“Conhecimento é para ser partilhado”. Com esse mote o professor Marcus Vinícius Bonança, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, propôs um trabalho diferente para conclusão da sua disciplina, Eletromagnetismo II. Para além dos papers e exercício, os alunos deveriam preparar algum dos assuntos trabalhados durante o semestre para apresentar para a população na rua. O desafio seria não apenas encontrar paralelos entre as complexas as propriedades da Luz e a vida cotidiana, mas coloca-las em palavras acessíveis. A experiência foi posta em prática na última terça-feira (26), no centro de Barão Geraldo.
De acordo com Bonança, sua maior motivação foi chamar atenção para a ciência escondida por traz das tecnologias utilizadas no dia-a-dia. “O acesso da tecnologia é muito grande, mas há uma situação meio paradoxal. As pessoas têm objetos de tecnologia super avançada na mão, mas não tem ideia do que foi necessário para chegar ali”, afirmou. Segundo ele, muito do que é atribuído ao empreendedorismo empresarial é na verdade fruto de longo processo de geração de conhecimento. “As empresas abraçam aquilo que percebem que vai ser um produto final certo para elas”, completou.
Para os estudantes, a experiência pareceu um tanto inusitada. “Nunca tínhamos feito nada parecido nas outras matérias. Foi bom”, comentou André Mazzani, que cursa o terceiro ano de Engenharia Física no IFGW. Seu grupo optou por falar sobre ressonância magnética e encontrou grande receptividade. “Por incrível que pareça, falamos com diversas pessoas que vão fazer o exame daqui alguns dias. Então, foi bom porque pudemos explicar que o exame não é prejudicial à saúde e como a física está relacionada com ele”, contou Gabriel de Souza, do mesmo grupo.
Um dos abordados pelos estudantes foi Luiz Alexander Flores, professor de inglês e espanhol colombiano, que vive em Barão. Para ele, as informações vieram na hora certa, pois tem um amigo prestes a realizar o exame que está com vários receios. “Ele vai fazer o exame daqui dois dias e está com muito medo. A informação que eles passaram para mim vai servir para eu passar para o meu amigo. Eu agradeci muito. Parece que foi algo que planejado”, disse.
Desmistificar a imagem do cientista e da física, para Natália Westin, é um dos ganhos importantes desse tipo de experiência. “A parte legal desse projeto é que ele quebra aquela imagem do cientista que fica sempre preso no próprio laboratório e o conhecimento oculto apenas entre os intelectuais. O que a gente quer mostrar é que todo mundo pode entender os conceitos da física. Isso não precisa ficar restrito a apenas algumas pessoas”, relatou.