O curso Desenvolvimento de Atividades Maker para Apoio ao Ensino de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM) em Escolas de Ensino Fundamental II e Médio está com inscrições abertas até o dia 25 de julho. A capacitação, destinada a professores, faz parte da pesquisa de mestrado na Faculdade de Engenharia Elétrica (FEEC) da Unicamp do estudante Fabio Souza, e visa potencializar o uso de tecnologias no processo de formação de alunos.
Aprender a utilizar tecnologias em diversas áreas do conhecimento, segundo Fábio, auxilia os estudantes em qualquer área de conhecimento que desejem seguir carreira. Para isso, ele aponta que é necessário preparar os professores. “Nós identificamos que não adianta esperar que o aluno vai chegar nesse conteúdo se a gente não capacitar os professores. Quem está com alunos e quem vai fazer a diferença nesse processo é o professor. Então esse projeto visa capacitar os professores no uso de tecnologias”.
O pós-graduando pontua que o curso não restringe o público, mas é especialmente voltado aos professores que não são engajados com tecnologia, tentando mostrá-la como uma ferramenta que pode auxiliar no processo de ensino. “A criançada está chegando com o celular na sala de aula, com ferramentas tecnológicas, e muitos professores acabam não explorando essa tecnologia que está na mão deles. Por não conhecer as ferramentas, às vezes acabam bloqueando os alunos de usar a tecnologia porque o aluno não está usando de uma forma que não é adequada. A ideia que eles entendam que a tecnologia é uma aliada”, avalia.
Metodologia STEAM
A metodologia STEAM, na qual o curso oferecido está fundamentado, é uma abordagem baseada em projetos. Abrangendo e integrando as áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, ela visa estimular um conhecimento onde o aluno tenha maior autonomia no processo de aprendizagem.
“Essas novas tecnologias, especialmente baseadas em projetos, ajudam as crianças adolescentes e adultos a desenvolverem competências e não simplesmente decorar conteúdo. Eles vão desenvolver problemas e capacidades que vão usar para a vida toda. Eles vão entender, testar, argumentar, desenvolver pensamento crítico de uma forma mais engajadora. Não simplesmente sentar numa mesa e esperar que o conteúdo seja passado pelo professor. Essas tecnologias visam que sejam protagonistas do processo, absorvendo conteúdo, testando e tirando suas próprias conclusões durante o processo”, explica Fabio.
Conexão com problemas atuais
O orientador da pesquisa, professor da FEEC Fabiano Fruett, observa que a metodologia está conectada a problemas reais e atuais. Por isso, no curso, um dos projetos envolverá a criação de um sistema simples de rádio para identificar uma distância segura de distanciamento social. “É um sistema que identifica quando o outro rádio está uma certa distância. Isso tem um potencial para ensinar, ao retornar às aulas, o distanciamento seguro através de um software controlado”, diz o professor.
O projeto será desenvolvido através de uma aplicação utilizando a placa Micro:Bit. “Aproveitando o cenário de distanciamento social, faremos uma aplicação com os professores para que engajem seus alunos ao contexto atual. É uma aplicação para indicar se as pessoas estão numa distância segura. Se uma pessoa se aproximar da outra vai dar um aviso sonoro dizendo que a distância não é segura. Essa é uma das aplicações, em que em uma semana os professores poderão criar essa ferramenta aliada ao distanciamento social”, explica Fabio.
Apesar desse projeto utilizar a placa, o mestrando elucida que o curso estimula o uso de materiais recicláveis, para que não haja necessidade de tecnologias de difícil acesso.
O curso
O curso, oferecido pela Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp), tem início no dia 3 de agosto e terá duração de 12 semanas. Em formato de Ensino à Distância (EaD), permite que pessoas de outras regiões possam inscrever-se. O desenvolvimento do curso se dará em dois módulos: o primeiro com uma abordagem desplugada, em que serão realizadas atividades e dinâmicas que não necessitarão de qualquer material. O segundo será voltado ao desenvolvimento de atividades utilizando materiais como a placa Micro:Bit e sucatas eletrônicas.
Um piloto das aulas foi oferecido presencialmente durante oficina no programa Ciência e Arte dos Povos da Amazônia (CAPA), ocorrido na Unicamp em janeiro. Fabio observa que a experiência inicial, no CAPA, foi bastante positiva, validando a metodologia.
A capacitação faz parte do projeto Escola 4.0, que conta com uma equipe multidisciplinar e tem o propósito de oferecer aos professores, de ensino fundamental II e médio, a capacitação no uso de tecnologias acessíveis que permitam explorar e desenvolver habilidades multidisciplinares com seus alunos. Esse é o primeiro curso no âmbito do projeto.