Invasões a encontros virtuais preocupam Diretoria Executiva de Direitos Humanos

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Plataformas digitais como Google Meets ou Zoom têm sido a alternativa para que encontros e reuniões continuem ocorrendo durante a pandemia do coronavírus. Mas um aspecto negativo da facilidade de acesso proporcionada por esses ambientes virtuais têm exposto intolerâncias e preconceitos em eventos que discutem temas sensíveis aos Direitos Humanos, como as lutas dos movimentos negro e indígena, e preocupado a Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH) da Unicamp. Casos frequentes de invasões e ataques virtuais, registrados desde o inicio da pandemia, chamam a atenção para a importância de medidas que aumentem a segurança desses encontros e reduzam esse tipo de violação. 

"As invasões ocorrem em pautas que são sensíveis aos Direitos Humanos, que falam de minorias, tensões sociais, pautas que a política passou a tratar como uma disputa entre o bem e o mal nos últimos anos, e que na verdade são lutas históricas. São essas as vítimas maiores e que envolvem nossas pautas", comenta Josianne Cerasoli, coordenadora do Observatório de Direitos Humanos da Unicamp. De acordo com a professora, são três os tipos mais observados de ataques: as invasões que ocorrem apenas para promover a desordem e desviar o foco do tema discutido, a negação das falas expostas e silenciamento de participantes até o crime de racismo. 

Ela observa que o fato de os encontros e reuniões serem realizados na modalidade virtual, em que as pessoas estão distantes fisicamente, pode estar abrindo mais espaço para esses ataques que desrespeitam a diversidade e impedem que todos possam se manifestar com equidade. "O respeito à opinião divergente é inegociável na democracia. Eu posso muito bem discordar de tudo o que você pensa, mas é minha obrigação preservar seu direito de fala. Isso também é uma pauta dos Direitos Humanos", destaca Josianne. 

Ataques sistemáticos preocupam, mas é possível prevenir 

Segundo os professores Sandro Rigo, diretor geral do Centro de Computação da Unicamp (CCUEC), e Marco Antonio Garcia de Carvalho, coordenador do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE), as plataformas de videoconferência são projetadas de forma a facilitar a operação e o acesso a diferentes pessoas. No entanto, a maior parte delas não previa em seus recursos de segurança a grande ampliação no número de usuários provocado pela pandemia e os problemas recorrentes desse aumento. Eles lembram que, no caso da Google Meets, usuários de fora do domínio da Unicamp precisam de autorização para participarem de videochamadas, o que já configura uma barreira de segurança. Porém, a plataforma ainda é de uso simples, o que pode facilitar a ação de pessoas mal intencionadas. 

foto mostra o professor marco antonio, do ggte, sentado à mesa fazendo um gesto com a mão. ele veste camisa polo amarela
"Quanto maior a facilidade para o usuário, menores vão ser as travas de segurança", avalia Marco Antonio Carvalho

"Quanto mais inclusiva for uma plataforma de videoconferência, maior a possibilidade de haver alguma invasão dessa natureza. À medida em que você não precisa de um login, de uma senha, não precisa ser aluno da Unicamp, que você pode acessar do computador ou do celular, não precisa instalar plugins ou extensões, ou seja, quanto maior a facilidade para o usuário, menores vão ser as travas de segurança", pontua Marco Antonio. 

Para que haja mais segurança nas reuniões virtuais, os professores observam que é preciso diferenciar os encontros restritos a um grupo ou a apenas convidados de palestras, seminários ou rodas de conversa, cujo objetivo é justamente serem abertos a várias pessoas. No primeiro caso, a principal recomendação é o cuidado com a divulgação dos links para acesso, que não deve ser disponibilizado em redes sociais ou grupos de WhatsApp. 

Sandro Rigo orienta que os organizadores optem pela divulgação do link por e-mail, por meio das ferramentas oferecidas pelas plataformas. "O organizador da reunião cria o encontro na agenda dele e inclui nas configurações só as pessoas que devem receber o link por convite. Aí o link vai para o e-mail pessoal de cada um. Claro que você não pode garantir que um desses convidados não divulgue o link de forma externa, mas já é algo diferente de esse link estar disponível de forma pública, em uma página do Facebook ou algo do tipo", explica. 

Já no caso de eventos virtuais abertos, não existem muitas ferramentas de controle, sendo que a principal forma de prevenir qualquer tipo de ataque é manter a atenção com o que ocorre ao longo da reunião. "Quando existe essa preocupação com uma possível invasão, que possa causar algum tipo de transtorno, quem acaba tendo mais trabalho é o organizador da reunião, ele quem precisa ter mais cuidado durante a reunião", comenta Sandro. Ele orienta que uma medida que pode facilitar esse trabalho é compartilhar a função de moderador dos encontros virtuais com outros usuários. Assim, uma pessoa pode ficar atenta a qualquer comportamento inadequado, desativar microfones ou até excluir pessoas da videochamada enquanto outras cuidam da apresentação ou mediação do debate. 

foto mostra o professor sando rigo falando ao microfone. ele veste terno
Sandro Rigo explica que, quanto maior o trabalho dos moderadores das reuniões, mais seguros são os encontros

Outra dica é a de sempre lembrar de nomear a reunião com um título específico, que vincule o evento a sua finalidade. Marco Antonio explica que nomes genéricos podem facilitar a busca e o acesso de pessoas que queiram atrapalhar o andamento de atividades como aulas ou seminários. "A Unicamp tem aproximadamente cinco mil disciplinas de graduação e pós-graduação por semestre. Se todo mundo for no Google Meets e criar uma disciplina chamada 'aula', qualquer pessoa na Unicamp que buscar por uma sala 'aula' vai encontrá-la, e por ser da Unicamp, vai poder entrar", esclarece. Ele ainda lembra que é importante, sempre que possível, gravar os encontros, pois caso algum ataque ocorra, a ação ficará registrada e pode facilitar a responsabilização dos envolvidos. 

Novas ferramentas ampliam a segurança

No início de agosto, o Google anunciou novas ferramentas para o Meets e o Classroom que devem ampliar as possibilidades de interação com os participantes nos ambientes virtuais e, do ponto de vista da segurança, darão mais recursos de moderação aos organizadores das reuniões. As novidades podem ser conferidas aqui

Outras orientações de segurança estão disponíveis na página de suporte do Google Meets e também reunidas no link "ferramentas úteis" no site da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).

Confira as orientações para uso seguro dos ambientes virtuais:

1. Precauções para evitar sequestros de salas e invasões indesejáveis e/ou criminosas:
- não tornar públicas as salas de suas videoconferências (preferencialmente, pedir uma senha ou aprovação prévia de cada visitante);
- evitar compartilhar o endereço (link) da chamada em redes sociais; divulgar o endereço em grupos fechados ou individualmente;
- não clicar em endereços (links) para reuniões recebidos de fontes desconhecidas;
- verificar configurações da plataforma para reduzir as permissões: para compartilhamento de tela (apenas o anfitrião), controle/autorização para entrar na sala, 
controle de fala e imagem (anfitrião autorizado a vetar participação) e controle de presença (anfitrião autorizado a remover participante. 

2. Postura em caso de invasão ou sequestro de reunião:
- esclarecer assim que possível a todos que se trata de uma ocorrência inesperada e anunciar que outro link será enviado para a reunião; 
- gravar a ocorrência com os recursos da plataforma;
- encerrar a reunião; 
- criar outro convite/link para retomar a atividade. 

3. Sugestões para aperfeiçoar a comunicação:
- organizar a dinâmica da reunião previamente (preferencialmente, habilitar somente o microfone de quem fala, para evitar interferências de outros sons);
- atenção à preparação técnica: iluminação (evitar posição contra a luz) e altura da câmera (altura dos olhos).
 

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imagem mostra ilustração de um laptop com um simbolo de perigo na tela

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004