Teve início nesta terça-feira (3) uma nova etapa na vida de cerca de 3 mil novos alunos ingressantes nos cursos de graduação da Unicamp. O primeiro dia da Calourada 2020, evento tradicional de recepção dos calouros da universidade, contou com uma apresentação dos órgãos superiores e lideranças da universidade, além de uma palestra com o professor Leandro Karnal. A abertura do ano letivo também contou com uma mostra de órgãos e entidades estudantis no vão do Pavilhão Básico (PB).
As atividades da Calourada deste ano são todas voltadas à discussão e promoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. As metas definidas pela ONU projetam um futuro melhor para todas as pessoas até 2030 e a Unicamp reconhece seu papel enquanto universidade de buscar esses objetivos tanto nas pesquisas e inovações produzidas, quanto nas relações humanas estabelecidas.
"Somos todos humanos, mas precisamos estar juntos pelos humanos, pela vida na Terra. Quando a Pró-Reitoria de Graduação faz a opção para celebrar na Calourada os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, ela está fazendo uma opção pelos direitos humanos", explicou Néri de Barros Almeida, diretora executiva de Direitos Humanos da Unicamp. Segundo Néri, é importante que os alunos saibam dessa responsabilidade desde o início da vida acadêmica. "Eu gostaria que a ideia de direitos humanos na universidade nos ajudasse a refletir sobre o compromisso que a universidade tem com a garantia dos direitos humanos no presente e no futuro", comentou Néri.
Acolhida e ações de permanência
A abertura da Calourada também foi uma oportunidade para os estudantes já se conhecerem e construírem amizades. Incentivados pela pró-reitora de graduação, Eliana Amaral, eles tiveram alguns minutos para conversar com os colegas ao lado e reconhecer neles companheiros de caminhada. Eliana também lembrou os estudantes das ações e políticas da universidade voltadas a garantir a permanência e o bem-estar dos alunos. "A Unicamp é hoje, na nossa percepção, a universidade que tem o maior investimento em permanência estudantil. A Unicamp provê 911 vagas na moradia estudantil, além de bolsas para alunos que tenham índices de classificação social que se enquadrem nisso, provê alimentação para quem tem renda familiar menor que 1,5 salário mínimo per capta. Então temos uma série de coisas que também ajudam vocês a permanecerem e terem sucesso", ressaltou Eliana Amaral.
Ao fim da abertura, Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, compartilhou com os calouros um pouco de suas memórias como aluno da instituição. Ele contou que ingressou no curso de Física em 1986 e sabe o quanto eles podem estar apreensivos e até perdidos dentro do campus, mas que a universidade está de portas abertas para garantir que todos tenham uma excelente experiência nos próximos anos. "O que vocês terão aqui na Unicamp é algo único. Só pelo que foi apresentado aqui vocês veem a diferença da Unicamp para outras universidades, outras faculdades. É justamente na universidade que vocês têm a oportunidade de conviver com colegas de áreas como humanidades, biomédicas, exatas, tecnológicas, todo mundo realmente contribuindo para um ambiente rico", comentou Marcelo.
"Tudo o que há pela frente é um livro em branco"
Após as apresentações oficiais, as poltronas e corredores dos auditórios do Centro de Convenções ficaram cheios de olhos e ouvidos curiosos para a palestra de Leandro Karnal, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Com o tema "Universidade, Brasil e Projeto Pessoal", Karnal revelou aos alunos que sua inspiração para preparar a palestra partiu de um questionamento simples: "O que eu gostaria de ter ouvido aos 16 anos, quando entrei na universidade?" A partir de um breve relato de sua experiência como estudante e depois como professor da Unicamp, ele estimulou os alunos a refletirem sobre seu compromisso em construir sua própria trajetória dentro e fora do mundo acadêmico. "A universidade é muito boa, mas ela pertence a você. Ela não será feita por bons ou maus professores, será feita por você. Tudo o que há pela frente é um livro em branco. O que eu sei do futuro? Nada. Toda profecia é picaretagem", lembrou Karnal.
Leandro também esclareceu aos estudantes que, apesar de terem vencido uma fase exigente da vida, com cursinhos e vestibulares, o ingresso na Unicamp é apenas o início de uma vida cheia de desafios que exigirão deles o empenho constante. "A história não é recheada de gênios vindos de elites privilegiadas. A história é recheada de Machados de Assis, negro, neto de escravos, filhos de uma lavadeira do morro e que se tornou o maior gênio da prosa da Língua Portuguesa. A história tem mais Machados que aristocratas. Então não importa o ponto de onde você saiu. Se você chegou aqui, significa que esse ponto é um estímulo. O ponto do qual você nasceu, de onde você veio, a escola que você fez, explicam seu passado. Mas o futuro é determinado por escolhas", refletiu.
"Dá um medo de sair de casa"
Entre os novos estudantes, o sentimento era de alegria, mas também de nervosismo. Sair da casa dos pais, morar em outra cidade, ingressar em uma grande universidade e dar início à vida universitária é uma mudança que gera uma insegurança compreensível. É o que conta a paulistana Jéssica Terwedow (18), caloura do curso de Farmácia: "Dá um medo de sair de casa, mas eu já estou morando em um pensionato, conhecendo a galera. Está dando certo, minha mãe me apoiou bastante"
Foi pensando nisso que a Pró-Reitoria de Graduação (PRG), o Serviço de Assistência Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (SAPPE) e o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) lançaram a cartilha "Boas Práticas para a Promoção de Bem-Estar na Universidade". O material reúne uma série de informações e dicas aos alunos sobre como cuidar do equilíbrio e da saúde mental ao longo da vida acadêmica, além de orientar sobre os órgãos e serviços que podem auxiliar os estudantes em momentos de dificuldades. "Existem muitos serviços da Unicamp que podem ser usados, é importante que todos se engajem nisso", comentou Eliana Amaral ao apresentar a cartilha. Ela está disponível no site do SAE e pode ser acessada aqui.
Mas apesar da apreensão, os novos estudantes revelam um desejo de descobrir tudo o que a Unicamp tem a oferecer para que eles possam construir seu próprio futuro. O de Matheus Lopes (17) será embalado por muito ritmo ao ingressar no curso de Música Popular - Saxofone. "Música sempre foi um sonho para mim e a Unicamp tem uma qualidade de ensino muito boa, então acredito que grande parte dos jovens procuram o ensino daqui. Até agora o pessoal que conheci é bem bacana, bem simpático, gosta de uma folia também (risos). Pretendo fazer novas amizades e aprender bastante também, que é o principal", revela o jovem de Hortolândia.
As expectativas de Ana Laura Vieira (19) e Isabele Marques Sousa (19) também são as melhores possíveis. As amigas fizeram cursinho pré-vestibular juntas em Indaiatuba e agora comemoram a entrada, respectivamente, em Farmácia e Ciências Sociais. Para elas, fazer parte da Unicamp é um sonho realizado. "É uma área que eu me identifico bastante, gosto dos temas abordados, acho que é minha cara. Não tem outro curso que eu faria. Achei o pessoal do meu curso muito receptivo, muito gente boa, adorei os veteranos", afirma Isabele.
Elas também acreditam que a Calourada auxilia bastante no processo de adaptação na universidade. "A programação da Calourada proporciona uma integração muito forte. Eu sou de Farmácia e os outros veteranos, de outros cursos, vieram me acolher super bem, como se eu fosse do curso deles, todos muito receptivos", comemora Ana Laura.
A programação da Calourada 2020 segue até o fim de março e conta com diversas atividades. Confira a relação completa aqui. Veja também o recado de outros calouros no Fala Campus especial produzido pela TV Unicamp.