O Grupo de Pesquisa e Ação em Conflitos, Riscos e Impactos Associados a Barragens (CRIAB) da Unicamp realizou, na última quinta-feira (5), a última reunião geral de 2019, no auditório do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC). O objetivo foi traçar um balanço das atividades desenvolvidas ao longo dos dez meses do grupo e projetar os próximos passos de ação. O CRIAB foi criado em fevereiro deste ano, por um grupo multidisciplinar, no intuito de desenvolver estudos e ações que minimizem os impactos das barragens de rejeitos, que são aquelas criadas para armazenar resíduos decorrentes de processos de extração de minérios.
O professor do Instituto de Geociências (IG) e idealizador do CRIAB, Jefferson Picanço, afirma que as primeiras ações do grupo foram no sentido de consolidar uma equipe de trabalho. Unir potencialidades para dar uma resposta à tragédia, para ele, é um dos propósitos da equipe, que vem se dedicando ao desenvolvimento de projetos para viabilizar atividades de pesquisa, ensino e extensão relacionadas às questões decorrentes do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) e das barragens de rejeitos em geral.
“O que a gente se propõe é oferecer alternativas para mitigar os efeitos desses problemas, coisas que estão além do que o grupo de estudos da Vale ou o do que Ministério Público vai oferecer”, pontua Jefferson. Três Grupos de Trabalho (GT) estão mais consolidados até o momento: o grupo de Modelos e Barragens; o grupo de Educação e Sociedade e o grupo de Meio Físico e Biótico.
Com pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, o CRIAB entende que, ao falar de Brumadinho, é necessário relacionar o desastre a um contexto mais amplo, que envolve também o rompimento da barragem de Mariana (MG) e o panorama das barragens de rejeitos que ainda apresentam riscos. Por isso, o foco do grupo é mais amplo, abarcando as questões relacionadas às barragens de rejeitos.
“Ficou bastante claro que não dava para lidar com Brumadinho isoladamente, então é preciso recortar a área e associar sempre à região de Mariana também, assim como de Barão de Cocais que sofre continuamente a ameaça. O foco é lidar com rompimentos, ameaças de rompimentos ou a própria presença da barragem alterando consistentemente os modos de vida dessas pessoas”, observa Claudia Pfeiffer, pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb), docente do Programa de Pós-graduação em Linguística e integrante do GT Educação e Sociedade.
Claudia também destaca que o grupo está desenvolvendo projetos no âmbito da memória, visando o fortalecimento dos laços sociais e identitários das populações atingidas pelos rompimentos das barragens.
O CRIAB pretende atuar em ações de médio e longo prazo. “O que se vai fazer para mitigar a dor dessa comunidade, o que podemos fazer para ver se o rio vai estar contaminado, se pode usar a água ou o solo novamente: são essas respostas que estamos pensando”, diz o professor Jefferson.
Para abril de 2020, o grupo também planeja um evento nos formatos do Ciência na Rua, envolvendo a comunidade em geral nas discussões sobre as barragens.