Cristiano Amon recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp

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A Unicamp concedeu nesta segunda-feira (25), em uma solenidade realizada no auditório da Faculdade de Ciências Médicas, o título de Doutor Honoris Causa a Cristiano Amon, ex-aluno da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (Feec) e presidente global da Qualcomm, uma das maiores empresas do mundo nas áreas de computação e telecomunicações. Marcada pela emoção, a cerimônia contou com a presença de professores e lideranças da universidade e da Qualcomm, além de familiares e amigos de Cristiano. 

O título de Doutor Honoris Causa é concedido pela Unicamp a pessoas que deram contribuições relevantes às ciências, letras e artes, além de terem prestado serviços importantes à sociedade e à universidade. Fazem parte da lista nomes como os de Oscar Niemeyer e de Dom Paulo Evaristo Arns. Cristiano Amon tornou-se o 29º Doutor Honoris Causa da Unicamp e o mais jovem a receber o título. A iniciativa foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) em 24 de setembro deste ano em reconhecimento à ascensão profissional e trajetória de sucesso conquistada por ele à frente da Qualcomm, empresa onde trabalha desde 2004 e assumiu a presidência em janeiro de 2018. 

Indicação de Cristiano ao título foi aprovada pelo Consu em setembro deste ano
Indicação de Cristiano ao título foi aprovada pelo Consu em setembro deste ano

Segundo Luiz Carlos Kretly, professor da Feec e um dos que lideraram o processo de indicação, nenhum outro profissional formado pela Feec chegou ao patamar conquistado por Cristiano, o que serve de exemplo a todos os alunos da universidade. "Para a Engenharia Elétrica, isso é uma consagração do nosso esforço, do ponto de vista de termos a formação de lideranças acadêmicas e do mundo industrial. Isso teve uma aceitação muito grande no departamento (de comunicações), foi para a Congregação e foi uma unanimidade a outorga do título ao Cristiano. Isso coroa o trabalho que a gente vem desenvolvendo ao longo das últimas décadas e é uma motivação para os nossos alunos, a gente fala em sala de aula: 'olha, um ex-aluno daqui é presidente mundial da Qualcomm', nem os alunos estão muito cientes da importância disso", comemora Kretly. 

Cristiano ingressou na Unicamp em 1988 no curso de Engenharia Elétrica e formou-se em 1992. Antes de ingressar na Qualcomm, ele trabalhou em empresas como Vésper e Ericsson, tendo em seu histórico a participação no desenvolvimento de tecnologias como a CDMA, 3G e 4G. Para ele, uma das grandes contribuições da universidade foi o estímulo a pensar além de suas possibilidades. "Na Unicamp eu aprendi não só os fundamentos da engenharia elétrica, mas a buscar informação, a enxergar e pensar um pouco mais à frente e me preparar para essas transições. Nunca houve tantas oportunidades na área de tecnologia e de engenharia como hoje e as distâncias são mais curtas, os alunos não precisam pensar só em Brasil. Você pode pensar no mercado global, tem transformações importantes acontecendo por causa da inteligência artificial, computação em núvem e o 5G. Eu acho que isso cria oportunidades de crescimento na engenharia e meu conselho é: você pode pensar grande", comenta o novo doutor. 

Relações mais próximas com grandes empresas

Antes da entrega do título, Cristiano participou de uma conversa com a imprensa sobre os projetos da Qualcomm para o país e a importância de a empresa estreitar os laços com as universidades. Estiveram presentes também Marcelo Knobel, reitor da Unicamp; Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina; Luiz Carlos Kretly e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp e professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW). Ele explicou que a empresa investe em pesquisas de curto, médio e longo prazo e que, para estas projetadas para 10 a 15 anos, a colaboração com as universidades é fundamental. "É justamente o papel da universidade fazer pesquisas de longo prazo, são coisas que realmente levam tempo. Eu acho que hoje as empresas têm muita dificuldade de fazer pesquisas de longo prazo e esse é um papel que a universidade brasileira pode atender", explica Cristiano. 

Envolvimento de universidades em pesquisas de longo prazo é importante para trabalho da Qualcomm
Envolvimento de universidades em pesquisas de longo prazo é importante para trabalho da Qualcomm

No início do ano, a Qualcomm anunciou a instalação de uma fábrica de semicondutores na cidade de Jaguariúna, na região metropolitana de Campinas, a partir de uma joint venture com a fabricante USI, de Taiwan. A proximidade com a Unicamp favorece o desenvolvimento de projetos em conjunto e abre possibilidades como a instalação de novos centros de pesquisa. De acordo com Marcelo Knobel, são relações que promovem o desenvolvimento pleno da sociedade. "Nós temos mitos no Brasil sobre a questão da universidade pública que não se verificam. Por exemplo, de que não existe a cooperação entre empresas e universidades. Talvez em algum momento isso tenha ocorrido, mas elas estão crescendo cada vez mais, é um crescimento exponencial da cooperação entre universidades e empresas. Existe também o mito de que é algo difícil, mas realmente não é. A gente tem o papel de fazer pesquisas de qualidade, de formar recursos humanos e é, realmente, por meio da educação a única maneira de fazer o país crescer", ressalta o reitor. 

"Estou vivendo muitas emoções"

Na plateia, amigos e familiares de Cristiano comemoraram o título e relembraram sua passagem como aluno pela Unicamp. Os mais orgulhosos foram os pais, que agora poderão celebrar mais uma conquista do filho. "Não é porque é meu filho, mas o Cristiano sempre foi um menino fora de série. Muito estudioso! E quando ele entrou na Unicamp ele tinha uma característica, ele não anotava nada. Eu comprava os livros e ele estudava por lá, isso fez ele se tornar autodidata. Até hoje, se ele quer saber de alguma coisa, compra o livro e vai a fundo", conta Salvador Amon, pai de Cristiano. 

Pais de Cristiano Amon, Salvador e Ana Maria comemoram a conquista do filho
Pais de Cristiano Amon, Salvador e Ana Maria comemoram a conquista do filho

A mãe, Ana Maria Amon, explicou ainda que o título de Cristiano é mais uma de muitas comemorações vividas pela família. "É uma emoção tão grande que não cabe no coração! Eu estou muito feliz também porque no sábado nós fizemos 50 anos de casamento, então estou vivendo muitas emoções", afirmou emocionada. 

Instalação de fábrica em Jaguariúna pode estimular parcerias entre Qualcomm e Unicamp
Título é reconhecimento pela ascensão profissional de Cristiano, inédita entre alunos formados pela Feec
"A gente tem o papel de fazer pesquisas de qualidade", destacou Marcelo Knobel
"Para a Engenharia Elétrica, isso é uma consagração do nosso esforço", comemorou Luiz Carlos Kretly
"Nunca houve tantas oportunidades na área de tecnologia e de engenharia como hoje", ressaltou Cristiano Amon
Cristiano é o mais jovem a receber o título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp
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Formado em Engenharia Elétrica pela Feec, presidente global da Qualcomm é a mais jovem personalidade a integrar lista de contemplados pelo título

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004