Faleceu aos 84 anos de idade o ex-diretor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), o argentino Carlos Alfredo Arguelo. Ele estava em morte encefálica desde a última terça-feira (4) e na noite de sábado, dia 8, teve sua morte divulgada pelos familiares. Nascido em Lomas de Zamora, Província de Buenos Aires, o professor Arguelo desembarcou no Brasil em 1962 e chegou na Unicamp em 1968, junto com sua esposa Zoraide. Antes, eles faziam parte do corpo docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro.
Carlos Arguelo esteve envolvido por mais de 25 anos em projetos de divulgação e educação científica junto aos índios no interior do Mato Grosso. Seu primeiro projeto data dos anos de 1980 quando iniciou o projeto Inajá, no Araguaia. Seu projeto mais ambicioso consistia em registrar e comparar os céus vistos por 40 etnias indígenas brasileiras. Para isso, mantinha guardados os mapas celestes produzidos em suas expedições às aldeias no Estado do Amazonas.
Em Campinas, Arguello participou do pioneirismo do movimento de popularização da ciência ao fundar na cidade, também na década de 1980, o Museu Vivo de Ciências e o Planetário de Campinas, no Parque Portugal, hoje denominado Museu Dinâmico de Ciências de Campinas.
Algo que marcou a sua trajetória acadêmica foi quando sofreu a exoneração do cargo de diretor do atual Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW). Ele e outros sete diretores de unidades foram exonerados em um período de grave crise que ficou conhecido como “A Intervenção” e outros nomes foram designados para os cargos. Foram cinco meses de intranquilidade institucional. (Leia mais)
Além de diretor do IFGW de 1978 a 1982, também foi diretor-associado do mesmo instituto de 1973 a 1974 e 1976 a 1978. Carlos Arguelo é considerado um dos pioneiros na implantação do Laboratório de Óptica Física e do Núcleo Interdisciplinar para a Melhoria do Ensino das Ciências (NIMEC) da Unicamp em 1983, deste último tendo sido coordenador até 1993. Aposentou-se da Unicamp em 21 de fevereiro de 1994 e, em 1995, pouco antes de completar 60 anos, empreendeu praticamente sozinho uma travessia do Atlântico, das ilhas do Caribe até o porto de Gibraltar, no continente europeu. Para isso, contou apenas com a ajuda de um barqueiro, que o acompanhou no Top-hat, um veleiro de 75 pés.
Saiba mais sobre a trajetória acadêmica e pessoal de Carlos Alfredo Arguelo:
Um físico que vascula o céu dos índios (publicada em 29/10/2002)
Carlos Alfredo Arguello: Divulgando a ciência como um processo (publicada em 1/1/2001 na revista Brasiliana da Fiocruz)
Para reaver maioria, Plínio exonera diretores e decreta intervenção (capítulo 32 do livro O Mandarim)