Assista à entrevista de Roberto Romano ao programa Direto na Fonte (Rádio e TV Unicamp)
Produção: Marcos Botelho e Patrícia Lauretti
Edição: Kléber Casabllanca
Entrevista: Felipe Mateus
Texto: Patrícia Lauretti
Regimes de governos totalitários promoveram, ao longo do século XX, uma política de extermínio de populações. Movimentos de esquerda e liberais, sobretudo em 1968, ao questionar a ação do Estado, estabeleceram uma espécie de supervalorização dos movimentos sociais, como alternativa para atender aos problemas da sociedade. Já a direita seguiu caminho invertido, negando a existência do estado como regulador da vida pública.
A partir desse percurso histórico, o professor de Ética e Filosofia, Roberto Romano, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), afirma que "não é de hoje esse pensamento privatista e elitista que valoriza mais a propriedade e o capital financeiro do que propriamente a vida pública".
O professor destaca que não existe uma polarização ou politização da pandemia de Covid-19 . "O que existe é uma politização anterior de questões que aparecem para o público como meramente técnicas, mas que na verdade são decisões políticas contra a sociedade, contra os mais pobres".
O Brasil está experimentando, na opinião do professor, um "pacote de negação completo". "No Brasil tivemos um soluço democrático, desde a Constituição, mas as viúvas da ditadura militar, da ditadura Vargas, estão presentes. Existe uma tradição no Brasil de menosprezo pela população e pelo povo mais pobre".
Segundo Romano, pela primeira vez na história brasileira, temos um governo cujos ministros, além de cortarem investimentos da pasta, combatem a ciência. O professor ainda lembra de célebres conservadores que tinham confiança na ciência. "Não estamos diante de um movimento conservador, estamos diante de um movimento que nega as bases do Estado, do Estado democrático de direito, do Estado republicano e as bases científicas que ajudaram a elaborar esse próprio Estado, é um desastre completo".