Seis projetos da Unicamp foram contemplados pelo edital “Suplementos de Rápida Implementação contra COVID-19”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O chamado da Fapesp, que se encontra em aberto até o dia 22 de junho, é destinado a pesquisas que visem atuar no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Os projetos aprovados até o momento, na Unicamp, são de pesquisadores do Instituto de Biologia (IB) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). O valor do financiamento é de até R$200 mil reais, que deve ser investido no prazo de 24 meses. Os recursos são utilizados em insumos, equipamentos e outros materiais necessários às pesquisas.
“Este financiamento da Fapesp é essencial para que a gente consiga fazer esse tipo de pesquisa. Os governos federal e estadual têm financiado pesquisas científicas ao longo de décadas. Isso faz com que tenhamos um corpo científico estruturado, qualificado e de prontidão para responder a problemas como a Covid-19. A Fapesp, que é movida com impostos pagos pela população paulista, é instrumental para a ciência de São Paulo, oferecendo oportunidades rápidas de financiamento em tempo de crise. Este é um excelente momento para prestar contas à população paulista sobre o financiamento que ela dá para a ciência”, avalia o professor do IB Daniel Martins-de-Souza, que coordena um dos projetos aprovados.
O pesquisador destaca que a dedicação da força-tarefa da Unicamp no combate ao coronavírus foi fundamental para que houvesse uma rápida submissão de propostas relevantes à Fapesp. “A mobilização da força-tarefa, que é liderada pelo professor Marcelo Mori e conta com uma série de unidades da Unicamp, possibilitou que nós tivéssemos projetos competitivos. Isso se deve à organização do grupo, que tem trabalhado dia e noite, de forma coordenada”, afirma.
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Para Daniel, é importante destacar que, embora os projetos tenham uma coordenação, todo o trabalho está sendo realizado em equipe. Alunos de pós-graduação e pós-doutorandos se somam aos esforços, que pretendem trazer respostas rápidas à população no combate à pandemia.
Além disso, ele evidencia que a Fundação de apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp (Faepex) também está investindo em projetos relacionados ao coronavírus. No momento, há um edital emergencial aberto, que destinará um aporte de até R$3 milhões para pesquisas em torno do enfrentamento à Covid-19.
“Nós, cientistas, somos capazes de escrever projetos científicos com perguntas relevantes porque somos um time pronto para isso, e isso se deve muito ao financiamento”, observa o professor.
Os projetos da Unicamp
No IB, os projetos aprovados são coordenados pelos docentes Daniel Martins-de-Souza, José Luis Módena, Marcelo Mori, Marco Aurélio Ramirez Vinolo e Pedro Manoel Mendes de Moraes Vieira.
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O projeto coordenado pelo professor Daniel Martins-de-Souza pretende compreender melhor como o coronavírus interage com as células do cérebro. Até o momento, sabe-se pouco sobre a atuação do Sars-Cov-2 (coronavírus causador da pandemia nos humanos) no sistema nervoso central. No entanto, como um dos sintomas associados à doença é a perda de olfato, estima-se que haja uma invasão do vírus nas células nervosas. Assim, a pesquisa visa encontrar proteínas que possam servir na compreensão da infecção e que também indiquem terapêuticos que possam ser utilizadas nos medicamentos.
O professor José Luis Módena é responsável pelo projeto que pretende avaliar a circulação e a diversidade genética do Sars-Cov-2 em Campinas, além de buscar biomarcadores que auxiliem em diagnóstico rápido da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e identificar novos antivirais que atuem no combate à doença, através de ensaios de triagem computacional e testes de atividade antiviral em cultura de células em laboratório. A equipe da pesquisa é multidisciplinar, envolvendo várias unidades da Unicamp.
O projeto sobre a relação entre envelhecimento e infecção pelo novo coronavírus tem como coordenador o professor Marcelo Mori. A pesquisa visa elucidar como o envelhecimento constitui o principal fator de risco para a Covid-19, fornecendo possíveis soluções para a pandemia. O caminho da pesquisa envolverá a identificação de proteínas e vias candidatas que possam prever a suscetibilidade à doença. Além disso, o estudo pretende desvendar os mecanismos moleculares através dos quais o envelhecimento contribui para a infecção pelo novo coronavírus. A avaliação de fármacos já aprovados para uso humano também incorpora o projeto.
O professor Marco Aurélio Vinolo coordena a pesquisa sobre impacto da microbiota intestinal e seus metabólitos na infecção por Sars-Cov-2, tendo por base estudos anteriores que demonstram que microrganismos presentes no intestino, e substâncias excretadas por eles, podem ajudar na proteção contra o vírus.
Objetivando elucidar mecanismos relacionados à infecção pelo Sars-CoV-2, a fim de que melhores tratamentos sejam dispostos à população, o projeto coordenado pelo professor Pedro Manoel Mendes de Moraes Vieira irá mapear vias metabólicas que precisam ser ativadas na resposta imune contra o Sars-CoV-2. Além disso, pretende estudar os fatores de risco que estão associado às manifestações mais graves da doença.
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Na FCM, os professores Licio Velloso e Maria Luiza Moretti são responsáveis pela coordenação da pesquisa que visa testar a eficácia de dois fármacos já aprovados para uso humano no tratamento da inflamação aguda e de rápida progressão, que tem levado à morte parte dos infectados pelo novo coronavírus. O estudo será realizado através de ensaio clínico com 180 pacientes internados no Hospital de Clínicas (HC) com quadro de edema pulmonar.
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