentou o Observatório Latino-Americano (OLA), criado neste ano para inserir a Unicamp como centro de pensamento e interpretação das temáticas relacionadas à América Latina.