Unicamp cria programa para incentivar criatividade estudantil

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Foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) da Unicamp a criação do Programa de Projetos Estudantis Espontâneos PE². A iniciativa tem o objetivo de oferecer um espaço onde alunos de diferentes áreas da universidade poderão se reunir para colocar em prática projetos diversos, além de estimular uma cultura de inovação e de autonomia. O PE² terá como matriz o Espaço Plasma, ambiente que será instalado no galpão onde era localizado o antigo laboratório de plasmas do Instituto de Física Gleb Watagin (IFGW). A previsão é que local seja inaugurado ainda no primeiro semestre de 2020. 

Oficialmente, o PE² será um programa vinculado à reitoria da Unicamp, não sendo restrito apenas à matriz no Espaço Plasma. Com isso, a intenção é que outros espaços e laboratórios da universidade possam ser vinculados ao programa, formando uma rede de espaços maker disponíveis aos alunos. A ideia é semelhante ao Project Manus, rede do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, que agrega uma série de espaços maker comunitários. 

Segundo Gabriela Celani, professora da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e assessora da reitoria, o programa pode trazer grandes contribuições à formação dos estudantes. "A ideia do reitor de acolher projetos espontâneos é um reconhecimento que faz com que o aluno se forme na universidade não são apenas as atividades curriculares, nem as extracurriculares organizadas, mas também as espontâneas. O aluno pode pensar: 'nossa, isso que eu aprendi, eu poderia implementar de determinada maneira', sozinho ou com colegas, inclusive colegas de outras faculdades, eles podem fazer algo que venha a se tornar o início de uma startup. Então a gente não quer que a falta de um espaço para que essas coisas aconteçam seja um impedimento para que muitas ideias boas deixem de ser desenvolvidas", explica a professora. 

Gabriela Celani: "Muitas empresas, pequenas e até grandes, estão usando muitos espaços de coworking"
Gabriela Celani: "Muitas empresas, pequenas e até grandes, estão usando muitos espaços de coworking"

Para acolher o programa, o antigo laboratório de plasmas passará por uma reforma completa. O novo local contará com espaço de coworking, sala maker equipada com impressoras 3D, máquinas de corte a laser, fresadoras CNC e bancadas eletrônicas, salas para reuniões, área de eventos, estúdio para gravação de vídeos e podcasts, área de convivência e café. O espaço também contará com recursos para acessibilidade e sustentabilidade. Além de estar disponível aos alunos da universidade, ele também deverá oferecer cursos e atividades abertas à comunidade externa. 

Protagonismo estudantil e parcerias com empresas

As discussões para a criação de um espaço maker na Unicamp tiveram início em 2018, durante a 1ª Semana Maker da universidade, evento organizado pela Incubadora de Projetos AoCubo. Franco Sbragia, aluno de Engenharia Química e diretor de marketing da AoCubo, explica que as discussões realizadas ao longo da semana já indicavam que a universidade tem uma grande demanda por espaços do tipo. 

De acordo com ele, ao ser um programa ligado diretamente à reitoria, não sendo vinculado a uma unidade específica da universidade, há mais chances de atrair alunos de áreas diferentes. "Embora todos estejam presentes na universidade, muitas vezes um aluno de exatas não se desloca do meio dele para ir a um local das humanas, para ter ideias, para ter esse contato. Esse convívio diário, mais natural, pode criar muita coisa", comenta Franco. Após a semana, foi criado um grupo que reuniu professores e alunos interessados na criação do espaço. 

"Esse convívio diário, mais natural, pode criar muita coisa", comenta Franco Sbragia, diretor de marketing da AoCubo
"Esse convívio diário pode criar muita coisa", comenta Franco Sbragia, diretor de marketing da AoCubo

Na busca pelo melhor formato para o programa, o grupo visitou empresas da região que já trabalham com espaços maker, como Bosch, CPFL e CPQD. De acordo com Gabriela, as empresas têm o interesse de estar mais próximas dos estudantes da Unicamp e, com o PE², parcerias e colaborações podem ocorrer de forma mais fácil. 

Ela ainda analisa que, além de oferecer um local para a criatividade, a experiência de trabalhar em um ambiente como o Espaço Plasma vai preparar os alunos para as ocupações do futuro. "Muitas empresas, pequenas e até grandes, estão usando muitos espaços de coworking. A gente não tem esse tipo de espaço, real, em um laboratório na Unicamp. Então ao colocarmos um espaço de coworking no Plasma, os alunos aprendem a etiqueta de uso desses espaços, como não fazer barulho, reservar salas de reuniões, usar cabines telefônicas para não atrapalhar os vizinhos. Então existe toda uma forma de se comportar nesses novos espaços de trabalho, que não é mais aquele escritório fechado, que é interessante que nossos alunos conheçam", afirma Gabriela. 

Para Vicenzo Cesconetto, aluno de Engenharia da Computação e membro do grupo, incentivar essa cultura na Unicamp deve atrair ainda mais estudantes para a universidade. "Esse espaço vai mudar muito a Unicamp. Depois que se tornar uma cultura da universidade trabalhar nesse espaço, alunos vão escolher a Unicamp por causa desse espaço. Quando a pessoa escolher a universidade dele, ele vai escolher a Unicamp por causa disso", enfatiza Vicenzo. 

Todos podem participar

Além da construção do novo Espaço Plasma, as reuniões para definições de cargos e formação de equipes e comissões do PE² continuam em 2020. Elas são abertas a todos os interessados em conhecer o projeto e participar. O primeiro encontro está marcado para o dia 5 de março, às 12h15 na sala PB13, no Ciclo Básico II. Os interessados podem entrar em contato com os organizadores pelo e-mail aocubounicamp@gmail.com. 

Interessados podem participar das reuniões, que retornam no dia 5 de março
Interessados podem participar das reuniões, que retornam no dia 5 de março

Estudantes que conhecem a iniciativa demostram o interesse pela possibilidade de por em prática projetos pessoais. Estudante de Engenharia de Automação, Jay Costa Silva conta que busca no local uma oportunidade de incrementar seus trabalhos com automação de microscópios. "Existem alguns makerspaces em Campinas, mas nunca tinha visto nada na Unicamp, seria bem interessante pela proximidade dos estudantes. Faço iniciação científica, desenvolvo alguns projetos, mas agora gostaria de trabalhar em projetos mais pessoais", afirma Jay. 

Fernando Santos Filho também tem projetos pessoais para tirar do papel. O calouro buscava espaços do tipo em universidades do exterior e ficou feliz com a possibilidade de fazer isso em casa. "Eu me interessei porque apliquei para algumas universidades fora do Brasil e muitas delas, principalmente nos Estados Unidos, têm maker spaces dentro da universidade. Isso era uma coisa que me chamava a atenção e, no ensino médio, eu já tinha projetos pessoais, tanto que escolhi engenharia da computação, e eu queria dar continuidade a esses projetos dentro da universidade", relata o estudante. 

Confira na galeria imagens do projeto para o Espaço Plasma. 

Projeto do Espaço Plasma, matriz do PE²
Projeto do Espaço Plasma, matriz do PE²
Projeto do Espaço Plasma, matriz do PE²
Projeto do Espaço Plasma, matriz do PE²
Projeto do Espaço Plasma, matriz do PE²
Imagem de capa
Programa de Projetos Estudantis Espontâneos PE² contará com espaço maker e de coworking

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004