Gravuras e óleo sobre tela, de Vera Ferro, e fotografias de Olívia Niemeyer compõem a exposição Tempos Insólitos que será aberta ao público no dia 19 de outubro, das 10h00 às 14h00, na Galeria do CIS-Guanabara. A mostra, aberta ao público, poderá ser vista até o dia 7 de novembro.
O trabalho apresentado por Vera Ferro surge de uma pergunta baseada num triste cenário de refugiados em diferentes partes do mundo: como contar de uma maneira poética, a crua realidade da fuga, da esperança de sobrevivência e do sonho de uma vida nova, sem conflitos? “O material que apresento no CIS-Guanabara retrata deslocamentos, fronteiras, barreiras, cercas”, explica a artista. “Falo de gente como a gente, num caminhar incessante pelo mundo em busca de um lugar para viver, fugindo aos horrores da guerra. O que carregar? O que levar numa pequena mochila? Para onde ir? São andanças infinitas, marcadas por insegurança, medo e esperança. Meus trabalhos voam pela nuvem, espalham minhas inquietudes, pensamentos e sentimentos pelo mundo afora”, diz a artista.
Vera Ferro nasceu no Rio de Janeiro em 1947, viveu em São Paulo e desde 1989 reside em Campinas. Sua paixão por arte começou na infância e desde cedo direcionou seus estudos e sua trajetória para as artes visuais. Estudou na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e frequentou o Atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Trabalha com diferentes técnicas utilizando vários materiais. Combina técnicas como pintura, fotografia, desenho e colagens usando mapas e livros antigos. Fotografa desde 2007, é apaixonada por imagens e busca experiências híbridas com outras áreas da arte. Participou de exposições individuais e coletivas, salões de arte, onde recebeu vários prêmios. Possui obras em acervos de museus e de colecionadores particulares no Brasil e no exterior.
O trabalho de Olívia Niemeyer procura mostrar aspectos de ‘cidades em andamento’. Pauta-se pela falta de memória histórica das cidades brasileiras que são demolidas e reconstruídas periodicamente. A série de fotos apresentadas tem um ponto de partida: registros, feitos com celular, de caçambas de material de demolição encontradas nas ruas. “Um espaço fotográfico pouco organizado e tão cheio de detalhes que o tema se fragmenta e se perde”, explica. “Uma inflação de cores, formas interrompidas, fragmentos de frases, traços e indícios que, colocados lado a lado, não vão compor uma unidade coerente, apenas um foco de conjunção e dispersão. A unidade é substituída pela multiplicidade. Essa composição anárquica não pressupõe um observador passivo, é necessário lançar um olhar que desdobre, enxerte e contamine, que crie significados sempre provisórios”, diz a artista.
Olívia Niemeyer é formada em Língua e Civilização Francesa, mestra e doutora em Lingüística Aplicada na área de Tradução (Unicamp). Na área de artes visuais recebeu orientação de Nair Kremer, Vera Ferro, Carlos Fajardo, Silvia Matos, Albano Afonso e Paula Braga. Participa de salões, exposições coletivas e individuais desde 1997. Juntou-se ao grupo Antropoantro em 2002 e ao Grupo Ateliê-Casa em 2015, com supervisão da jornalista Fabiana Bruno. Cursou especialização em arte visual, em 2012, na Unicamp. Seu trabalho em artes plásticas privilegia formas interrompidas e fragmentadas, focos de dispersão e multiplicidade.
No CIS-Guanabara, a mostra, com a coordenação da agente cultural Maria Cristina Amoroso Lima Leite de Barros, tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), da Unicamp. A exposição pode ser vista na Galeria, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 20h00 e aos sábados e domingos das 09h00 às 17h00. O CIS fica à Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo, Campinas (estacionamento gratuito no local).
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