Diversidade é inovação nas universidades

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O aprendizado acontece a partir de um certo nível de desconforto. Foi dessa forma que a professora Saran Stewart, da The University of West Indies at Mona, Jamaica, começou a conferência de abertura do VII Seminário Inovações Curriculares, na manhã desta terça-feira, 29, no Centro de Convenções da Unicamp. Saran falou sobre o valor da diversidade e das pedagogias inclusivas no desenvolvimento de ambientes de educação com mais equidade.

O desconforto foi dizer a profissionais da educação que a maioria dá aulas para alunos parecidos com eles, e que ensinam, mais ou menos, o que aprenderam. São, em boa parte, uma elite, ensinando uma elite. Saran mencionou representatividade, contando sobre sua própria história. Ela saiu do ensino médio na Jamaica para os Estados Unidos. “Eu era a única mulher negra da turma, me sentia uma boneca de pano entre barbies”.

Professora Saran na palestra, utilizando o microfone para falar com a plateia
Saran Stewart: Paulo Freire e pedagogia crítica inclusiva

A professora afirma que os abusos que sofreu, associados ao que chamou de “poder acadêmico”, a deixaram em declínio. “Eu não sabia o que era ser uma minoria, a sala de aula era um ambiente humilhante e desumanizador”. Segundo Saran, muitas vezes a academia trata raça, classe social e gênero como “notas de rodapé”. “Olhando para minha trajetória hoje posso afirmar que tenho algum valor, graças à educação inicial que recebi na Jamaica”, pontuou.

Saran fez questão de diferenciar os conceitos de equidade, que significa oferecer a cada pessoa o que ela precisa para ser bem-sucedida em algo; e igualdade, que significa oferecer as mesmas condições para todos. A professora avançou para o conceito de inclusão, que segundo ela, significa acabar diretamente com as barreiras.

A professora chegou ao tema da pedagogia crítica inclusiva e falou sobre o educador brasileiro Paulo Feire. Ela citou alguns caminhos que podem ser percorridos como o compartilhamento do poder entre alunos e professores, sendo ambos responsáveis pelo conteúdo, pelas formas de avaliação etc. Destacou a importância de uma interação dialógica entre eles e sobre como ativar as vozes dos alunos.

Por fim Saran contou sobre sua experiência de volta à Jamaica, onde trabalha com projetos de excelência inclusiva que transformam instituições de ensino. Ela comentou sobre as mudanças necessárias em currículos e na prática profissional. A professora citou um artigo que coloca a Unicamp como uma das universidades brasileiras mais radicais na tentativa de mudar para melhor o cenário da educação superior inclusiva no país.

O seminário vai até quinta-feira, 31, no Centro de Convenções da Unicamp e outros pontos da Universidade. A promoção é da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)², além do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE) e Faculdade de Educação (FE).  Acompanhe aqui a programação do VII Seminário Inovações Curriculares - Transformar vivências, conectar aprendizagens”.

Mesa de abertura com autoridades
Mesa de abertura do Seminário com o reitor Marcelo Knobel e a pró-reitora Eliana Amaral, além de Dirce Zan e Soely Polydoro

Durante a mesa de abertura que antecedeu a conferência da professora jamaicana, a pró-reitora de Graduação Eliana Amaral reiterou que a Unicamp tem se empenhado em se tornar um ambiente mais diverso. Ela destacou que a PRG tem a missão de apoiar essa diversidade, cuidando do estudante desde a entrada, até a saída da Universidade da melhor maneira possível. “Nós acreditamos que através desse evento nós podemos estimular as pessoas a entenderem que esse campo da inovação é um campo de pesquisa, um campo em desenvolvimento e que nós temos muito a fazer para o seu avanço”.

O reitor Marcelo Knobel também ressaltou a importância de um espaço de discussão com o objetivo de pensar sobre as alterações nos currículos e métodos de ensino. Ele lembrou que as universidades públicas vêm sendo alvo de ataques, e que esse tipo de debate dá forças para que se continue a lutar pela educação.

Imagem de capa
Saran Stewart, da The University of West Indies at Mona, Jamaica

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004