A Kasco Tecnologia, spin-off da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolve, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, solução para melhorar o gerenciamento de fluxos hospitalares, tanto em instituições públicas quanto privadas.
Dentro de um hospital existem gargalos que são muitas vezes comuns a várias unidades de saúde espalhadas pelo Brasil. Um dos problemas relatados tanto por gestores de saúde quanto por pacientes diz respeito ao tempo gasto entre a entrada na unidade até a chegada à mesa do profissional de saúde para a consulta.
Outro problema em busca de solução: muitas pessoas marcam consultas ou exames, mas não comparecem no dia, local e hora marcados, impactando o fluxo do atendimento. Um terceiro obstáculo para que a pessoa seja curada de forma eficiente costuma ser o tratamento em si. Isso sem falar no paciente que é atendido e medicado, mas que não segue as recomendações médicas quando volta para casa.
Para garantir mais eficácia ao atendimento a Kasco está desenvolvendo um sistema de gestão de saúde, área considerada imune a crises.
“Por meio da revisão de processos, fruto de várias avaliações e do uso da tecnologia, nosso sistema vai enfrentar os principais problemas identificados pelos gestores da área de saúde”, afirma Diogo Gará Caetano, diretor de P&D da Kasco.
Segundo ele, melhorar o tempo de espera em filas de atendimento por meio da tecnologia é algo possível. Um dos caminhos é colocar o paciente em uma espécie de fila virtual ainda antes de sair de casa. Se o hospital ou consultório estiver muito cheio, por exemplo, a pessoa pode receber essa informação e se reprogramar para chegar mais tarde ao local. “Podemos otimizar todos os processos para evitar a espera”, diz Caetano.
A estratégia para reduzir a quantidade de faltas a exames ou a consultas pode ainda envolver um robô, explica o representante da Kasco. De acordo com dados analisados para a montagem da plataforma de gestão hospitalar, uma das razões que explicam o chamado absenteísmo por parte dos pacientes é o medo de procedimentos mais invasivos, como, por exemplo, a colonoscopia. “A pessoa muitas vezes falta por receio. O que a inteligência artificial pode fazer, nesse caso, além de lembrar a data, hora e local do procedimento, é informar ao paciente como o exame é feito e tirar todas as dúvidas para que ele se sinta mais seguro”, afirma Caetano.
O mesmo procedimento pode valer na conclusão da consulta. “A saída aqui é digitalizar todas as informações e colocar uma espécie de secretária eletrônica para cuidar do paciente. Ela pode informar onde comprar determinado remédio, quais são os medicamentos genéricos correspondentes àquela receita e até lembrar o paciente do momento certo de tomar o remédio”, afirma Caetano.
O sistema em desenvolvimento, que está 80% pronto para operar – os outros 20% serão desenvolvidos junto com o cliente –, pode funcionar tanto em aplicativos em dispositivos móveis quanto em plataformas web. “O usuário poderá fazer a opção. O aplicativo é, na verdade, uma forma de comunicação. Não precisamos necessariamente dele para a plataforma funcionar”, diz o diretor da Kasco.
Os programas, que já estão em teste em algumas unidades de saúde da cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e devem entrar em breve na rede de hospitais Mário Gatti, em Campinas, também permitem uma avaliação precisa do atendimento que é oferecido. Por meio de microestações radiobase instaladas nos locais de circulação dos pacientes, o sistema permite que as pessoas avaliem, em tempo real, como está sendo o atendimento. “Conseguimos saber, por exemplo, quantos pacientes passaram pelo local em um determinado período de tempo e também qual tem sido a demora em média do atendimento. O sistema consegue captar as respostas das pessoas e gerar relatórios com estatísticas dos serviços”, diz Caetano.
O sistema de gestão e avaliação de saúde desenvolvido pela Kasco, criada há cinco anos, é mais uma das fronteiras que o grupo de cientistas da empresa tenta enfrentar. A companhia também vende soluções de inteligência artificial por meio de imagens, tecnologias de reconhecimento facial e sistemas de inspeção de redes de energia por meio de termovisão, entre várias outras tecnologias.
Matéria original publicada no site Pesquisa para Inovação da Fapesp.