A Unicamp somou, entre os aprovados na primeira chamada do Ingresso 2020, 663 estudantes oriundos de fora do Estado de São Paulo, o que faz do percentual de estudantes de outros Estados o maior já registrado pela Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest). Dos 3.412 aprovados em primeira chamada, 19,4% são de fora do Estado de São Paulo. No ano anterior, a Unicamp teve entre os matriculados 11,9% estudantes de outros Estados. O índice contribuiu para aumentar a abrangência nacional do Vestibular Unicamp e demais formas de ingresso, de maneira a chegar a 26 unidades da Federação. Ainda estão previstas mais nove chamadas de convocados, até o final de março.
O dado é reflexo das novas modalidades de ingresso nos cursos de graduação da Universidade, implantadas em 2019, de acordo com o diretor da Comvest. José Alves de Freitas Neto comemora o fato de a Comissão haver registrado quase 20% dos aprovados vindos de diferentes partes do país e avalia que “Com as Vagas Olímpicas e o ENEM, temos a oportunidade de ampliar a diversidade dos estudantes quanto ao local de origem. No passado, a Unicamp foi reconhecida por seu Vestibular Nacional. Com a retomada das provas em várias capitais, desde o Vestibular 2018, e com as formas de ingresso adotadas desde o ano passado, a Unicamp busca os melhores estudantes onde quer que eles estejam e, dessa forma, fortalece a sua imagem como uma das principais universidades do país”, comentou.
Atualmente, o Vestibular Unicamp é realizado em cinco capitais e no Distrito Federal e o Vestibular Indígena em outros três Estados, de maneira que a Unicamp seleciona estudantes em um total de nove unidades da Federação, ou seja, 1/3 do país. A figura abaixo mostra o percentual de estudantes aprovados na primeira chamada, distribuídos por regiões.
Aprovados por regiões
RMC |
23,6% |
RMSP |
29,1% |
Outras regiões SP |
27,8% |
Outros Estados |
19,4% |
Lael Viana Lima é de Teresina, no Piauí, e foi aprovado para o curso 51 – Matemática, Matemática Aplicada e Computacional, Física e Engenharia Física. Ele prestou o Ingresso Unicamp 2020 em duas modalidades: o vestibular tradicional e as Vagas Olímpicas, e foi convocado em primeira chamada pela modalidade que usa apenas o desempenho em competições científicas para classificar os candidatos. Ao saber da aprovação, nesta quarta-feira (5/2), Lael comemorou. “Sempre gostei de matemática e quando comecei a buscar cursos na área, procurei conhecer mais a respeito do Curso 51 e acho que é uma das melhores opções. Além disso, já sabia da Unicamp e sua qualidade. Estou muito feliz e a ficha ainda está caindo!”, afirmou.
Lael ainda estuda, juntamente com a família, se será possível sua vinda à Campinas e estão avaliando questões como moradia e a logística para a mudança. Sobre a ideia que estudantes de outras regiões do Brasil têm de São Paulo e de Campinas, Lael disse que acredita muitas vezes haver uma visão equivocada. “Acho que por aqui não chega tanta informação sobre a região e as possibilidades de estudo. Além disso, muitas famílias daqui não têm condições de investir em uma boa educação para os filhos, o que pode acabar afastando muitos estudantes de prestar grandes universidades como a Unicamp”, disse.
Diversidade
Segundo a Comvest, a análise do perfil dos aprovados indica o novo modelo de prova adotado no Vestibular Unicamp 2020 e a diversificação das modalidades de ingresso (Enem, Vagas Olímpicas e Vestibular Indígena) como cruciais na manutenção das metas definidas, em 2017, pelo Conselho Universitário em relação à inclusão social. “Há várias formas de se ler os resultados: os dados globais e os dados por curso. Nos dados globais tivemos um pequeno decréscimo de estudantes de escola pública de 48,7%, em 2019, para 48,2%, nesse ano. Porém, quando observamos os dados por curso, notamos que 47 cursos têm mais de 45% de convocados vindos da escola pública”, observa José Alves.
Os dados por curso estão disponíveis na página eletrônica da Comvest e na tabela.
No Ingresso Unicamp 2020, o vestibular tradicional representou 75,7% das vagas e a modalidade Enem ficou com 18,7% do total de vagas oferecidas. Os outros 5,5% se dividiram entre o Vestibular Indígena (2,78%) e as Vagas Olímpicas (2,72%).
Em relação à inclusão de estudantes autodeclarados pretos e pardos, os dados demonstram que apesar de haver 35,2% entre os aprovados na primeira chamada, o percentual daqueles que optaram por participar do sistema de cotas étnico-raciais é menor: 28,8%. Na avaliação do diretor da Comvest, esse é um dado peculiar, considerando que as cotas cumprem um importante papel enquanto política pública capaz de aumentar a representatividade da população negra do Estado de São Paulo - de 37% - na Unicamp.
“Boa parte dos estudantes negros prefere disputar as vagas pela ampla concorrência e disso decorrem dois aspectos: os candidatos ouvidos no ano passado e, cruzando o perfil sociocultural desse ano, são candidatos com experiência escolar semelhante aos de ampla concorrência quanto à renda e ao tipo de escola”, explicou José Alves.
Antes da adoção das étnico-raciais cotas pela Unicamp, os índices de estudantes matriculados que se autodeclaravam pretos e pardos variavam entre 14% e 20%.
Aprovados por modalidade
|
Escola pública |
Pretos e pardos |
Indígenas |
||||
Modalidade |
Convocados |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
Vestibular Unicamp |
2.585 |
1.010 |
39,1% |
836 |
32,3% |
2 |
0,1% |
Enem |
639 |
510 |
79,8% |
347 |
54,3% |
0 |
0,0% |
Vestibular Indígena |
95 |
95 |
100,0% |
0 |
0,0% |
95 |
100,0% |
Vagas Olímpicas |
93 |
30 |
32,3% |
19 |
20,4% |
0 |
0,0% |
Total |
3.412 |
1.645 |
48,2% |
1.202 |
35,2% |
97 |
2,8% |