Um grupo de quatro grafiteiros deu mais expressividade ao muro lateral da Diretoria Geral da Administração (DGA) da Unicamp. Através de uma parceria com a Diretoria de Cultura (Dcult), três artistas brasileiros e um suíço puderam deixar, para a comunidade acadêmica, uma mostra da sua arte, que também conta um pouco da história do graffiti.
O tema destacado no mural da DGA retoma um elemento chave na história do graffiti: o vagão de trem. “Tudo começou com os vagões de trem, que o pessoal grafitava em Nova Iorque. Quando o trem circulava na cidade, era uma forma de divulgação do trabalho. É sempre legal ter esse tipo de temática que resgata a cultura de como começou o graffiti”, explica um dos artistas responsáveis pelo trabalho, Angelo Bueno, ou Moai, conforme assina.
Para Angelo, ter a oportunidade de realizar este trabalho dentro da Universidade é uma forma de consideração a essa manifestação artística, que já foi estigmatizada. “O graffiti hoje já tem um reconhecimento artístico. Apesar de ser uma arte nova, já está consolidada. É sempre bom mostrar como é feito e, como aqui circula uma galera jovem, eles podem passar essa informação para frente, podem se interessar em fazer. Para a gente, é gratificante estar aqui dentro, sentimos que é uma conquista da própria cultura, que já foi um dia marginalizada”.
Os artistas Daniel Araújo (Odime), Robin Benson (Bens) e Batten são os outros grafiteiros responsáveis pelo mural na DGA. Batten, suíço, tem família em Campinas e, ao chegar na cidade, contatou os artistas brasileiros em busca de parcerias e locais para realizar graffiti.
Graffiti na Unicamp
As parcerias com a Unicamp podem ser observadas em alguns pontos do campus, como no Ginásio Multidisciplinar, no Arquivo Edgard Leuenroth, no Instituto de Artes e no Instituto de Economia. Neste último prédio, encontra-se uma obra do artista Paulo Ito, ex-aluno da Universidade.
Danilo Negreti, da área de ação cultural da Diretoria de Cultura (Dcult) da Unicamp, aponta que a Calourada de 2018, evento dedicado ao acolhimento de lunos ingressantes, foi um marco na valorização do graffiti dentro da Unicamp, com diversas intervenções pelo campus. “Isso trouxe uma visibilidade maior para a arte urbana e para a aceitação da arte urbana dentro do campus, o que fez com que a gente recebesse alguns pedidos de propostas de intervenção”, pontua Danilo.
Além dos graffiti em prédios da Universidade, já foram realizados eventos no Teatro de Arena, com demonstrações por diversos artistas. O diretor executivo da Dcult, Wenceslao Machado de Oliveira Junior, observa que esse tipo de ação reforça a importância de um povoamento cultural na Unicamp.
“Essas intervenções colocam na Universidade um conjunto de signos juvenis e populares pouco comuns nas nossas instalações e isso torna o grau de identificação dos jovens com a Universidade maior, amplia a presença artística dentro da Unicamp, tornando visíveis partes dos prédios que ninguém notaria”, afirma.