Desde 2019, a empresa júnior de Engenharia de Controle e Automação, Mecatron, desenvolve projetos em parceria com o médico e professor emérito da Unicamp, Renato G. G. Terzi. Ele mantém um instituto em que oferece cursos para médicos-socorristas de capacitação para o procedimento de introdução do marca-passo por meio de tecnologia. A Mecatron foi contratada para oferecer soluções de aprimoramento do curso e uma primeira fase, denominada Projeto Vida, já está sendo utilizada para a ministração das aulas no instituto.
A motivação para os cursos de capacitação surgiu quando Renato Terzi identificou uma necessidade nos casos de emergência para implantar um marca-passo em pacientes cardíacos. Segundo o médico, os clínicos gerais, muitas vezes, não estavam preparados para realizar o procedimento, sendo necessário aguardar a chegada de um médico cardiologista. O tempo de espera, no entanto, é decisivo para o paciente que pode não resistir até a chegada do especialista.
O Projeto Vida recebeu prêmio de case de impacto em evento de empresas juniores em Brasília, organizado pela Federação de Empresa Juniores do Distrito Federal.
Como funciona o Projeto Vida?
O método de simulação desenvolvido pela Mecatron consiste na possibilidade da inserção de um cateter com o marca-passo em um manequim que representaria o paciente com quadro de problemas cardíacos. As veias artificiais são representadas por canos desenvolvidos pela empresa júnior que levam ao coração do manequim, local em que estão instalados sensores.
O gerente comercial da Mecatron, João Vitor Crotti Figueiredo explica que a técnica de inserção do cateter é fundamental para o sucesso do procedimento e consiste na etapa principal do curso. "Por meio de diversos sensores, é possível visualizar em uma tela se está introduzindo o cateter de forma correta ou não", esclarece. Toda simulação é realizada com professores ao lado que orientam sobre os detalhes do processo.
Projeto Pulso
Atualmente, a empresa júnior está desenvolvendo outro projeto com o médico. Trata-se de uma continuação do Projeto Vida, que desta vez levou o nome de Projeto Pulso. O objetivo consiste em intensificar ainda mais o aprendizado imersivo para implantação de um marca-passo. Neste caso, os estudantes pretendem desenvolver uma maior interação entre o marca-passo e o coração para realizar a simulação.
Uma vez instalado no manequim, seria possível configurar o dispositivo para que se obtenha uma resposta desejada do coração. A simulação seria feita em tempo real. "Este aspecto consiste em uma enorme evolução tecnológica e de inovação. No Projeto Vida utilizamos imagens e diversos sensores. Já no Projeto Pulso vamos desenvolver algo que se aproxima muito do estímulo real do coração. É como se fosse um coração artificial”, avalia Figueiredo.
O estudante acredita que os sistemas desenvolvidos pela Mecatron auxiliará na formação de médicos-socorristas ao elevar a sua formação técnica. "Salvará vidas ao permitir um melhor atendimento dos pacientes", avalia. João Vitor Figueiredo lembra ainda que o trabalho realizado pela empresa envolve dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que seria a de número 3 - sobre saúde e bem-estar -, e a número 4 - diz respeito à educação e qualidade de vida.
Empresas juniores
As empresas juniores (EJs) são entidades estudantis que dão aos alunos a oportunidade de realizar projetos para a comunidade local. Nas EJs os alunos podem colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula ainda na universidade e resolver problemas reais de pequenos e médios empresários. Além disso, as EJs cobram valores cerca de 35% menores em relação ao mercado tradicional, colaborando com o ecossistema de micro e pequenos empresários.
Segundo o Núcleo Campinas de Empresas Juniores, que representa as EJs da cidade de Campinas e mais sete cidades da região, apenas no ano passado foram mais de 600 projetos desenvolvidos por essas organizações. Este ano já somam mais 290.
Assista ao vídeo do médico Renato Terzi explicando sobre o funcionamento do Projeto Pulso.