O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, inaugurou nesta quinta-feira (3/9), a sala de apoio à hemodiálise intra hospitalar do Hospital de Clínicas da Unicamp. A nova área de terapia contará com quatro terminais de hemodiálise com rede de água tratada por osmose reversa. A sala fica próxima à enfermaria de Nefrologia (5° andar) e deverá realizar cerca de 180 sessões mensais de hemodiálise, o equivalente a 40% de toda a demanda do hospital.
A nova área será responsável pela hemodiálise de pacientes internados portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, que tem condições clínicas de locomoção até a sala. Já os pacientes que não podem se deslocar até a sala – cerca de 60% – continuarão sendo dialisados com equipamentos móveis em seus leitos. O novo espaço, além de ser exclusivo e adequado às normas técnicas, vai proporcionar para o hospital, uma economia de até 80% no custo de cada sessão de hemodiálise.
Segundo o coordenador de Administração do HC, Rodrigo Bueno de Oliveira, o projeto estava planejado desde 2015, e, além da economia e do ambiente mais humanizado, vai racionalizar o uso dos recursos humanos e ampliar a oferta de hemodiálise para os pacientes renais internados. “A economia pode chegar a R$ 1,5 milhão por ano e com isso, podemos utilizar esses recursos em outras necessidades assistenciais do nosso hospital”, explica Oliveira.
O arquiteto Eduardo Corradi, responsável pela obra, esclarece que na área com 45 m2, ocorreram adequações de climatização, montagem de pia e bancada, substituição de pisos, instalação de portas, além da execução de uma nova rede elétrica, hidráulica e TI. O destaque é para um novo sistema de osmose reversa para o tratamento de água da hemodiálise.
Sala Dr. Willem Johan Kolff – A nova área recebe o nome do médico holandês Willem Johan Kolff (1911-2009,) considerado o “pai dos órgãos artificiais”. Com a ajuda do engenheiro Hendrik Berk, ele desenvolveu, em plena 2ª Guerra Mundial durante, a primeira máquina de hemodiálise para substituir a função dos rins de pacientes com insuficiência renal. Seus experimentos sobre a difusão da ureia tiveram início na primavera de 1940, quando mudou-se para a pequena cidade de Kampen devido a invasão da Holanda pela Alemanha
A primeira sessão de hemodiálise bem sucedida com um “rim artificial” de tambor giratório, aconteceu no dia 3 de setembro de 1945, em uma mulher de 67 anos que, ironicamente, atuava como colaboradora dos nazistas. A técnica usou diversas peças disponíveis à época como ripas de cama, uma banheira, membranas de celulose e diversos conectores de tubulação de cobre (foto).
Quando a guerra terminou, Kolff doou a tecnologia de seus rins artificiais a outras instituições em Londres, Amsterdam, Polônia e para os EUA que realizou a primeira diálise no país, em 1948. Dois anos depois, Kolff mudou-se para os Estados Unidos e atuou em vários hospitais universitários. Aposentou-se em 1997, encerrando a carreira na Universidade de Utah após 30 anos. Kolff foi condecorado com mais de 120 prêmios internacionais e figurou na revista Life Magazine entre as 100 pessoas mais importantes do século 20.
Em setembro de 2002, o Dr. Kolff recebeu o Prêmio Albert Lasker de Pesquisa Médica Clínica, a maior homenagem da medicina americana. O comitê de premiação citou o Dr. Kolff pelo “desenvolvimento da hemodiálise renal, que mudou a insuficiência renal de uma doença fatal para uma doença tratável, prolongando a vida útil de milhões de pacientes”. Ele morreu em sua casa em Newtown Square, Pensilvânia, poucos dias antes de seu 98º aniversário.
Matéria original e fotos da inauguração foram publicadas no site do HC da Unicamp.