Estudantes dos ensinos fundamental e médio de todo o Brasil que se destacaram neste ano na Olimpíada Brasileira de Informática (OBI) estão reunidos na Unicamp para participar da Semana Olímpica, um curso especial, que oferece atividades teóricas e práticas para aprofundar os conhecimentos em programação. As aulas são realizadas no Instituto de Computação (IC) da Universidade. No total, 91 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio participam desta edição da semana.
Os conteúdos são definidos a partir das modalidades em que os estudantes competiram da OBI. Alunos das modalidades Iniciação 1 e 2, que competem na olimpíada em provas de lógica, participam de cursos de introdução à programação. Já os competidores das modalidades Programação Júnior, 1 e 2, que precisam ter conhecimentos específicos em programação, algoritmos e estruturas de dados, têm aulas de programação avançada. De acordo com Ricardo Anido, professor do IC e coordenador da OBI, a ideia é que semana estimule os alunos a prosseguir nos estudos e a continuar participando da olimpíada. "O foco é: o aluno que não saiba programação, aprenda e chegue no ano que vem participando da categoria imediatamente superior. Mesmo que ele continue no ensino fundamental, a ideia é que eles vão progredindo, para que eles aprendam o mais cedo possível as técnicas de programação que precisam para chegar na olimpíada internacional", explica o professor.
Além das aulas de aprofundamento, a semana também está selecionando estudantes para as etapas internacionais da competição. Ao longo da programação, estudantes que conquistaram medalhas na modalidade Programação Nível 2 disputam 10 vagas para a Competição Ibero-Americana de Informática e Computação (CIIC) e, os quatro primeiros colocados nas seletivas, conquistam vagas para a Olimpíada Internacional de Informática (IOI) de 2020, que vai ocorrer em Singapura entre os dias 19 e 26 de julho. Os resultados serão divulgados nesta sexta-feira (6).
Computação presente nas escolas
A OBI é uma competição promovida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e organizada pela Unicamp. A proposta é estimular em alunos do ensino básico o interesse pela computação e trabalhar habilidades neles habilidades como o raciocínio lógico e o pensamento engenhoso para a solução de problemas. Ricardo Anido conta que um dos grandes objetivos é ampliar a presença da computação nas aulas e atividades desenvolvidas nas escolas. "A gente fez um grande esforço para colocar a computação no currículo oficial das escolas, desde o Ensino Fundamental. Fizemos muitas reuniões no Conselho Nacional da Educação e conseguimos colocar algumas coisas no currículo do Ensino Médio, que começa a ser implantado agora, então tem alguma coisa. A gente gostaria que fosse mais, mas já é alguma coisa", comenta o professor.
Ele também explica que o trabalho com a computação não agrega apenas conhecimentos específicos nos alunos, mas estimula habilidades que são importantes em outras áreas. "Uma diferença que se notou ao longo dos anos é o que a gente chama de raciocínio computacional, que é a organização das ideias para que a sua solução possa ser mais facilmente realizada por um computador, e com isso você consegue otimizar as coisas. Hoje em dia você precisa muito desse tipo de organização, para montar uma planilha, para fazer alguns cálculos, essa habilidade é necessária e envolve um pouco de programação. Mas é uma habilidade como qualquer outra, como aprender uma língua estrangeira ou estudar música, que estimula outras áreas do cérebro. Por isso a gente acha importante, como todo o resto, mas não tem espaço nenhum nas escolas", argumenta.
Outra vantagem aos competidores é a possibilidade de se candidatar às vagas olímpicas para ingresso nos cursos de graduação da Unicamp. Por meio dele, alunos que se destacam em olimpíadas de conhecimento podem conseguir uma vaga na universidade sem a necessidade de prestar o vestibular. Os resultados da OBI podem ser utilizados para pleitear colocações nos cursos de Ciência da Computação, Estatística, Sistemas de Informação, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Engenharias Civil, da Computação, de Controle e Automação, de Transportes, Elétrica e Mecânica. As vagas reservadas a alunos competidores e os critérios de seleção variam entre os cursos. Você pode obter mais informações na página da Comvest.
Alunos de todo o país
Pelos computadores dos laboratórios do IC, alunos de todo o país trocavam experiências enquanto aprendiam novas lições sobre vetores e princípios de programação. Camila Shida (11) veio de Bastos, no interior de São Paulo, e ficou empolgada em conhecer todas as possibilidades que o mundo da informática pode oferecer. "Desde pequena eu fazia coisas relacionadas à lógica. É minha primeira vez, estamos aprendendo muito mesmo! Vai nos dar muita experiência para o futuro", relata a garota.
Entre os que vieram de longe, Ana Júlia Costa (12) trouxe de Fortaleza a expectativa de aprender mais sobre o assunto e a consciência de que é um ramo promissor para o futuro. "Lógica eu sempre gostei, mas programação eu nunca tinha ido atrás. Tenho vontade de estudar isso, porque parece uma coisa que abre muito mais possibilidades em várias coisas, porque estudar abre muitas possibilidades, agora acho que programação abre mais. É muito interessante, as aulas são realmente boas, e na prática é quando eu aprendo mais". Questionada se deseja voltar nos próximos anos, ela não esconde a expectativa, apesar de saber que não será fácil. "Quero sim...vou tentar, né?", ri com alegria.