Unicamp realiza 1ª edição do festival Camp Abilities neste fim de semana

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Nos dias 23 e 24 de novembro, a Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp realiza, pela primeira vez na universidade, o Camp Abilities, um festival esportivo e recreativo para crianças e jovens cegos ou com baixa visão. O evento contará com a presença de Lauren Lieberman, professora do Brockport College, nos Estados Unidos, e idealizadora do festival. Em visita à Unicamp, ela conheceu a infra-estrutura e as pesquisas realizadas pelo Departamento de Estudos de Atividade Física Adaptada (Deafa) da FEF e contou um pouco de como surgiu a ideia de criar o Camp Abilities. 

Maria Luiza Alves, professora da FEF, e Lauen Lieberman, idealizadora do Camp Abilities
Maria Luiza Tanure Alves, professora da FEF, e Lauren Lieberman, idealizadora do Camp Abilities

Lauren explica que começou sua carreira lecionando em uma escola para cegos e percebeu o quanto professores das escolas regulares não são preparados para ensinar essas crianças. Por isso, quando se tornou professora em Brockport, pensou que deveria oferecer essa experiência aos universitários. "Eu pensei, 'isso não pode acontecer, como meus alunos podem sair daqui, se tornarem professores, e terem trabalhos que nunca experimentaram antes?' Pensei o que eu poderia fazer e decidi criar um programa onde as crianças viriam e meus alunos poderiam ensiná-las, e aí eles vão aprender como ensinar crianças cegas e com visão reduzida", conta a professora. A partir disso, o Camp Abilities surgiu em 1996 com a proposta de reunir crianças e jovens com deficiência visual e mostrar a elas que são capazes de praticar esportes e se divertir. 

Hoje, o Camp Abilites é um projeto consolidado. Ele já foi realizado em 21 locais dos Estados Unidos e em outros 9 países. Na Unicamp, ele será promovido por uma equipe de aproximadamente 100 pessoas, sob coordenação da professora Maria Luiza Tanure Alves, com o apoio da FEF e de outras universidades parceiras: UFSCar, USP de São Paulo e de Ribeirão Preto, Unesp e da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), de Ilhéus-BA. Serão oferecidas diversas atividades esportivas adaptadas, jogos e brincadeiras para crianças e jovens cegos ou com baixa visão. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link

"Isso muda o pensamento das pessoas"

Além de realizar eventos pelos Estados Unidos e outros países, Lauren Lieberman comenta que seu grande desafio é formar novos professores e pesquisadores que sejam capazes de replicar os Camps em outros locais, formando uma rede. Por conta disso, conta com o apoio do Brockport College e recursos do Programa Fullbright para levar o projeto a diferentes países. Ela também comenta que os benefícios do Camp Abilities vão além da experiência oferecida às crianças, atingindo toda a comunidade em torno delas. 

"Quanto mais tivermos pessoas cegas lá fora, praticando esportes e recreação, mais isso muda a percepção do que elas podem fazer. A taxa de desemprego nos Estados Unidos entre pessoas com visão reduzida é de 79%. Mas por muitos anos, crianças cegas e com baixa visão estavam nas escolas para cegos, ninguém as via. Mas agora elas estão em suas comunidades, então elas podem correr 5 km ou 6 km, ou andar de bicicleta, ou fazer trilha. Isso muda a percepção, talvez a gente mude essa taxa de desemprego porque as pessoas passam a ver que elas são capazes", ressalta a professora. Ela também explica que o fato de várias crianças e jovens estarem reunidos facilita a aplicação de pesquisas e questionários por parte dos estudiosos na área. 

Para o diretor associado da FEF, receber o Camp Abilities é uma forma de reconhecimento pelo trabalho feito na unidade
"Nós temos uma tradição sólida de pesquisas em atividades físicas adaptadas", comenta Odilon Roble

Para Odilon Roble, diretor-associado da FEF, a oportunidade de realizar o Camp Abilities na Unicamp é um reconhecimento por todo o trabalho de pesquisas realizado pela faculdade na área de atividades físicas adaptadas. "Nós temos uma tradição sólida de pesquisas em atividades físicas adaptadas, mas eu não me lembro de algo como o Camp Abilities. É uma nova perspectiva, muito importante para nós conhecermos e trocarmos experiências. A Fullbright é uma instituição muito importante, muito sólida, então é muito bom receber um projeto apoiado pela Fullbright aqui", comenta Odilon.

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Evento realizado desde 1996 integra crianças e jovens cegos e com baixa visão por meio dos esportes

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004