Em cerimônia virtual realizada nesta quarta-feira (1), os representantes do Conselho Consultivo Fundador do HIDS assinaram o Convênio para a Criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.
Sobre o HIDS - O HIDS recupera parte das premissas vigentes na criação do polo de ciência e tecnologia em Campinas, mas vai além do objetivo de alavancar a vocação para ciência e tecnologia da região. Seu propósito é criar um distrito modelo de desenvolvimento urbano sustentável e inteligente na forma de um laboratório vivo. Sua missão é contribuir para o processo do desenvolvimento sustentável, agregando esforços nacionais e internacionais para produzir conhecimento, tecnologias inovadoras e educação das futuras gerações, mitigando e superando as fragilidades sociais, econômicas e ambientais da sociedade contemporânea.
A área de planejamento do Hub envolve os campi da Unicamp (incluindo a Fazenda Argentina, com 1,4 milhão de m2, contígua ao campus da Universidade, no Distrito de Barão Geraldo), da PUC-Campinas e da Facamp, e ainda todo o território do Ciatec II – Polo de Alta Tecnologia com 8,8 milhões de metros quadrados, totalizando 11,3 milhões de m2. A região do Ciatec II é identificada como Polo Estratégico de Desenvolvimento do município de Campinas onde estão presentes empresas e instituições de pesquisa de ponta, como o CNPEM, o CPQD, o Instituto Eldorado e o Centro de Inovação América Latina da Cargill.
Conselho Consultivo Fundador – A criação do HIDS requer um planejamento baseado em uma abordagem participativa. Buscando atender a essa premissa, foi criado o Conselho Consultivo Fundador do HIDS, uma instância consultiva à qual todas as decisões sobre o HIDS serão submetidas para discussão e conhecimento, com objetivo de contribuir na definição das atividades que poderão integrar o HIDS e nortear seu planejamento e a construção de sua governança.
Além dos reitores da Unicamp, Marcelo Knobel, e da PUC-Campinas, Germano Rigacci Junior, estiveram presentes a secretaria de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, Patricia Ellen, a secretaria de desenvolvimento econômico da Prefeitura de Campinas, Alexandra Caprioli, o diretor da Facamp, Rodrigo Sabbatini, o diretor do CNPEM, José Roque da Silva, o diretor do Instituto ELDORADO, Roberto Soboll, o presidente do CPQD, Sebastião Sahão Junior, a chefe-geral da Embrapa, Silvia Massruha, o vice-presidente da TRB Pharma, Paulo Dallari, o diretor de inovação da CPFL, Renato Povia e ainda Pedro Cláudio da Silva, diretor financeiro da Sanasa.
O Convênio é um acordo guarda-chuva (sem investimentos e custos financeiros) entre as 14 instituições que formam o Conselho Consultivo do HIDS, podendo abrigar acordos bilaterais, trilaterais ou multilaterais entre elas. Durante a cerimônia, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, assinou o documento que representa o nascimento oficial do HIDS e do seu Conselho Consultivo Fundador. “A partir desse momento, o HIDS pode iniciar a promoção do desenvolvimento e aprimoramento de diversas atividades entre os seus atuais integrantes, buscando, para isto, identificar e explorar as sinergias entre elas. Neste sentido, o convênio para o estabelecimento do HIDS é essencial para iniciarmos esta exploração e para darmos continuidade aos trabalhos de sua proposição”, afirmou Knobel. “Este é um marco fundamental para firmarmos os alicerces que permitirão que este projeto virtuoso e de longo prazo possa ser concretizado pelas futuras gestões que se sucederem em cada uma das instituições que compõem o HIDS”, disse o professor Marco Aurelio Pinheiro Lima, diretor da DEPI e coordenador do HIDS na Unicamp.
O HIDS está sendo concebido para atuar como um complexo de laboratórios vivos, com a intenção de se tornar um modelo internacional de distrito inteligente e sustentável. Para colocar essa ideia em prática, será fundamental mobilizar as demais instituições do Conselho Consultivo do HIDS no sentido de criar parcerias e sinergias, bem como atrair outros parceiros interessados em desenvolver tecnologias na abordagem dos laboratórios vivos. “O Convênio para a Criação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável é fundamental para isso”, complementou Lima.
Um laboratório vivo é baseado em um conceito de inovação aberta, na cocriação, integrando processos de pesquisa e inovação dentro de um contexto de parcerias público-privadas e operando em ambientes/territórios e comunidades de “vida real”. Esta abordagem permite avaliar o desempenho de um produto/tecnologia a partir da sua adoção potencial pelos usuários de determinado território e fazer projeções para sua adoção em termos globais.
Nesse sentido, o HIDS pode servir como um território de testes de tecnologias e/ou produtos que auxiliem no cumprimento dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da ONU, com forte potencial para encomendas específicas de governos dos diversos níveis. Alguns exemplos de aplicações que já estão sendo construídas são: água, energia, ciclo do alimento, biodiversidade, segurança sem muros, saúde e bem-estar, avaliação de sustentabilidade, direitos humanos, lixo zero, entre outros, mediadas por uma plataforma de gestão de dados. A partir de parcerias entre as instituições do HIDS, esses laboratórios vivos podem ser colocados em prática desde já e serão levados em conta na elaboração do master plan do HIDS.
A professora da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp e coordenadora do projeto físico-espacial do HIDS, Gabriela Celani, destacou ainda a importância de consultar os stakeholders e as pessoas que circulam nesse território para que estabelecer um processo participativo no planejamento de ocupação desse território. Além disso, o projeto conta com um grupo de trabalho inteiramente dedicado ao estudo do patrimônio. Coordenada pelo professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Wesley Rodrigues Silva, seu objetivo é estabelecer uma base de referência da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos do território. “O conceito de sustentabilidade que norteia a concepção do HIDS fundamenta-se no conhecimento e gestão de seu patrimônio ambiental e cultural. Esse conhecimento é fundamental para que o HIDS atinja seus objetivos e que a palavra sustentabilidade caia no lugar comum e que, embora componha o nome do projeto, que não seja parte de um discurso mercadológico”, disse.
Convênio com o BID – Em março desse ano foi assinado um convênio de cooperação técnica entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Prefeitura de Campinas e a Unicamp. Nos termos desse acordo o Banco vai investir o valor total de US$ 1 milhão, a fundo perdido, para a elaboração de um master plan inovador e arrojado, integrando iniciativas públicas e privadas para a região do HIDS. A secretária de desenvolvimento econômico, Alexandra Caprioli, destacou a necessidade de engajamento da Prefeitura em todos os grupos de planejamento do projeto. “Eu assumo o compromisso de ampliar essa participação junto à Prefeitura, para além da minha Secretaria e da Secretaria de Planejamento”, afirmou. Representando o governador de São Paulo, João Doria, secretária de desenvolvimento econômico do estado, Patricia Ellen, lembrou da importância de buscar modelos de financiamento do projeto no longo prazo. “Na verdade, o momento em que estamos representa, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade, de buscar financiamento do projeto no longo prazo. Um desafio, por conta da crise que estamos enfrentando, e uma oportunidade, pela ausência do Brasil na agenda de captação de recursos. Eu acho que vale a pena um esforço de discussão com potenciais financiadores, como fundos internacionais por exemplo. Nós colocamos à disposição do projeto nossos esforços institucionais nesse sentido, lembrando que os compromissos do Estado de São Paulo com o desenvolvimento econômico sustentável e com o Acordo de Paris”, declarou.