O panorama e os desafios sobre a questão ambiental em Campinas foram apresentados pelo secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Na atividade, ocorrida na manhã de ontem (8), Menezes também destacou o papel da Unicamp no desenvolvimento sustentável e criticou o que classificou como “política de Estado antiambiental” levada a cabo pelo governo federal.
“É preciso usar a ciência, o conhecimento, nós estamos em momento perigoso no país onde se relativiza a ciência”, afirmou o secretário, evidenciando o papel do conhecimento científico no avanço da agenda ambiental. A proposta da Unicamp da Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), para ele, é um dos projetos que trazem impacto para impulsionar ações em direção a um município inteligente e sustentável. “Esse plano estratégico é fundamental para a cidade, aponta o caminho futuro do desenvolvimento da cidade, a Universidade foi muito feliz em tomar essa decisão estratégica, isso vai ter impacto em várias áreas do desenvolvimento urbano de Campinas”.
Em relação às políticas federais, Menezes observou que elas atuam no sentido de um antiambientalismo. “Nós entramos agora numa irracionalidade tal que estamos tendo pela primeira vez na história do país uma política de Estado antiambiental, com cortes no orçamento, com desmonte das estruturas ambientais no Brasil”, disse. Para ele, as quase quatro décadas de implementação de Política Nacional do Meio Ambiente estão sendo desmontadas, com consequências que podem ser inclusive econômicas, com reação dos mercados internacionais aos produtos brasileiros.
Panorama ambiental de Campinas
Na apresentação sobre o panorama ambiental na cidade, o secretário apontou dados sobre o território de Campinas, como a distribuição das áreas verdes na região. A cidade dispõe de uma média de 87m² de área verde por habitante, maior que a média ideal recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 36m². No entanto, há uma desigualdade na distribuição, com especial prejuízo para a região sul, onde a média é de 6,2m² para os quase 450 mil habitantes da área. “É um terço da população que está apartada das áreas verdes, nós precisamos interferir nisso”, disse o secretário. Parques lineares, conforme Menezes, amenizariam o problema. Estão sendo projetados 49 deles, dos quais 43 devem ser públicos e estão em fase de elaboração dos projetos. O financiamento, no entanto, ainda não tem fonte definida.
A pulverização das áreas verdes, situação que não é favorável à sua preservação, também foi destacada pelo secretário. Em meio aos diversos pequenos pontos verdes mostrados na apresentação, a Mata de Santa Genebra, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica em zona urbana do Brasil, constitui uma exceção, “Isso é um problema, pois para você ter a sobrevida das áreas verdes ao longo das décadas, nós vamos precisar estabelecer estratégias de reconexão desses fragmentos”, observou.
Outros desafios apontados referem-se à preservação e recuperação das zonas de preservação de Campinas - dos 960 hectares previstos para restabelecimento, 225 já passaram pela fase de replantio - e a gradual substituição do transporte público movido a diesel por ônibus elétricos. No edital de licitação deste ano, já há uma requisição de que cerca ⅓ da frota possua essa tecnologia, nos primeiros quatro anos de concessão. A ideia é diminuir o lançamento de gases tóxicos na atmosfera.
Educação ambiental
Além da exposição do cenário ambiental, Menezes expôs as ações de educação ambiental desenvolvidas pela Secretaria. Com base no Plano Municipal de Educação Ambiental, cuja elaboração contou com participação da Unicamp, são quatro eixos de atuação desenvolvidos em Campinas: espaços educadores, formação de educadores, educomunicação e monitoramento e avaliação.
No eixo de espaços educadores, a cidade conta hoje com quatro centros de educação ambiental: Estação Ambiental de Joaquim Egídio, Mata de Santa Genebra, o Bosque dos Jequitibás e o Centro de Conhecimento das Águas. Nesses locais, há atividades permanentes e são incentivadas as visitas de grupos escolares, além da sociedade em geral.
Na Mata de Santa Genebra, o dia de manifestações contra as mudanças climáticas, 20 de setembro, reuniu 600 estudantes. A atividade foi chamada de 1 º Encontro sobre Mudanças Climáticas com Coletivos Educadores Ambientais Jovens de Campinas, em referência aos coletivos que vêm se formando nas escolas e que também são parte do eixo dos espaços educadores. Com os coletivos e os espaços educadores, espera-se que a sensibilização ambiental seja multiplicada na cidade.