A equipe Tech Footprint, composta por cinco estudantes da Unicamp e um estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é uma das 40 finalistas do desafio da Nasa Space Apps Challenge, competição da Agência Espacial Norte-Americana voltada à inovação e tecnologia. Os alunos desenvolveram um aplicativo voltado para monitoramento, análise e recomendações acerca das pegadas de carbono, medida que diz respeito à quantidade dos gases estufa emitidos na atmosfera e ao aquecimento global. Tendo como público alvo os governos, o trabalho pretende auxiliá-los em ações de redução das consequências ligadas à emissão de carbono.
O projeto da equipe denomina-se Where’s Carbon (Onde está o Carbono) e é um dos três representantes brasileiros na final. Fazem parte do grupo: André Sebastiani Mafei (Engenharia Mecânica/Unicamp); André Paiva Carrara (Engenharia Mecânica/Unicamp); Rafaela Teixeira Salgado (Engenharia de Alimentos/Unicamp); Nalim Ângelo de Souza (Engenharia de Alimentos/Unicamp); Ramonita Aparecida de Oliveira Dias (Engenharia de Alimentos/Unicamp) e João Vicente Meyer (Ciência da Computação/UFSC).
Onde está o carbono?
A aplicação da equipe, desenvolvida em menos de 48 horas por exigência do desafio, tem baixo custo e utiliza os dados fornecidos pela Nasa para identificar a pegada de carbono de uma região, fazer previsões sobre situações futuras e recomendar ações e metas para que os governos revertam uma piora no quadro. “Nós pegamos vários dados, de satélites e dados terrestres, e fazemos uma leitura que transparece muito mais fácil para quem lê. A partir disso, são feitas previsões e recomendações para que esses números não sigam aumentando, já que entendemos que há sérios problemas em números altos de pegada de carbono”, explica Nalim Angelo de Souza.
Tudo isso, como explica João Meyer, foi possível com a criação de um programa que utiliza os dados fornecidos pela Nasa para identificar situações ligadas à emissão de carbono. “Fizemos um servidor que recebe coordenadas e datas e retornava dados daquele momento e daquele lugar. Por exemplo, como está o nível de vegetação, de água do local, nível de CO2, entre outros dados”.
André Mafei, estudante que também integra o grupo, indica que a equipe preocupou-se em apresentar os dados de forma inteligente. “Pensamos em um programa de custo baixo e impacto grande lendo esses dados, mostrando eles de maneira inteligente, tentando fazer algum tipo de previsão e ajudando governos a tomar um tipo de atitude. Primeiro a gente monitora, depois faz uma análise olhado para o futuro e depois a gente busca orientar o nosso usuário, que é o governo, a tomar atitudes para não chegar num futuro negativo”, elucida.
Previsões e ações possíveis
A equipe fez algumas simulações para a competição e dá o exemplo da cidade de San Diego, nos Estados Unidos, para mostrar como a aplicação funciona. Com o processamento de imagem, são identificadas as áreas de oceano (33%), de vegetação (20%) e de emissão (8%). “Assim a gente consegue entender o que está absorvendo e o que está emitindo carbono e passar para a etapa de previsão. A amplitude térmica vai aumentar em média 2 graus em média com relação a 2020, a emissão, em partes por milhão [ppm] vai crescer 9% e a área verde reduzir em 8%”, pontua André.
A partir das previsões, são elencadas as ações possíveis, classificadas em cinco eixos: agricultura; resíduos sólidos; energia; água e transporte. Dentre as ações recomendadas para os governos, Rafaela Teixeira Salgado pontua que elas são divididas por segmentos e personalizadas de acordo com a situação de cada região. “Dividimos as ações por setores: aumentar fontes de absorção de carbono; ações para mitigar o impacto industrial, vários ações divididas por segmentos, palpáveis e direcionadas para cada localidade analisada”, diz.
Nasa Space App Challenge
O desafio Nasa Space Apps Challenge existe desde 2012 e envolve a criação de aplicações de impacto para a sociedade em menos de 48 horas. A Nasa aponta 22 desafios e as equipes devem escolher um para basear seus projetos. Para isso, ela fornece uma grande quantidade de dados, de satélites e de missões, que ficam à disposição das equipes para a utilização no desenvolvimento do app. Na primeira fase do desafio, cerca de 2.300 projetos foram selecionados. Agora, são 40 disputando a final.
Além da Tech Footprint, outras duas equipes com alunos da Unicamp receberam a nominação global: One Choice One Future e EcoKnowlegde. Em cada cidade onde há inscritos, voluntários e organizadores auxiliam na condução do desafio. O ex-aluno da Unicamp e CEO da startup Voix, Marco Linhares, participou da organização pela cidade de Limeira. “Nós criamos uma comunidade chamada Space Apps Brasil e várias cidades se uniram para ajudar a organizar juntos. Isso facilitou muito. Como organizador de Limeira, realizei formas de ajudar os times para que chegassem com mais força na final”, afirma. A seleção de mentores para auxiliar as equipes, por exemplo, foi uma etapa que ele avalia como importante para isso.
Marco, que teve a experiência de passar por um período na Nasa através de um programa da Singularity, avalia que esses desafios são importantes para a formação complementar dos estudantes. “Desde a graduação eu comecei a participar de muitos eventos, como hackathons, palestras e seminários e isso ajuda muito. Fui um dos fundadores da Liga Empreendedora e também fui finalista do Desafio Unicamp e isso ajuda muito”. Auxiliar para que outros estudantes tenham essa experiência, para ele, é uma motivação para se engajar em eventos como o Space Apps Challenge. “A Unicamp me acolheu e tenho um sentimento de gratidão. O que posso devolver em ações, eu devolvo”, diz.