"Por mais duras as previsões para as próximas semanas, sei que a Unicamp estará à altura dos desafios que virão"

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À Comunidade da Unicamp 

A humanidade vive um momento de grande apreensão. Esta não é a primeira vez que uma pandemia ameaça as vidas de milhões de pessoas. No entanto, a rapidez com que governos e cientistas estão reagindo aos acontecimentos é inédita. Em um prazo incrivelmente curto, descobriu-se quem era o inimigo, programaram-se medidas de contenção e iniciou-se o desenvolvimento de defesas, na forma de remédios e vacinas.

Neste momento único, em que a proliferação de informações das mais variadas origens contribui de forma deletéria para a propagação do pânico, as universidades e a comunidade científica emergem como fontes de dados fidedignos e de pessoal altamente capacitado para enfrentar a pandemia e suas terríveis consequências – econômicas, políticas, de saúde pública.

As universidades, sobretudo as públicas, têm o dever de prosseguir com suas atividades, a despeito das restrições que a situação impõe a toda a sociedade. As pesquisas, por exemplo, não podem ser interrompidas. Elas representam um investimento social enorme, que não pode ser desprezado, nem minimizado.

Da mesma maneira, as universidades não podem interromper sua principal tarefa – a formação de pessoas – sem propor alternativas às aulas presenciais. Elas têm um compromisso com os estudantes e suas respectivas famílias, e com a sociedade que as financia. Tampouco podem deixar de divulgar conteúdo cientificamente correto e de participar de campanhas de conscientização da população. É o que todas as boas universidades do mundo vêm fazendo.

É preciso um grande esforço institucional para manter uma universidade do porte da Unicamp em funcionamento em circunstâncias tão excepcionais. Estamos recorrendo às tecnologias da informação para dar continuidade às aulas de graduação e pós- graduação, às defesas de teses e dissertações e aos cursos de extensão, bem como a boa parte do trabalho administrativo realizado em diferentes setores da Universidade. Em algumas áreas, porém, é impossível fazer tais adaptações. É o caso da área da saúde, que presta assistência exclusivamente pelo SUS a uma população de mais de 6,5 milhões pessoas e compreende, entre outras unidades, o único hospital de alta complexidade da região de Campinas e um dos poucos que são referência no Estado para o enfrentamento da COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

As atividades da área da saúde não podem de forma alguma ser interrompidas ou contingenciadas. Pelo contrário, precisam ser ampliadas e intensificadas para corresponder às necessidades deste momento crítico, que, segundo as projeções, tende a agravar-se nas próximas semanas. Para isso, precisamos apoio de todas as esferas de governo, desde a organização do sistema de saúde até mais recursos financeiros.

Internamente, a manutenção das atividades da área da saúde depende do funcionamento de outras instâncias da Universidade, especialmente as administrativas e as que prestam serviços de apoio. Aqui, é preciso fazer um esforço para enxergar a Unicamp como um organismo vivo, cujas partes dependem umas das outras e não podem, por isso, ser totalmente suprimidas ou paralisadas.

O restaurante universitário, por exemplo, precisa continuar funcionando para atender os funcionários da área da saúde e dos setores que a apoiam, além dos estudantes carentes que dele dependem para fazer suas refeições. Os serviços de transporte, vigilância e limpeza precisam ser mantidos, assim como o trabalho no setor de compras e no que processa a folha de pagamento, entre tantos outros que, de maneira quase imperceptível, cuidam de questões relevantes para toda a comunidade.

Nosso maior desafio é manter um sistema tão complexo em funcionamento sem expor seus integrantes a riscos desnecessários. Nesse sentido, iniciamos uma campanha de conscientização sobre procedimentos que ajudam a conter o avanço da doença e tomamos medidas para evitar aglomerações no campus, estimulando o trabalho remoto.

Pela natureza da situação, precisamos contar, mais do que nunca, com a compreensão, colaboração e dedicação de todos os profissionais da área da saúde e dos setores de apoio. Afinal, o surgimento da COVID-19 não fez desaparecer as outras doenças, bebês continuam nascendo e acidentes ainda acontecem diariamente.

Neste contexto, a área da saúde da Unicamp, já tão sobrecarregada, cumpre um papel social ainda mais relevante. É importante que a comunidade acadêmica e a sociedade em geral reconheçam o esforço e o empenho de todas as pessoas que, de uma maneira ou outra, fazem essa engrenagem funcionar. Cada pessoa é fundamental nesse processo, e são momentos como este, de gravidade nunca vista na história da Unicamp, que fazem a sociedade valorizar e compreender a nossa existência.

Por mais duras que sejam as previsões para as próximas semanas e até para os próximos meses, sei que a Unicamp estará à altura dos desafios que virão. Em nome da Universidade, agradeço a contribuição de cada membro da comunidade acadêmica para o enfrentamento desta crise de proporções inéditas – seja na linha de frente, trabalhando na assistência à população, ou nos bastidores, garantindo o funcionamento da área da saúde e tomando precauções que ajudam a conter o avanço da doença.

Agradeço também as inúmeras manifestações de apoio e disponibilidade de ajuda que tenho recebido, o que nos motivou a criar em conjunto com estudantes, funcionários, professores e entidades uma rede de solidariedade e voluntariado que já está ativa. Juntos, reafirmaremos mais uma vez para a sociedade, que nos mantém, a importância fundamental das universidades públicas para o bem-estar da população e o progresso do país.

Marcelo Knobel
Reitor

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Reitor Marcelo Knobel

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004