O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou, em sessão realizada na terça-feira (26), a criação do curso de Licenciatura em Teatro. A Universidade, com a nova graduação, passará a oportunizar formação para professores da área de artes cênicas, que poderão atuar em escolas de todos os níveis. A Licenciatura funcionará em período noturno e serão 25 vagas, ofertadas a partir do vestibular 2021, que ocorre no fim do ano de 2020.
O curso, que funcionará no Instituto de Artes (IA), surge de uma demanda antiga dos próprios estudantes, explica o coordenador da Graduação em Artes Cênicas, Rodrigo Spina, já que Campinas e região não possuem instituições de ensino com licenciatura nessa área. Ele também pontua que a proposta do curso surge de um contexto de mais de 30 anos de experiência no Bacharelado em Artes Cênicas, e que o novo curso também terá muita prática, propiciando ao futures professores que entendam o fazer teatral pelo próprio jogo cênico.
A Licenciatura em Teatro está em consonância com a inclusão do teatro, juntamente com artes visuais, dança e música, no campo das artes, integrando o currículo da educação básica, através da Lei n° 13.278/2016. A legislação, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), prevê que os profissionais sejam formados para atuar nesta demanda. A fim de contemplar a demanda de implantar esse componente curricular no ensino infantil, fundamental e médio, a lei fixou um prazo de cinco anos para que os sistemas de ensino promovam a formação de professores.
Rodrigo acredita que, com uma expansão do ensino de teatro nas escolas e com profissionais qualificados para esse ensino, haverá um impacto positivo na sociedade, na medida em que o teatro propicia se colocar no lugar do outro, gerando uma visão humana global. “A questão da intolerância e dicotomias sociais está muito pronunciada na contemporaneidade e o fazer teatral, que tem a alteridade em sua constituição, poderá trazer um impacto muito positivo para futuras gerações, ao fazer com que o indivíduo em sua formação aprenda a lidar com as diferenças a partir de seu próprio corpo”, observa.
Até que ingresse a primeira turma do curso, o professor explica que serão realizados encontros com estudiosos da pedagogia teatral, visando proporcionar uma experiência ao corpo docente e amadurecer a licenciatura. Ele também comemora que, num momento de desvalorização da profissão dos professores, a Unicamp dê esse passo importante.
Ingresso
A forma de ingresso será constituída de três etapas. Além da prova do vestibular, o candidato deverá passar por prova prática e por entrevista.
Ênfase do curso
O projeto pedagógico do curso, encabeçado pelos professores Rodrigo Spina e Verônica Fabrini, propõe a articulação entre pensamento, prática e estratégias pedagógicas, assumindo a prática como componente curricular como linha central estratégica. Nesse sentido, a Licenciatura dialoga com o Bacharelado em Artes Cênicas, tendo como ponto de conexão a ênfase Teatro e Comunidade. Esta área, pouco explorada no Brasil, é um campo fértil de atuação e desenvolvimento de pesquisas, produzindo impacto social.
Três eixos temáticos estão previstos na licenciatura: Técnicas e Processos de Formação do Educador em Teatro (o professor-pedagogo); Poéticas e Linguagens da Cena (o professor-artista) e Arte e Contexto (o professor-artista-no-mundo).
Campo de trabalho
Egressos terão a possibilidade de trabalhar em escolas de todos os níveis de ensino, cursos técnicos em Teatro e cursos superiores, atuando na preparação, planejamento, execução e avaliação das atividades teatrais. Além disso, o profissional estará habilitado a organizar atividades que congreguem professores, alunos, familiares e funcionários, como mostras, eventos culturais, festivais estudantis, festas comemorativas.
Outro ponto de atuação é em projetos governamentais de cultura, ONGs, grupos de teatro amadores/comunitários, grupos de teatro profissionais, realizando preparação de oficinas, workshops, cursos imersivos.
O profissional também poderá trabalhar nas áreas de empreendedorismo cultural, gestão e produção cultural, exercendo as funções de supervisão e gerenciamento de atividades culturais, tais como: curadoria, avaliação e execução de projetos, organização de eventos, entre outros.