Educação, ciência e a história viva
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tomou a frente de outros centros de igual vocação e realizou na última terça-feira, 15, Dia do Professor, ato inédito na história da instituição em defesa da educação, da ciência e da autonomia universitária. Foi a primeira vez, em mais de cinquenta anos, que a Unicamp convocou um movimento desta proporção, com adesão da reitoria, docentes, trabalhadores e estudantes de graduação e pós-graduandos, marcando a união das entidades por uma causa comum.
Um dos motivos que levou à iniciativa foi o contexto dos cortes profundos de verbas para a produção científica, com a redução de recursos federais para bolsas de pesquisa, essenciais para o aprendizado de estudantes e para o desenvolvimento da ciência e inovação no País. Outra situação latente é a dos frequentes ataques que as universidades públicas vêm sofrendo em sua autonomia, com o questionamento de condutas, processos e organização. Como ato concreto da assembleia se elaborou um documento que sintetizou as principais preocupações da comunidade acadêmica. Nesta moção está esboçado um princípio fundamental: “a missão primordial de universidades como a Unicamp, mantidas com recursos provenientes de impostos, consiste em formar pessoas altamente qualificadas, desenvolver pesquisas de impacto e colocar o conhecimento que produzem à disposição da sociedade por meio de atividades de extensão e assistência”.
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É inegável o papel central da Unicamp na formação de profissionais capacitados e desenvolvimento de pesquisas inovadoras
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Fato inconteste, a Unicamp lidera hoje, junto com a Universidade de São Paulo (USP), o ranking das melhores universidades do País e aparece com destaque em avaliações de instituições na América e em nível mundial. As pesquisas desenvolvidas em seus laboratórios, em áreas como saúde, tecnologia e alimentos, revertem em benefícios inegáveis à comunidade. Estudos mostram ainda que as universidades públicas são responsáveis por 95% da produção científica do Brasil. É inegável seu papel central na formação de profissionais capacitados e pesquisadores preparados para atuar em um mundo em constante transformação.
Como apontou com propriedade o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, “nenhum país em crise financeira corta recursos em educação e ciência, ao contrário, são essas áreas que permitem a recuperação e o desenvolvimento econômico”. Campinas tem orgulho de ser polo de inovação tecnológica e educacional. A Unicamp faz parte desta realidade de excelência e cabe a todos defender este patrimônio.
Correio Popular, sábado, 19 de outubro de 2019, Opinião, página A3