Começou nesta segunda-feira (13) a edição 2020 do programa "Férias no Museu", realizado pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp. Até o dia 24 de janeiro, crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, filhos de professores e funcionários da universidade, poderão participar de atividades lúdicas e educativas que prometem despertar a consciência sobre os cuidados que todos devemos tomar com o planeta e, ainda, animar os dias que ainda sobram de férias.
Neste ano, o tema do programa é "Terra 2.0" e tem o objetivo de fazer as crianças e jovens conhecerem mais sobre o trabalho dos cientistas e também refletirem sobre qual o planeta que eles desejam para o futuro, além do que é preciso fazer hoje para que esse mundo seja possível, como repensar a forma com que os recursos naturais são explorados e maneiras de se produzir energia de forma limpa e renovável. "A gente vai provocar as crianças a pensarem em uma nova Terra. Aliás, nós escolhemos esse como tema do ano para o museu. Em cada ocasião, vamos trabalhar um aspecto desse tema. A ideia é refletir sobre a Terra e pensar como ela seria no futuro", explica André Santachè, diretor do museu. Ele explica que as atividades dialogam com o que a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) define como nexo água-alimentação-energia, sendo que maior desafio para o futuro é mantê-lo em equilíbrio.
Os inscritos vão participar de atividades que envolvem a aprendizagem sobre as características das células, como a aprendizagem de máquinas podem auxiliar no combate a desequilíbrios ecológicos, os processos de purificação da água e as novas formas de produção de energia limpa e renovável. Elas são realizadas no Museu Exploratório de Ciências em dois dias da semana, uma turma às segundas e terças-feiras, outra às quintas e sextas-feiras, totalizando quatro turmas. A programação conta ainda com visitas ao laboratório de biocombustíveis Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e aos equipamentos de produção de energia solar da Faculdade de Energia Elétrica e Computação (FEEC).
Em prol da literacia científica
André Santachè explica que, por serem atividades trabalhadas sem o compromisso com avaliações formais comuns nas escolas, o programa consegue mostrar aos participantes a ciência de uma forma natural e atraente, despertando o interesse pelo conhecimento. "Nossa principal meta é fazer as crianças entenderem o que faz um cientista, por que isso é legal, como o cientista entende fenômenos do mundo, como funciona um método. Isso é bem valioso, a gente espera e acredita que isso vá despertar nessas crianças uma percepção da ciência que a gente chama de literacia científica, que elas aprendam a julgar, a tomar decisões e a entender a importância e o papel da ciência. Esse é um dos problemas modernos que a gente está combatendo, a falta de literacia científica", comenta.
Para ele, o grande destaque conquistado pelo Férias no Museu é a preocupação em manter a programação atualizada, em sintonia com o universo das crianças e as demandas da ciência e do planeta. "Um dos fatores que mostram o sucesso (do programa) é que muita gente volta. Nesse grupo, talvez 80% já deve ter participado antes. Por quê? Porque a gente nunca repete os temas, sempre oferece um novo programa, então a criança sabe que vai ver coisas novas. Nisso, o público se fideliza", analisa o diretor.
"Do que você mais gostou?" "De tudo!"
Durante a tarde do primeiro dia do programa, os temas foram energia limpa e o mundo das células. Enquanto uma equipe pensou em projetos que poderiam gerar energia a partir do movimento da água ou dos ventos, outro grupo investigou as estruturas das células de plantas. Murilo Clemente (10) gostou das atividades desse ano. Participante do Férias no Museu desde os seis, ele já pensa na possibilidade de trabalhar com ciência quando for adulto. "Toda vez que tem eu venho. No ano passado tinha uma atividade sobre espaço, e eu gosto muito do espaço, tem muitos segredos. Não sei se vou querer ser jogador de futebol ou cientista", conta Murilo.
As amigas Giulia Silva (11) e Júlia Santos (11) também gostam de ter a ciência por perto. "Acho muito legal aprender ciências. Meu tio é químico e ele sempre me mostra algumas coisas", comenta Júlia. Elas foram cuidadosas ao preparar as lâminas que seriam observadas pelo microscópio, oportunidade que não têm todos dos dias. "Estou gostando de tudo!", comemora Giulia, descobrindo um mundo novo a ser desvendado.