Em meio a noticias ruins devido à pandemia C do COVID-19, surgem boas notícias. Algumas áreas do HC continuam funcionando como a oncologia, hemodiálise, pacientes em acompanhamento ambulatorial, emergências, transplantes e cirurgias de alta complexidade. Um dessas cirurgias, foi a da pequena I.R.C de dois anos de idade que possuía uma patologia rara conhecida como estenose traqueal congênita.
A professora Rebecca Maunsell à frente de uma equipe multidisciplinar com cirurgiões de vias aéreas e cirurgiões cardiovasculares, realizou pela primeira vez no hospital, no final de março, uma cirurgia denominada traqueoplastia por deslizamento. De acordo com Rebecca, a criança era acompanhada pela otorrinolaringologia pediátrica e estava internada na Enfermaria da Pediatria desde o mês de janeiro.
“Trata-se de um estreitamento congênito da traquéia em que a criança nasce com órgão mais estreito e com anéis cartilaginosos completos. A cirurgia era a única alternativa pois até mesmo uma traqueostomia estava contra indicada”, esclarece. Desde que nasceu a criança necessitou de várias intubações devido a insuficiência respiratória provocada pela estenose traqueal.
A professora detalha que algumas vezes o problema pode vir associado de malformações cardíacas e síndromes. Durante meses houve um planejamento entres as especialidades para a execução da cirurgia que foi bem sucedida. “O caso foi bem conduzido por todas as equipes até a alta hospitalar, sem complicações, 20 dias após o procedimento”, comemora Maunsell.
Ela explica, que em casos como esse, a manipulação endoscópica de vias aéreas é de alto risco e nos casos em que a estenose é importante, a única solução é a cirurgia. “A traqueoplastia por deslizamento é o tratamento preconizado e seu princípio é dobrar o diâmetro da traqueia com um encurtamento de seu comprimento”, detalha Rebeca.
Em casos como esse, diz a médica, o acesso à traqueia em toda sua extensão para a realização da cirurgia exige o emprego do procedimento em circulação extracorpórea – o sangue venoso é drenado para um reservatório e bombeado através de um oxigenador para o recipiente através de um tubo conectado à circulação arterial.
“Toda equipe de equipe de anestesistas, perfusionistas, cirurgiões cardiovasculares e cirurgiões de vias aéreas pediátricas estavam confiantes no sucesso”. O retorno da criança foi semana passada.
Matéria originalmente publicada no site do Hospital de Clínicas da Unicamp.