A Unicamp já está pronta para receber os novos estudantes de 2020. Neste ano, a Calourada terá a programação estendida ao longo de todo o mês de março e contará com diversas atividades orientadas para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. As ações vão se concentrar em quatro eixos principais, relacionadas às responsabilidades institucional, ambiental, econômica e social. Neste último eixo, a universidade propõe um programa inédito para facilitar a adaptação dos calouros à vida acadêmica e promover a aprendizagem colaborativa: a mentoria estudantil. Na tarde desta segunda-feira (17), coordenadores dos cursos de graduação reuniram-se com as professoras Daniela Gatti, coordenadora da Calourada, e Eliana Amaral, pró-reitora de Graduação, para conhecerem a fundo a proposta e discutirem as melhores estratégias de implementação.
A ideia do programa é estabelecer na Unicamp um sistema no qual, de forma voluntária, alunos veteranos atuem como mentores dos estudantes que ingressam na universidade. Com isso, os calouros podem contar com um colegas semelhantes a eles, que já vivenciaram as mesmas experiências e desafios, a quem podem recorrer para tirar dúvidas sobre a vida na universidade. Daniela Gatti comenta que o apoio dos mentores deve tornar a adaptação dos novos alunos mais tranquila. "Pontos que se relacionam com a vida acadêmica como um todo: tanto aspectos físicos, estruturais da própria universidade, como também aspectos acadêmicos, relacionado ao currículo do curso, a disciplina, as experiências que eles já tiveram", menciona Daniela ao comentar os tipos de dúvidas que podem ser sanadas pela mentoria.
"Conversar com quem é mais próximo faz a diferença"
Segundo Eliana Amaral, o programa de mentoria estudantil proposto pela Unicamp vai ao encontro de experiências bem sucedidas já registradas em outras universidades do mundo. "Mentoria é um programa bem estabelecido na literatura para que seja possível ultrapassar o que é habitual, que é a dificuldade dos estudantes nos primeiros dois semestres no Ensino Superior do mundo inteiro. Existe uma mudança, um novo ambiente, uma nova forma de se relacionar com o mundo, então é esperado que exista uma certa dificuldade. Certamente, conversar com quem é mais próximo de você e acabou de passar por essas experiências faz a diferença", explica a pró-reitora.
Os coordenadores dos cursos já estão recebendo e repassando à Pró-Reitoria de Graduação (PGR) as manifestações de interesse dos alunos que desejam atuar como mentores. Segundo a proposta, eles terão o acompanhamento de professores-tutores, também voluntários, que poderão orientar acerca de dúvidas ou outras questões que demandem atenção mais específica por parte da universidade. A ideia é que cada aluno mentor seja responsável por até cinco calouros, que deverão se reunir quinzenalmente para conversar sobre seus processos de adaptação.
Eliana Amaral explica que a troca de experiências entre os alunos favorece a aprendizagem, o que pode ser aplicado em outros espaços e situações da vida acadêmica. "Existe um princípio educacional nisso que é o da aprendizagem colaborativa. Por isso, a gente estimula que não seja um para um, porque ter um grupo heterogêneo discutindo os problemas retira as responsabilidades individuais, então não é uma responsabilidade só do mentor, existe um grupo que interage e acha uma solução. A gente quer que isso seja modelado para que eles apliquem, inclusive, em outras atividades em geral que eles têm no curso, com foco basicamente no primeiro semestre, para já modelar isso no primeiro semestre de curso", comenta.
Outra vantagem apontada pelas professoras é a de que a mentoria estimula os alunos a olharem para si mesmos e para sua participação na vida da Unicamp. Com isso, eles podem refletir também sobre suas responsabilidades como estudantes para a construção do dia a dia universitário. "As pesquisas apontam resultados favoráveis também no processo acadêmico dos próprios mentores. Não é só o mentorado que tem um benefício nesse programa, aqueles que são mentores também se beneficiam nesse processo de integração, eles conseguem olhar para o curso deles, porque ele se coloca para ajudar o outro, mas ao mesmo tempo ele se ajuda nesse processo. Isso é muito interessante nesse programa", analisa Daniela.
Diversidade e bem estar por completo
O programa de mentoria estudantil integra uma série de outros projetos da PGR, desenvolvidos em parceria com outros órgãos da universidade para que os calouros sintam-se parte da Unicamp e possam se integrar à vida acadêmica. Dentre eles, as professoras destacam a elaboração de um manual de convivência e cuidados com o bem estar na universidade, que será disponibilizado no início do ano letivo. "Isso tudo faz parte de um pacote em que, no bojo desse pacote, está o sucesso acadêmico do estudante. Com o perfil da Unicamp, a gente tem se preocupado muito com a diversidade. Mas não é só a diversidade pela diversidade, é pelo que ela representa e como isso se encaixa na permanência estudantil. Permanência é você estar bem no ambiente, adaptado ao curso, você se sentir parte e estar integrado aqui dentro. Então tudo isso é um pacote que se volta para como os estudantes podem ter uma experiência Unicamp mais positiva", argumenta Eliana Amaral.
Além da mentoria e dos projetos de bem estar, a Calourada 2020 contará também com atividades voltadas às demais responsabilidades relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Estão previstas ações como o plantio de árvores com tags eletrônicos para monitoramento ambiental, a inauguração de um quiosque de convivência com painéis de energia fotovoltaica, apresentações culturais, entre outras atividades.
A programação tem início no dia 27 de fevereiro com a recepção e matrícula dos calouros indígenas. No dia 2 de março será a matrícula presencial dos demais estudantes e no dia 3, o início do ano letivo com as atividades da Calourada. O cronograma completo, incluindo as demais ações que ocorrem ao longo do mês de março, estão disponíveis no site da calourada.