Criada comissão voltada para inclusão de indígenas na Universidade

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Criada em outubro como parte da Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp, a Caiapi - Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas -, foi constituída para atender melhor às especificidades dos povos indígenas que foram ficando mais claras desde sua chegada.

“Os estudantes chegam de regiões muito distantes do país, desfrutando de menos suporte de amigos, parentes e familiares. Além disso, por pertencerem a diferentes povos, eles têm costumes específicos que precisam ser respeitados a fim de que sejam garantidos seu bem estar e a diversidade nas relações universitárias”, pondera Néri de Barros Almeida, Diretora Executiva de Direitos Humanos (DeDH). 

A mais nova instância da DeDH, fundada a partir de decisão do Conselho Universitário (Consu), é um desdobramento da Cader, Comissão Assessora de Diversidade Étnico Racial, responsável pela política universitária de atenção à comunidade negra e, a princípio, também indígena.

Presidente da Caiapi Alik Wunder: Uma das frentes de trabalho é o acompanhamento acadêmico, a permanência dos estudantes e pensar em formas de inclusão
Presidente da Caiapi Alik Wunder: Uma das frentes de trabalho é o acompanhamento acadêmico, a permanência dos estudantes e pensar em formas de inclusão

“Especialmente durante a pandemia, ficou bastante claro que era importante ter uma comissão para as questões indígenas por conta da quantidade e especificidade das demandas dos nossos estudantes indígenas”, declarou Alik Wunder, professora da Faculdade de Educação da Unicamp e presidente da nova comissão.

A Caiapi tem entre seus objetivos ajudar a universidade na formulação e implementação de políticas que contribuam para a inclusão dos povos indígenas no ambiente acadêmico.

“Uma das nossas frentes de trabalho é o acompanhamento acadêmico, a permanência dos estudantes, pensar em formas de inclusão e como elas podem ocorrer de forma mais efetiva”, detalha Wunder.

Vice-presidida por Artionka Capiberibe, professora da departamento de Antropologia da Unicamp, a comissão é formada por docentes, funcionários técnicos administrativos, estudantes de graduação e de pós-graduação, representantes dos colégios técnicos da Unicamp, membros da sociedade civil organizada e pesquisadores colaboradores. Dentre os convidados externos estão Edson Kaiapó, professor do Instituto Federal de Ilheus (Bahia); Daiara Tukano, mestre em Direitos Humanos e artista visual e Gersem Baniwa, professor da Universidade Federal do Amazonas.

Segundo Wunder, a comissão conta com intensa participação de estudantes indígenas. “O coletivo de acadêmicos indígenas da Unicamp tem feito um trabalho importante”, comenta.

O vestibular indígena da Unicamp foi aprovado pelo 2017 e teve sua primeira edição no ano seguinte. Atualmente, a universidade tem cerca de 150 estudantes indígenas de 33 povos diferentes.

“Temos grande diversidade étnica, linguística, de histórias de escolarização e de contato. Alguns foram alfabetizados na língua própria e aprenderam português mais tarde. Há também aqueles que nunca moraram em aldeias, filhos de indígenas que se mudaram para a cidade”, diz Wunder sobre o perfil observado na Unicamp.

Wunder, que desde 2013 trabalha com projetos de extensão e pesquisa em torno de temas indígenas, diz que a política voltada a esses povos dentro da universidade ainda está em fase inicial e precisa de aprimoramento.

Matéria original publicada no site da Diretoria Executiva de Direitos Humanos.

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estudantes indígenas realizam provas do Vestibular, em 2018

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004