Novas tecnologias têm o potencial de trazer inúmeros benefícios. Mas, também, cada uma delas é fonte de novos problemas. Os avanços nas tecnologias científicas e digitais das últimas décadas permitiu que um volume massivo de dados seja captado e distribuído, com relativa facilidade, entre grupos de pesquisa de todo o mundo. Mas a quantidade de informações é tão grande que novas diretrizes sobre como organizá-las e geri-las precisam ser criadas.
Atualmente, o compartilhamento de informações entre pesquisadores do mundo inteiro é algo bem visto e estimulado na comunidade internacional. É o que se chama de “ciência aberta”, fruto das inovações tecnológicas que a internet acelerou nos últimos anos. De um lado, compartilhar informações permite que grupos analisem dados sem precisar realizar novas coletas e tenham em mãos informações que, por conta própria, possivelmente não conseguiriam obter. Por outro, o compartilhamento dos dados, em si, não é algo trivial. Envolve desde questões práticas – como a organização da informação em bancos de dados padronizados – até legais, referentes à privacidade dos indivíduos envolvidos.
Nesse contexto, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recentemente criou o Grupo de Estudos sobre Abertura e Gestão de Dados, com o objetivo de discutir e apresentar iniciativas que possam auxiliar o Brasil a vencer os desafios relacionados à produção, abertura e gestão de grandes volumes de dados no exercício dos diversos campos científicos no país.
O Grupo de Estudos – que conta com a participação da médica Iscia Lopes Cendes, pesquisadora do Cepid Brainn e membro titular da ABC – acaba de lançar a primeira versão de um documento sobre o compartilhamento de dados para pesquisa no Brasil, trazendo sugestões de como esse processo pode ser gerido pelos pesquisadores, legisladores, pelas instituições e agências de fomento no Brasil.
Link para acesso direto ao arquivo e, abaixo, o texto de divulgação da ABC sobre este lançamento.
Tópicos discutidos no documento:
- Ciência aberta, dados abertos: visão geral;
- Avaliação das tendências internacionais sobre a abertura e a gestão de dados, incluindo os modelos adotados pelas instituições de pesquisa e agências de fomento;
- Repósitórios de dados temáticos abertos;
- A pandemia de Covid-19 e o movimento mundial pelo compartilhamento de dados abertos;
- Potenciais aplicações de dados abertos em algumas outras áreas científicas;
- Impactos sociais e aplicações de dados abertos para educação e capacitação (Capacity Building) como resposta aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU;
- Impacto da utilização massiva de dados na forma de produzir conhecimentos e nos métodos de diferentes campos científicas;
- Considerações sobre os benefícios e possíveis riscos advindos da abertura de dados e da implantação de políticas públicas de gestão de dados, incluindo questões legais e éticas relativas à segurança e à privacidade dos dados pessoais;
- Diagnóstico da situação de abertura e gestão de dados no Brasil até o presente momento;
- Sugestões para a implantação de um modelo de abertura de dados e políticas de gesso de dados para o Brasil.
Matéria original publicada no site do Cepid Brainn.