Começou na segunda-feira (22) e segue até o dia 25 de outubro, a Semana do Livro e da Biblioteca da Unicamp. O evento é realizado pelo Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) e oferece a alunos, professores e funcionários da universidade uma série de atividades que chamam a atenção para as diferentes funções que as bibliotecas podem cumprir em um mundo onde muitos se esquecem de sua importância devido à facilidade de acesso à informação pela internet.
As atividades da programação serão realizadas na Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL) e focam em cinco áreas que, atualmente, representam as contribuições que as bibliotecas podem trazer a seus usuários: o acesso à informação por meio de recursos digitais; a formação de leitores; saúde e bem-estar; pesquisa e inovação; e artes e cultura. Confira a programação completa e se inscreva nas atividades na página do evento.
Novo perfil de biblioteca
O SBU conta hoje com 29 bibliotecas espalhadas pelos campi de Campinas, Limeira e Piracicaba, além dos colégios técnicos de Campinas (Cotuca) e Limeira (Cotil). São mais de 47 mil usuários ativos do sistema e aproximadamente 2,07 milhões de itens do acervo, entre livros, periódicos físicos e digitais, e-books e outros documentos digitais. Em 2018, o SBU registrou um fluxo de mais de 1,1 milhão de pessoas. Mesmo com números que mostram a importância das bibliotecas para a comunidade atendida pela Unicamp, as equipes que fazem a gestão desses espaços relatam que é necessário repensar e diversificar os serviços oferecidos por elas.
De acordo com o diretor adjunto do SBU, Oscar Eliel, a facilidade de acessar informações pela internet torna inevitável que a procura pelos serviços tradicionais das bibliotecas diminua. "Cada vez mais nós percebemos, em nível mundial, mas também aqui na Unicamp, a gente trabalha para que os espaços da biblioteca sejam ocupados de maneira diferente. Os objetivos têm mudado, os usuários cada vez mais procuram novos serviços da biblioteca, então eles acabam se distanciando fisicamente, mas quando a gente olha para as bases de dados digitais, para as tecnologias, elas têm sido mais utilizadas. Então os espaços da biblioteca precisam ser transformados", analisa Oscar.
Ele explica que hoje um dos objetivos do SBU é o de prestar diferentes serviços que contribuam com a construção do conhecimento, o que não necessariamente dependa da consulta aos livros ou periódicos disponíveis apenas nas bibliotecas. Isso é possível por meio da promoção de atividades culturais, criação de espaços de trabalho compartilhado e de Fab Labs (laboratórios de fabricação). Oscar comenta que a proposta é trazer mais pessoas para as bibliotecas e que elas incentivem e facilitem o acesso às informações, estejam onde estiverem. "Hoje em dia a biblioteca tem um papel de fazer com que as pessoas acessem a informação. Como temos uma série de bases de dados, periódicos e conteúdos digitais, não necessariamente ela precisa estar fisicamente na biblioteca. Mas o fato de você aproximar as pessoas da biblioteca faz com que ela também se aproxime dos conteúdos que ela fornece. Não adianta investirmos milhões em conteúdos digitais se o usuário não os acessar", explica.
Seguindo nessa direção, Oscar anuncia ainda que, em breve, a BCCL deverá contar com um espaço maker, local onde os usuários poderão desenvolver projetos e propor soluções criativas e inovadoras para problemas diversos. Os recursos foram obtidos por meio de um edital do FID - Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos, ligado ao Governo de São Paulo, e devem ser liberados nos próximos dias.
Da internet para os livros
Estudante de Letras do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, Mell Ferraz foi a responsável por abrir as atividades da Semana com suas experiências como booktuber, produtora de conteúdos sobre literatura no YouTube. Desde 2012, ela divulga resenhas e comenta assuntos relacionados ao universo dos livros no canal Literature-se, que conta com mais de 119 mil inscritos.
A jovem acredita que ações como as promovidas pela Semana do Livro e da Biblioteca contribuem para que as pessoas não apenas conheçam as bibliotecas, mas saibam que podem contar com esses espaços em seu dia-a-dia. "Muitas vezes a biblioteca fica no pedestal, as pessoas não têm esse hábito justamente pelo contato. A internet vem justamente para dar esse contato, facilitar esse contato com a biblioteca, com espaços como este e para promover isso. As pessoas têm que conhecer, saber que esse ambiente é possível para ela também para que ela possa acessá-lo".
Ela ainda comenta que não vê na internet uma ameaça aos livros ou ao hábito da leitura. Pelo contrário: as plataformas digitais podem facilitar o acesso a diferentes informações e estimular a cultura de se manter informado. "Hoje a internet vem para contribuir, não vejo como algo que vai acabar com as bibliotecas, como acontece com a discussão se os livros digitais vão acabar com os livros físicos. Eu acho que o mecanismo de trazer a informação da internet para dentro das bibliotecas é muito importante, justamente por serem coisas que podem se complementar", afirma a booktuber.
Confira a programação da semana.
