Equipe FSAE Unicamp apresenta carro para 2019 e inova em tecnologia e diversidade

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A equipe FSAE Unicamp apresentou ao público seu novo carro, o F2019, na noite da última sexta-feira (11). Realizado no auditório 5 da Faculdade de Ciências Médicas, o evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre estudantes, professores e patrocinadores, e foi a conclusão de um trabalho realizado pelos alunos desde o início do ano, em que aplicaram conhecimentos aprendidos em sala de aula e vivências necessárias para o mercado de trabalho. 

F2019 inova no chassi feito de aço micro ligado ao nióbio, o que dá mais resistência ao carro
F2019 inova no chassi feito de aço micro ligado ao nióbio, o que dá mais resistência ao carro

Neste ano, o protótipo F2019 inova principalmente nos materiais utilizados. O chassi é feito inteiramente de aço micro ligado ao nióbio, composto que torna o carro mais resistente nas competições. Todo o pacote aerodinâmico é feito de fibra de carbono. Conta ainda com motor Yamaha R6, de 600cc, e tem a potência de 86 cavalos. Na aceleração, o F2019 vai de 0 a 100 km/h em 4 segundos, desempenho comparado a um carro esportivo Porsche. "Esse carro é um trabalho de vários anos que foi sendo aperfeiçoado. O projeto base veio de 2015, depois fomos melhorando, resolvendo alguns problemas. Mas todos os anos fazemos o desenvolvimento do carro do zero. No começo do ano começamos a fase dos projetos, que dependendo das nossas metas, varia o tamanho dela. Nesse ano, foram 3 meses de projetos", explica Gabriel Rigo, diretor de projetos da equipe. 

Todos esses aspectos devem ajudar o time a conquistar uma boa classificação na Fórmula SAE Brasil 2019, competição universitária que reúne equipes de todo o país. Ela vai ocorrer entre os dias 27 de novembro a 1 de dezembro no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, em Piracicaba. 

Ao longo da competição, os protótipos são avaliados em relação a suas especificidades técnicas e desempenho em provas de resistência e performance de corrida. A capacidade de organização e trabalho dos estudantes também são avaliados em testes nos quais eles devem apresentar a viabilidade industrial e comercial de seus carros. A classificação final das equipes envolve o somatório de todas as avaliações. Em 2018, a FSAE Unicamp ficou em 10º lugar do ranking brasileiro. Neste ano, a meta é ficar entre os dois primeiros colocados, posição que garante uma vaga na etapa mundial, que será realizada nos Estados Unidos.  

Preocupação com a diversidade

Na busca pela vitória, a equipe não se preocupou apenas com os aspectos técnicos do projeto. Desde o início do ano, eles realizaram dinâmicas e discussões com o objetivo de formar futuros profissionais comprometidos com a diversidade. "Querendo ou não a equipe é um reflexo da universidade. A gente sabe que a universidade ainda não é muito diversa, ainda não é a cara da população brasileira. A gente está tentando melhorar isso, a gente sabe que esse ambiente automotivo ainda é muito masculinizado, é um reflexo. Então estamos fazendo de tudo para melhorar, trazendo mais meninas para a equipe", comenta João Pedro Candido, responsável pela gestão de pessoas do time. 

Além de incluir mais alunos de perfis e origens diferentes, a FSAE Unicamp trabalhou ao longo do primeiro semestre para que todos se sentissem valorizados que estivessem trabalhando para um objetivo em comum. "O tema diversidade é novo para a gente e vem acompanhando uma tendência da própria Unicamp. A gente percebe que, cada vez mais, nós recebemos alunos mais diversos e queremos aprender como equipe como tornar o ambiente confortável para todo mundo que quiser construir o mesmo projeto com a gente", revela Renan Rodrigues, capitão da equipe. 

Tradição que forma profissionais

A equipe FSAE Unicamp existe desde 2006 e reúne bons resultados na competição. No total, foram 11 protótipos construídos e 44 troféus conquistados. Eles também já participaram três vezes da etapa internacional da Fórmula SAE, sendo a primeira equipe latino-americana a conquistar o 1º lugar em uma das avaliações realizadas. Isso ocorreu na prova de aceleração realizada em 2012 na cidade de Lincoln, nos Estados Unidos. 

Além de motivar os alunos a buscar a vitória, a experiência proporcionada pela Fórmula SAE contribui para a formação profissional dos jovens. Segundo Renan Rodrigues, é uma forma de experimentarem a vida nas empresas. "É uma competição não de corrida, mas sim de engenharia. Ela agrega em todos os aspectos da construção do seu carro, tanto na parte prática, mas principalmente na parte técnica. Temos que apresentar todas as justificativas de projeto, todos os parâmetros, o que a gente conseguiu baseado em dados. É uma preparação muito boa para o que vamos enfrentar lá fora, isso não tenho dúvidas", avalia o capitão. 

"Esse é um tipo de formação que eles não aprendem em sala de aula", revelou Kamal Ismail, orientador da equipe
"Esse é um tipo de formação que eles não aprendem em sala de aula", revelou o orientador Kamal Ismail

Orientador da equipe desde o início, Kamal Ismail, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), analisa que a oportunidade de eles aprenderem a trabalhar em equipe é a maior lição que os estudantes podem aprender. "Esse é um tipo de formação que eles não aprendem em sala de aula, eles trabalham em equipe, de igual para igual, escutam as diferenças, debatem, mas no fim sai uma decisão que todos concordam. Acho que isso é o mais importante, além da oportunidade de aplicar o que aprendem na sala de aula. Quando eles forem trabalhar na indústria, vão ter que trabalhar em equipe, têm que estar prontos para aceitar as diferenças", comemora o professor. 
 

Objetivo da equipe neste ano é conquistar o top 2 da etapa brasileira e se classificar para a competição internacional
Igor Adib, diretor administrativo e Renan Rodrigues, capitão da FSAE Unicamp
F2019 inova no chassi feito de aço micro ligado ao nióbio, o que dá mais resistência ao carro
"Esse é um tipo de formação que eles não aprendem em sala de aula", revelou Kamal Ismail, orientador da equipe
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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004