A impossibilidade de estar em contato com familiares, somado a incertezas sobre o desfecho da doença, podem ser fatores de angústias, medos e preocupações tanto para a pessoa acometida pela Covid-19 quanto para familiares. Para oferecer apoio emocional a pacientes e parentes, profissionais da área de saúde mental da Unicamp estão realizando atendimento virtual a estas pessoas.
Quando um paciente é internado pela Covid-19 no Hospital de Clínicas (HC), pontua Renata Azevedo, chefe do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é feita a tentativa de contato telefônico com a família, explicando sobre a possibilidade de atendimento. Além disso, é enviado um vídeo informativo sobre a proposta. “Entramos em contato com a família, realizamos um convite, falando sobre o apoio emocional à distância, principalmente porque eles não podem visitar os familiares e isso cria muita angústia. Essa é a proposta: que a gente possa atendê-los para dar um pouco de conforto aos familiares internados e também para os pacientes”.
Cinco residentes em Psiquiatria e duas professoras, Renata Azevedo e Clarissa de Rosalmeida Dantas, realizam os atendimentos, que podem ser agendados entre às 8h e às 22h. Devido à impossibilidade do contato presencial, tudo é feito virtualmente.
Ampliação da rede de apoio
O trabalho, conforme explica Renata, é fruto da expansão da rede de apoio que já vinha atendendo a profissionais de saúde do HC da Unicamp desde março, chamada Cuidando de quem cuida, vinculado ao Grupo de Apoio Virtual a Profissionais de Saúde (GAPS), do qual faz parte também a professora Rosana Onocko-Campos.
No âmbito da saúde mental, ainda existem outras duas frentes de atuação, além do atendimento a profissionais de saúde e aos pacientes e familiares. São eles: o Grupo Balint, coordenado pelo professor da FCM Roosevelt Cassorla, e o grupo Atendimentos de Escuta Psicanalítica online - Covid-19, coordenado pelo professor da FCM Mário Eduardo Pereira e pelo psicanalista Francisco Capoulate.
No primeiro grupo, voltado a profissionais da área da saúde mental, o foco é na discussão de casos clínicos e as questões emocionais relacionadas. No segundo, o objetivo é oferecer atendimento a profissionais de saúde de uma forma geral. Os profissionais que realizam esse trabalho também constituem uma retaguarda no caso de serem necessários mais profissionais para os atendimentos das demais rede de apoio.
Para a professora, o fortalecimento do cuidado em saúde mental neste momento é fundamental. “Às vezes a pandemia passa, ou se reorganiza de alguma forma, e os aspectos que marcam a saúde mental ficam. Já há experiências em outros países sugerindo que é providencial acoplar as medidas de saúde geral, que são fundamentais, às questões de saúde mental para lidar com inseguranças, dúvidas, incertezas”, analisa Renata.