Professor Miguel Ribeiro recebe prêmio da Sociedade Britânica de Pesquisa em Aprendizagem de Matemática

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A Sociedade Britânica de Pesquisa em Aprendizagem de Matemática (British Society for Research into Learning Mathematics) concedeu prêmio de reconhecimento ao professor da Faculdade de Educação (FE), da Unicamp, Carlos Miguel da Silva Ribeiro (Miguel Ribeiro). O prêmio leva em consideração o impacto dos artigos publicados no Research in Mathematics Education journal, sendo concedido aos trabalhos que mais contribuíram para o campo de estudos em ensino e aprendizagem de matemática.

O artigo do professor foi realizado em coautoria com a pesquisadora Diana Zakaryan e aborda o conhecimento especializado do professor de matemática em particular no âmbito da Álgebra. Através da votação de pesquisadores da área, recebeu o prêmio, que é concedido anualmente. “É um reconhecimento pela qualidade do trabalho que desenvolvemos e é importante para o contexto da América Latina. Talvez contribua para que mais pessoas conheçam o foco e as discussões e possamos ter um diálogo mais produtivo em termos regionais para avançar no âmbito da pesquisa. Nós estivemos na origem das ideias da conceitualização do conhecimento especializado do professor e agora, passados uns anos, ver reconhecido o trabalho que fazemos como efetivamente contributivo para a pesquisa, para a formação e para a prática do professor é algo que deixa qualquer um animado”, afirma Miguel.

Ele explica que, de acordo com a pesquisa que vem desenvolvendo, de todos os fatores controláveis, o conhecimento do professor é o que tem mais impacto na aprendizagem dos alunos. “E se queremos melhorar em última instância o resultado dos alunos nos testes nacionais e internacionais, não é só questão de os treinar, mas também consequência de que aprendam efetivamente matemática. Só se aprende matemática se se entende o que se está fazendo, e o aluno só vai entender se o professor tiver um conhecimento que possibilite discussões matemáticas de qualidade”.

Por isso, uma das abordagens de Miguel é focada na formação dos professores. “É essencial nós pensarmos em quais tarefas iremos dar aos professores para que melhorem a prática futura ou atual com os alunos de modo que a regra não seja o ponto de partida, mas seja quando muito o final”, avalia.

Hoje, segundo Miguel, o que ocorre é o oposto: na maior parte das aulas os professores passam uma regra e aplicam uma bateria de exercícios até que os alunos acertem, o que não permite um entendimento de fato da matemática. “Então o que temos trabalhado é pensar em que tarefas são essas, quais são as dimensões que nós temos que considerar de modo a aumentar a qualidade do conhecimento e da prática matemática”, frisa.  

audiodescrição: fotografia colorida do professor Miguel Ribeiro
Professor durante gravação de aula para curso de formação de professores. Foto: acervo pessoal

Trajetória acadêmica

Miguel Ribeiro é graduado em Licenciatura em Matemática pela Universidade da Beira Interior, Portugal. Realizou o mestrado em Matemática pela Universidade de Coimbra, mestrado em Didática da Matemática pela Universidade de Huelva, Espanha, e doutorado em Didática da Matemática também pela Universidade de Huelva. 

O foco na área da educação, conforme aponta, foi motivado pelo interesse em melhorar as aprendizagens em matemática dos alunos de escolas. No doutorado, discutiu o conhecimento do professor que ensina matemática, em particular do primeiro ao quarto ano. O questionamento que o guiou foi pensar em que conhecimento revela o professor que ensina matemática e que conhecimento ele poderia ter para que os alunos entendessem o que fazem e por que fazem em todo o momento do processo de aprendizagem.

Durante o seu percurso acadêmico, durante e após o doutorado, foi visitante na Universidade de Oxford (Reino Unido); Universidade de Michigan (Estados Unidos); Universidade Autônoma de Barcelona; Universidade de Huelva (Espanha); Universidade Frederico II (Itália); Universidade Católica de Valparaíso e Universidade de los Lagos, Puerto Montt (Chile) e Universidade de Zacatecas (México). Efetuou um período de pós-doutorado na UESP-Rio Claro e na Noruega.

Na Unicamp, é professor desde 2016.  “Na Unicamp eu estou efetivamente fazendo o que eu pretendia fazer e o que eu gosto de fazer em termos de pesquisa, formação e extensão. Estamos tentando construir uma estrutura para que haja uma relação entre a Universidade e as escolas e entre a pesquisa e a prática dos professores nas escolas, porque para mim é impossível pensar na formação e na pesquisa de forma separada. São coisas indissociáveis”, compartilha.

Um dos seus interesses, na Universidade, é aproximar ainda mais as áreas da educação e da matemática. “Tem sido importante a relação com o IMECC [Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica] e a FE, numa tentativa de efetivamente aproximar a educação e a matemática para que possamos pensar em conjunto o que é formar professores e o que podemos fazer para melhorar a formação de professores”, avalia.

Para Miguel, aperfeiçoar o ensino e a aprendizagem em matemática demanda entender essa formação como um conhecimento específico e especializado. “Tal como é entendida que é específico e especializada a formação do médico, tem que ser entendida a formação do professor”.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004